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segunda-feira, outubro 04, 2021

4 Dinheiro oculto, imóveis luxuosos e um mistério em Monte Carlo vinculado a Putin




El presidente ruso, Vladímir Putin, en un acto en Suiza en junio de 2021.

Documentos do ‘Pandora Papers’ apontam para uma mulher que supostamente manteve uma relação secreta durante anos com o presidente russo e a propriedade de um luxuoso apartamento em Mônaco

Por Paul Sonne Greg Miller

Mônaco - O apartamento está suspenso sobre as águas azuis do Mediterrâneo, sob o lendário cassino Monte Carlo dos filmes de James Bond. No porto abaixo, membros da realeza, magnatas e oligarcas passam flutuando em iates do tamanho de um iceberg.

Não existem muitos indícios na origem humilde de Svetlana Krivonogikh que indiquem que ela tinha recursos para comprar uma propriedade com vista para esse playground da elite mundial. Segundo foi relatado, a mulher russa cresceu em um apartamento comunitário abarrotado em São Petersburgo e um dos empregos que tinha era como faxineira de uma loja do bairro.

Mas registros financeiros desconhecidos e documentos fiscais locais mostram que Krivonogikh, de 46 anos, se tornou dona do apartamento em Mônaco por meio de uma empresa offshore criada poucas semanas depois de ter dado à luz a uma menina. A menina nasceu em um momento em que, segundo informou a imprensa russa no ano passado, mantinha um relacionamento secreto de muitos anos com o presidente russo Vladimir Putin.

O apartamento de luxo de Krivonogikh no complexo Monte Carlo Star foi revelado pelos documentos vazados para o Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos (ICIJ) e compartilhados com o Washington Post. Esses documentos, que fazem parte dos Pandora Papers, mostram que a mulher tinha uma empresa de fachada nas Ilhas Virgens Britânicas e usou os serviços financeiros de uma empresa de Mônaco que trabalhava para um dos amigos bilionários de Putin.

Nos arquivos não aparece de onde obteve o dinheiro para pagar um apartamento que custou 4,1 milhões de dólares (cerca de 22 milhões de reais) em 2003 e que hoje provavelmente vale muito mais. Mas a transação coincidiu com um período em que Krivonogikh supostamente tinha uma relação com Putin e acumulava uma assombrosa carteira de ativos na Rússia, segundo o Proekt, um veículo investigativo russo que expôs sua suposta ligação com o líder do Kremlin e que desde então foi proibido na Rússia.

Um porta-voz do Kremlin negou a história quando foi publicada no ano passado. Mas os detalhes que surgiram agora sobre esse apartamento reforçam a principal afirmação dessa investigação: que depois que Krivonogikh iniciou seu suposto relacionamento com Putin, acumulou ativos vinculados frequentemente com parceiros próximos do mandatário de uma forma ou de outra.

Antes da reportagem do Proekt, os laços de Krivonogikh com o círculo íntimo de Putin tinham vindo à tona, mas não tinham chamado atenção do público. O Bank Rossiya revelou em 2010 que a mulher era uma de suas maiores acionistas, por meio de sua empresa OOO Relax. O banco com sede em São Petersburgo seria submetido mais tarde a sanções por parte do Tesouro dos Estados Unidos, que o rotulou como o “banco pessoal para altos funcionários da Federação Russa”.

Krivonogikh não falou sobre sua suposta relação com Putin ou sua notável acumulação de riqueza.

Mas sua filha, que completou 18 anos neste ano e é conhecida pelo nome de Luiza Rozova, alimentou especulações sobre a identidade do pai em entrevistas, captando atenção para construir um crescente número de seguidores on-line. Nas imagens, Rozova tem uma semelhança surpreendente com o presidente russo e ela inclusive reconheceu isso, embora se recuse a confirmar ou desmentir que Putin é seu pai.

Não há registros do pai de Rozova nos documentos oficiais russos obtidos pelo Proekt e revisados pelo Washington Post. Mas figura um segundo nome, “Vladimirovna”, um patronímico que significa “filha de Vladimir”. Em sua conta no Instagram, que tem mais de 83.000 seguidores, ela se chama “rozova luiza v”.

Krivonogikh não respondeu aos pedidos de comentários sobre seus negócios em São Petersburgo com o Bank Rossiya, sua filha e a empresa de serviços financeiros de Mônaco. Os esforços para entrar em contato com Krivonogikh em três endereços residenciais ligados a ela não tiveram êxito. Um porta-voz do Kremlin não respondeu a um pedido de comentários feito pelo ICIJ em nome do Washington Post e outros veículos de comunicação associados no projeto Pandora Papers.

