O Brasil está inserido em um grande projeto global do Grupo Volkswagen para o desenvolvimento de carros híbridos de menor custo, os chamados modelos de entrada, os mais baratos de cada marca, antes chamados de “populares”.
A ideia é adaptar a plataforma (base) usada por Polo e T-Cross para produzir modelos híbridos que utilizam dois motores, um elétrico e outro a combustão abastecido com gasolina (na Europa) e com etanol (no Brasil e na Índia).
O grupo alemão designou o projeto para sua marca Skoda, que desenvolverá carros de entrada com a marca Volkswagen para países da Europa, da América Latina e para a Índia.
“Precisamos ter escala para produzir carros de entrada pois, com as novas tecnologias, eles estão cada vez mais caros”, diz o presidente executivo da Volkswagen América do Sul, Alexander Seitz. “Se fizermos uma plataforma só para o Brasil não vai funcionar”.
O alemão Seitz assumiu o posto em 1.º de outubro, em substituição ao argentino Pablo Di Si, que agora comanda o grupo nos EUA. Em sua gestão, ele obteve aval da matriz alemã para promover o uso do etanol como combustível ponte para o processo de descarbonização até que o Brasil tenha condição de ampliar sua frota de carros elétricos, o que deve demorar em relação a outros países desenvolvidos por causa dos altos custos.
Frota
O Brasil tem hoje frota de 104,3 mil carros híbridos e 11,6 mil elétricos. Neste ano, foram vendidos até outubro 31,8 mil híbridos e 6,8 mil elétricos.
Seitz participou nesta semana da inauguração de uma unidade de pesquisa e desenvolvimento instalada dentro da fábrica de São Bernardo do Campo, no ABC paulista.
Chamada de “Way to zero”, em referência à estratégia global do grupo de neutralização de carbono até 2050, o laboratório vai desenvolver projetos e tecnologias que contribuam para a descarbonização na América do Sul e que poderão ser exportadas para outros mercados. O Brasil é o maior mercado da Volkswagen na região e abriga quatro fábricas.
Seitz não deu detalhes sobre o projeto dos modelos de entrada híbridos, que poderão ser feitos também no Brasil, mas disse que é um produto para “o futuro próximo”. Segundo ele, será preciso focar em custos, produção local de componentes e competitividade dos fornecedores.
Duas montadoras já produzem automóveis híbridos no País, a Toyota e a Caoa Chery, mas de faixa de preço mais alta, como o Corolla e o Tiggo. Carros híbridos importados também são de categorias mais premium. A intenção da Volks é levar a tecnologia para versões mais baratas. O grupo também está desenvolvendo carros elétricos de entrada que serão lançados na Europa em 2025.
Eficiência energética
A unidade inaugurada nesta quarta, 23, pode ajudar no projeto, e já tem parcerias com dez universidades, como Unicamp, USP e UFABC, e com sete empresas, entre as quais Raízen, Shell e Bosch, informa Ciro Possobom, diretor de operações (COO) da Volkswagen do Brasil.
Segundo ele, o objetivo das parcerias é a pesquisa de tecnologias que possam aumentar a eficiência energética e incentivar o uso de fontes de energia de baixo carbono, como o etanol. Também há projetos para uso de peças de maior reciclabilidade na produção de veículos.
A Volkswagen tem também parcerias com universidades para outros projetos, como o do uso do etanol em carros a célula de combustível.
Estadão / Dinheiro Rural