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quarta-feira, março 30, 2022

Se não fosse para mudar a política de preços, por que demitir o general Silva e Luna ?

Publicado em 30 de março de 2022 por Tribuna da Internet

Saída em meio a alta generalizada nos preços dos combustíveis

Pedro do Coutto

É claro que a decisão do presidente Jair Bolsonaro de demitir o general Silva e Luna da Presidência da Petrobras e substituí-lo pelo economista Adriano Pires tem como objetivo a alteração da política de preços da empresa que tem causado aumentos acentuados na gasolina, no diesel e no gás de cozinha.

É uma constatação clara o caráter político e eleitoral da medida. Aliás, como acontece em praticamente todos os governos, uma vez que a Petrobras, maior empresa do país, efetivamente é um ponto bastante sensível, no caso dos preços altos e da insatisfação popular.

ALTERAÇÃO – Como estamos a seis meses das urnas de outubro, é evidente que a política de reajuste do petróleo, a base do dólar e do mercado internacional será alterada pela absorção dos custos por parte da própria estatal ou do governo. Na administração Silva e Luna os custos foram lançados para a população brasileira, com reflexos nos setores de alimentação e de transporte público. Tal política é anti-voto.

Não quero com isso dizer se a política colocada em prática pela Petrobras até agora estava certa ou errada. Ou nem uma coisa e nem outra colidia com o panorama político do país. Na realidade, todas as ações do governo são políticas.

INSATISFAÇÃO – Podem não ser partidárias ou eleitorais, mas alguma opção tem que ser feita entre os preços que a população pode pagar e a sua insatisfação diante de um processo evolutivo de impossibilidade. A substituição da Presidência da Petrobras é mais um exemplo.

O assunto foi tratado com grande destaque, como é natural, pela Folha de S. Paulo e pelo O Globo nas edições de ontem. Na Folha a reportagem é de Julia Chaib, Julio Witzak e Ricardo Della Coletta. No O Globo, é de Manuel Ventura. Adriano Pires disse ao O Globo não identificar risco de intervenção nos preços, porém, digo, se não fosse para intervir nos preços, ele não seria o novo presidente da estatal.

Inclusive, Alexa Salomão, na Folha de S. Paulo, numa excelente matéria , analisou bem o resultado de uma pesquisa do Datafolha concluída anteontem, revelando que para 68% da opinião pública, os preços dos combustíveis são de responsabilidade do governo.

INTEGRAÇÃO –  Para mim, a resposta está absolutamente certa. Afinal de contas, a Petrobras é uma empresa do governo. Se ela fosse totalmente independente, por quais motivos se integraria na esfera do Ministério de Minas e Energia ?

Por falar em Minas e Energia, o ministro Bento Albuquerque, não opinou em momento algum sobre a substituição de Silva e Luna. Primeiro, calou-se no final da semana passada. Agora, permaneceu em silêncio. Logo, a decisão de mudar o comando da estatal é totalmente do presidente da República e do Palácio do Planalto.

LUTA PELO PODER – O governo é político em sua essência, qualquer que ele seja. O exemplo do agora ex-ministro Milton Ribeiro faz parte de uma série que começou na antiguidade mais remota. A luta pelo poder inclui interesses eleitorais, econômicos e de grupos. Como está acontecendo agora que o presidente Bolsonaro decidiu afastar Luna e Ribeiro pela repercussão na imprensa.

Bolsonaro agiu sob pressão em ambos os casos, Petrobras e Educação, de parte da imprensa e de seus reflexos na opinião pública. Da mesma forma, ocorreu com o recurso do PL contra Pabllo Vittar no Lollapalooza, o que causou um incrível despacho do ministro Raul Araújo.

MULHERES NAS URNAS – Em artigo publicado na edição de ontem, da Folha de S. Paulo, a economista Cecilia Machado, professora da FGV, sustenta a tese – a meu ver procedente – de que são as eleitoras que vão decidir as eleições presidenciais deste ano.

Ela se baseia em recentes pesquisas sobre o voto por sexo realizados pelo BTG Pactual, pelos institutos Modal Mais, Paraná, Poder Data, Genial e Ipespe que constataram uma solidez maior no voto das mulheres em relação a Lula da Silva e Jair Bolsonaro, mais concreta do que as registradas nas tendências do voto dos homens.

Um tema bastante interessante é este que a meu ver acentua uma divisão inédita desde 1955 quando comecei a escrever sobre eleições no Correio da Manhã até os dias de hoje. O assunto merece até um aprofundamento. Talvez escreva sobre ele novamente. Um outro aspecto também é que as mulheres são a maioria no eleitorado. Na mesma proporção de sua presença na população.  As mulheres pesam 52%, os homens 48%. Na minha opinião, é muito bom que seja assim.

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