As pistas que conectam Krivonogikh à propriedade de Mônaco aparecem no novo vazamento em massa de documentos financeiros, que inclui planilhas, memorandos, faturas e e-mails obtidos de escritórios de advocacia, escritórios de contabilidade e administradores de fundos fiduciários que operam em algumas das jurisdições financeiras mais permissivas do mundo.

Os registros lançam luz sobre as manobras financeiras ocultas de líderes mundiais, investidores bilionários, celebridades, atletas e outros clientes de elite. O conjunto o fornece uma visão particularmente ampla de quantos aliados mais leais a Putin se enriqueceram de forma exorbitante e mantiveram ativos no exterior, inclusive quando o presidente russo menosprezou o Ocidente e pediu às elites russas que mantivessem seu capital em casa.

Os arquivos mostram, por exemplo, que o executivo de mídia Konstantin Ernst obteve uma participação em um lucrativo negócio imobiliário depois de receber elogios do líder russo por ajudar a organizar os Jogos Olímpicos de Inverno de 2014 em Sochi. O projeto envolveu a conversão de complexos de cinemas da era soviética, que ainda são propriedade do Estado, em empreendimentos de apartamentos e lojas particulares. A participação de Ernst não foi divulgada publicamente, mas aparece nos documentos do Pandora relacionados ao projeto.

Em comunicado escrito, Ernst confirmou sua participação no projeto imobiliário, mas negou que se tratasse de uma “compensação pelos Jogos Olímpicos de 2014″. Ele não respondeu a outras perguntas enviadas pelo ICIJ e outros veículos de comunicação associados, mas disse: “Não pratiquei nenhuma ação ilegal”.

Outros documentos mostram que Herman Gref, o presidente do banco estatal russo, tinha mais de 50 milhões de dólares em dinheiro e empréstimos a receber no exterior para sua família por meio de contas em Samoa, Panamá e Singapura, apesar de ser a face pública mais proeminente do sistema bancário.

As autoridades de Singapura apontaram transações envolvendo Gref e dois de seus colegas russos, de acordo com um relatório de auditoria da autoridade monetária de Singapura incluído nos Pandora Papers, e posteriormente multaram a empresa financeira que administra os ativos de Gref em 1,1 milhão de dólares por não cumprir as regras antilavagem de dinheiro. Uma porta-voz da autoridade monetária de Singapura disse que a empresa pagou a multa e tomou medidas para corrigir essas falhas.

Gref recusou-se a fazer comentários por meio de uma porta-voz do Sberbank.

Cinco anos depois das revelações dos Panama Papers, os novos documentos mostram que, em vez de deixar de usar contas offshore, os russos ricos e os administradores do seu dinheiro procuraram ocultar melhor seus ativos. Em um trecho, um advogado que representou dois dos amigos mais antigos de Putin advertiu uma empresa panamenha para que não repetisse os erros que levaram ao vazamento dos Panama Papers.

“Vocês são obrigados a manter sigilo para os nossos clientes”, escreveu o advogado em uma mensagem em 2016, “e não fazer com que seja possível de forma alguma uma segunda história dos Panama Papers”.

O rastro dos documentos

Aqueles que organizaram a compra em Monte Carlo para Krivonogikh tomaram medidas para impedir que seu nome e sua condição de proprietária aparecessem nos registros públicos.

Em 2 de abril de 2003, quase exatamente um mês depois do nascimento da filha de Krivonogikh, uma empresa opaca chamada Brockville Development Ltd. foi constituída nas Ilhas Virgens Britânicas, de acordo com os documentos dos Pandora Papers. Meses depois, segundo os registros de propriedade de Mônaco, essa empresa de fachada comprou o apartamento no principado por 3,6 milhões de euros (cerca de seis milhões de dólares na atualidade com os reajustes pela inflação).

O edifício onde fica o apartamento é “muito procurado pelos mais ricos do mundo”, diz o material promocional on-line de uma imobiliária de Mônaco. Os apartamentos “luminosos e arejados” do complexo possuem “varandas espaçosas, ideais para jantar ao ar livre ou para ver alguns dos superiates mais luxuosos do mundo entrando e saindo do mundialmente famoso Porto Hércules”, descreve a empresa.

Os Pandora Papers não mostram exatamente quando Krivonogikh se tornou a “beneficiária real” da Brockville, um termo que se refere à pessoa que em última instância controla ou se beneficia de uma empresa offshore, para além de outros nomes que apareçam nos documentos de registro. O que figura é que ela já era a beneficiária efetiva em 2006.

A Moores Rowland, a firma de serviços financeiros de Mônaco que administrava as transações, usou empresas de fachada que teriam dificultado as coisas para qualquer um que tentasse esclarecer a propriedade de Krivonogikh. A Brockville estava escondida dentro de uma segunda empresa de fachada chamada Sefton Securities, que por sua vez pertencia a Eamonn McGregor, um contador britânico que dirige a Moores Rowland em Mônaco. É aí onde termina o rastro do papel público.

