Certificado Lei geral de proteção de dados

Certificado Lei geral de proteção de dados
Certificado Lei geral de proteção de dados

quinta-feira, novembro 03, 2022

Militares não agem para impedir bloqueio do QG do Exército; veja imagens




Manifestante pede "1964 de novo" (referência ao ano do golpe militar no Brasil), no ato realizado no QG do Exército nesta quarta-feira (2), dia de Finados — Foto: Gabriela Oliva/O Tempo

Manifestantes fazem discursos e exibem faixas pedindo fechamento do STF e intervenção militar. Eles fecharam parte da principal avenida com caminhões

Por Gabriela Oliva e Renato Alves 

Militares do Exército circulam em meio a manifestantes que pedem intervenção das Forças Armadas, no QG do Exército

Militares não estão agindo para impedir o cerco ao Quartel General (QG) do Exército, em Brasília. Os manifestantes começaram a chegar ao Setor Militar Urbano (SMU), bairro do Plano Piloto onde ficam as principais instalações da corporação na capital federal, ainda na noite de terça-feira (1º), para participar de ato que pede intervenção federal, por meio das Forças Armadas, marcado para começar às 9h desta quarta-feira (2). Ao longo da manhã, apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL) têm ocupado os gramados, as calçadas e a via principal, em frente aos prédios onde ficam os órgãos administrativos e operacionais da instituição.

Apesar do movimento ilegal, militares uniformizados, a maioria da Polícia do Exército, estão transitando normalmente no ato e não reagindo aos discursos contra o Poder Judiciário, em especial a Justiça eleitoral. Muitas faixas pedem intervenção de militares, saída e até prisão de ministros do Supremo Tribunal Federal (TSE) e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Algumas são exibidas em carretas e caminhonetes, paradas irregularmente ao longo da Avenida do Exército. 

Há inclusive um caminhão de som. Em determinado momento, o locutor anunciou que o general Augusto Heleno, que é general da reserva do Exército e ministro-chefe de Segurança Institucional do governo Bolsonaro, havia mandado mensagem de apoio aos manifestantes. Com camisetas nas cores verde e amarela, em sua maioria, eles também questionam o resultado das urnas, que ratificou Luiz Inácio Lula da Silva (PT), como o presidente eleito no segundo turno das eleições, no domingo (30). 

Como apurou a reportagem de O TEMPO, por meio de acesso às redes bolsonaristas no Telegram e no Instagram, essa manifestação é uma “última cartada” dos eleitores de Bolsonaro, que acreditam em um apoio das Forças Armadas para anular as eleições presidenciais e manter o atual chefe do Executivo no Palácio do Planalto. Caso não surta o efeito esperado, os bloqueios nas estradas, que começaram na noite de domingo, logo após o TSE confirmar a vitória de Lula, devem ser intensificados.

Bolsonaristas viram pronunciamento de Bolsonaro como incentivo

Bolsonaro falou sobre o resultado das eleições pela primeira vez apenas no fim da tarde de terça, quase 40 horas após a consagração de Lula pelas urnas. Bolsonaro agradeceu os mais de 58 milhões de votos que recebeu, mas não parabenizou o adversário. Também não pediu explicitamente a desmobilização de bloqueios de rodovias. Ao contrário. Disse que as manifestações são “pacíficas”.

O chefe do Planalto justificou que o movimento ao afirmar que é “fruto de indignação e sentimento de injustiça de como se deu o processo eleitoral”, respaldando o movimento. Em seguida, disse, porém, que os métodos de seus apoiadores “não podem ser os da esquerda” e nem incluir o cerceamento do direito de ir e vir. Nos grupos bolsonaristas nas redes sociais, o discurso soou como aval para uma resistência. 

No caso dos apoiadores do chefe do Executivo que moram no Distrito Federal, eles sentiram-se insuflados e divulgaram um ato na Praça dos Cristais, localizada em frente ao QG do Exército. No Telegram, os bolsonaristas elogiaram o tom da fala do chefe do Executivo e convidaram os membros do canal para o ato, deixando claro que vão pedir intervenção das Forças Armadas.

“Amanhã (quarta) só temos até meio dia para pedir intervenção federal. Partiu QG de Brasília”, disse um apoiador. Outro publicou: “Nosso presidente é top. Não reconheceu as eleições. Vamos liberar as rodovias e nos concentrar nos unir nos quartéis generais para pedir a intervenção federal”.

Desde então, bolsonaristas de todo o país têm convocado militantes para atos em frente a quartéis do Exército com o mesmo intuito, enquanto continuam os bloqueios em rodovias, mesmo após o STF mandar as polícias militares agirem, diante da inércia da Polícia Rodoviária Federal (PRF), que tem o diretor sob suspeita de conivência com o movimento.

Pedido de intervenção é ilegal e pode render processo criminal 

A declaração de manifestantes que fecham rodovias pelo país sobre a existência de uma fraude nas eleições deste ano não encontra amparo legal. A Justiça Eleitoral, além de entidades nacionais e internacionais que participaram da fiscalização do pleito, confirmaram a lisura do processo. 

Da mesma forma, a possibilidade de uma “intervenção militar” com base no artigo 142 da Constituição, pedida por grupos de manifestantes, não tem respaldo na lei brasileira e pode resultar em processo judicial para quem fizer esse pedido.

O que é e como funciona o Setor Militar Urbano

O SMU abriga a maior parte dos quartéis do Exército Brasileiro em Brasília. Em destaque, os edifícios-sede do Quartel General, do Comando Militar do Planalto (CMP), da 11° Região Militar, da Organizações Militares Operacionais e da Prefeitura Militar de Brasília (PMB). 

Também há 685 casas, onde moram militares e familiares – cerca de 2,5 mil pessoas. Entre as moradias e os quartéis há praças com nomes de personalidades nacionais, como Tom Jobim, Cora Coralina e Ayrton Senna, além de fontes, parques infantis e clubes esportivos.

Ainda há o Hospital Militar de Área de Brasília (HMAB), que atende os militares e seus dependentes que residem no Distrito Federal, duas escolas, uma creche e dois hotéis de trânsito.

O Tempo

Em destaque

Justiça suspende decreto que restringe cidadania por nascimento nos EUA

Publicado em 23 de janeiro de 2025 por Tribuna da Internet Facebook Twitter WhatsApp Email Juiz disse que nunca tive visto um decreto tão il...

Mais visitadas