Em 1º de janeiro de 2006, Krivonogikh assinou um acordo que transformava a Sefton em proprietária declarada da Brockville, quando, na verdade, o apartamento era dela, segundo os Pandora Papers. Uma carta de garantia de 2015, parte dos documentos vazados, torna esse acordo explícito, ao declarar que Krivonogikh tinha autorizado uma estrutura em que a Sefton “foi nomeada representante e fiduciária do beneficiário real”.

Os escritórios de Moores Rowland se encontram no coração de Mônaco, a poucos quarteirões do famoso cassino. A firma parece ter transferido o controle da Brockville para outra fachada com sede no Panamá em 2018, mas não há indícios nestes arquivos ou registros públicos de que Krivonogikh tenha renunciado à propriedade.

Quando um repórter do The Washington Post visitou o edifício Monte Carlo Star em meados de agosto, um segurança na entrada do prédio disse que não havia nenhuma Svetlana Krivonogikh na lista de moradores. E quando bateu à porta do apartamento que os registros locais identificam como sendo de propriedade da Brockville, uma mulher que atendeu disse que não havia nenhuma pessoa chamada Svetlana morando ali. Ela não se parecia com as fotos de Krivonogikh.

As autoridades fiscais monegascas confirmaram que a Brockville ainda é dona do apartamento. Se Krivonogikh o mantém alugado, poderia ganhar 25.000 dólares ou mais por mês, segundo anúncios imobiliários recentes.

As leis de Mônaco exigem que firmas financeiras que operam nessa jurisdição submetam a um escrutínio especial os clientes considerados “pessoas politicamente expostas” —ou seja, que ocupam cargos públicos destacados ou têm vínculos estreitos com outras pessoas que se ajustam a essa descrição. Moores Rowland não qualificou Krivonogikh como “politicamente exposta” nos documentos dos Pandora Papers.

Moores Rowland tem vínculos comerciais com outros russos próximos a Putin. Entre eles se encontra Gennady Timchenko, um bilionário trader petroleiro cuja amizade com Putin remonta à década de 1990.

Documentos vazados mostram que Moores Rowland agiu como procurador de Timchenko, ajudando a formar uma empresa que se tornaria parte do seu império petroleiro. Documentos similares mostram também a participação de Moores Rowland na criação de empresas de fachada cujos ativos incluíam iates comprados por Timchenko e sua filha.

O Departamento do Tesouro dos Estados Unidos impôs sanções a Timchenko em 2014, alegando que Putin tinha investimentos em sua empresa de comércio de petróleo. A companhia de Timchenko negou a acusação, mas tem um histórico de envolvimento em transações comerciais com pessoas supostamente próximas a Putin.

Por exemplo, Timchenko vendeu um luxuoso apartamento junto ao rio Neva, em São Petersburgo, à avó da ginasta Alina Kabayeva, que foi apontada como suposta amante de Putin, segundo uma reportagem da TV Rain da Rússia, que cita registros de propriedade russos. Em 2008, Putin negou ter uma relação com Kabayeva.

Procurada através do Grupo Nacional de Mídia da Rússia, onde atua como presidenta, Kabayeva preferiu não fazer comentários.

Timchenko também vendeu uma mansão em Biarritz, na França, e uma grande participação na companhia petroleira e petroquímica russa Sibur a um ex-genro de Putin, segundo a Reuters.

O Carter-Ruck, um escritório de advocacia londrino que representa Timchenko, disse que “sempre agiu de forma totalmente legal ao longo de sua carreira e seus acordos comerciais”.

Em carta ao The Washington Post, um escritório britânico de advocacia que representa Moores Rowland defendeu seu cliente, mas não forneceu nenhum comentário para publicação.

Lista de propriedades

O apartamento em Mônaco é parte de uma assombrosa lista de propriedades acumulada por Krivonogikh logo depois de supostamente iniciar sua relação com Putin.

Ela tem uma participação em um banco russo dirigido por sócios de Putin, segundo os registros públicos e a investigação do Proekt. Possui uma participação majoritária numa estação de esqui onde uma filha de Putin se casou. Tem um iate, uma conta bancária na Suíça que também aparece nos Pandora Papers e apartamentos nos endereços mais cobiçados de São Petersburgo, conforme reportagem do Proekt e registros públicos russos.

Não há indícios de que sua fortuna pessoal provenha de riqueza familiar.

Duas fontes anônimas que disseram conhecer Krivonogikh relataram ao veículo russo que ela havia sido “amiga próxima” de Putin durante anos, forjando com ele uma relação que começou na década de 1990, em São Petersburgo, onde Putin trabalhou como alto funcionário municipal, e continuou nos primeiros anos deste século em Moscou, depois de que o líder russo assumiu a presidência. O Proekt concluiu, analisando registros de passageiros, que Krivonogikh se tornou uma visitante assídua da capital russa quando Putin assumiu o comando do Kremlin.

As perspectivas profissionais de Krivonogikh melhoraram repentinamente, segundo os detalhes expostos na investigação do site jornalístico russo. Já em 2001, ela começou a trabalhar no banco Rossiya. Posteriormente, adquiriu uma participação de aproximadamente 3% do banco, segundo os extratos bancários.

Virou dona de um apartamento na prestigiosa ilha Kamenni, na zona norte de São Petersburgo, e adquiriu uma participação em um centro de artes cênicas na mesma cidade, segundo a investigação do Proekt, que cita registros públicos russos verificados pelo The Washington Post.

Outro acordou lhe concedeu uma participação de 75% em uma estação de esqui ao norte de São Petersburgo, em sociedade com um amigo de Putin que atuou como presidente e acionista majoritário do banco Rossiya, segundo os registros públicos russos.

Os sete teleféricos e as pequenas pistas da estação de Igora não são um atrativo para os esquiadores de elite da Europa. Mas a propriedade se beneficiou de milhões de dólares em investimentos e se expandiu desde sua inauguração, durante o segundo mandato presidencial de Putin, e em 2013 serviu de cenário para a cerimônia de uma das filhas do presidente —ele tem duas, de um casamento encerrado em 2014.

Semelhança com o presidente

Putin mantém sua vida privada e seu patrimônio pessoal sob o sigilo esperado de um ex-agente da KGB. Mesmo suas duas filhas reconhecidas protegem suas identidades do público com pseudônimo.

Mas o muro que ele construiu para proteger sua vida privada sofreu fissuras nos últimos anos, em meio de uma onda de revelações feitas pela internet por ativistas da oposição, jornalistas e detetives digitais. No começo deste ano, por exemplo, o principal adversário político de Putin, Alexei Navalny, revelou numa publicação digital que um palácio de um bilhão de dólares na costa do mar Negro era uma residência secreta para o líder russo, paga com dinheiro da corrupção. Putin nega ser dono do imóvel.

As autoridades russas responderam nos últimos meses com uma dura repressão à oposição política e aos jornalistas. Depois da publicação da denúncia sobre a mansão do mar Negro, Navalni foi condenado a três anos e meio de prisão e sua organização foi fechada pela Justiça. Desde então, a Rússia também proibiu o Proekt alegando motivos de segurança nacional. Seu editor fugiu do país por medo de ser processado penalmente.

O Proekt estimou no ano passado que os ativos de Krivonogikh só na Rússia valiam 7,7 bilhões de rublos (569 milhões de reais). Os Pandora Papers proporcionam a primeira evidência de que suas propriedades se estenderam além das fronteiras russas.

Krivonogikh se negou a fazer declarações sobre o suposto relacionamento com Putin e evita aparições em público e nas redes sociais. Sua filha, entretanto, chamou a atenção para especulações sobre sua ascendência.

Em março, Rozova apareceu numa casa noturna de Moscou para tocar um set-surpresa como DJ, como parte da sua festa de 18 anos. Acumulou dezenas de milhares de seguidores no Instagram, onde as imagens que publica ocultam partes de seu rosto, mas revelam pálpebras grossas que se assemelham às do líder russo.

Seu perfil on-line mostra que está familiarizada com a cena da Riviera Francesa, que cerca Mônaco. Durante uma aparição em vídeo numa rede social em fevereiro, Rozova contou que visita a cidade francesa de Menton todos os anos para assistir ao Lemon Festival, um evento que acontece a menos de 20 minutos do apartamento de Monte Carlo. Rozova não respondeu aos pedidos para fazer comentários.

Em uma entrevista de fevereiro à edição russa da GQ, a jovem não quis explicar por que deixou de usar o sobrenome Krivonogikh, da sua mãe. Tampouco se referiu diretamente à identidade de seu pai. Entretanto, estava disposta a reconhecer que tem uma semelhança com Putin.

“Escute, em comparação com fotografias dele quando jovem, provavelmente, sim, me pareço com ele”, disse. “Mas acontece que tem muita gente que se parece com Vladimir Vladimirovitch.”

Em uma entrevista de agosto ao site Srsly.ru, também se negou a falar sobre a identidade de seu pai, alegando que a intriga já se espalhou e que seria “chato saber a verdade”. Também se negou a dizer se alguma vez conheceu Putin.

O entrevistador lhe perguntou o que lhe diria ao presidente russo se o tivesse à sua frente.

“Provavelmente lhe faria uma pergunta”, respondeu Rozova.

“Qual?”, quis saber o entrevistador.

“Por quê?”

El País

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