Gerson Camarotti
G1
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O ex-ministro Raul Jungmann, que comandou as pastas da Segurança Pública e da Defesa, afirma que a influência cada vez maior de milícias e facções criminosas na política representa um risco à democracia.
Ao programa GloboNews Política, que vai ao ar às 21h30, Jungmann adverte que as milícias já financiam o que ele classificou de “bancadas do crime”. Em ano de eleições municipais, Jungmann ressaltou ainda que essa já é uma realidade no Rio de Janeiro, mas que começa a se espalhar pelo país.
RECURSOS E VOTOS – “Por que se dá isso? De um lado, as milícias têm recursos e votos para colocar à disposição do sistema político, dos políticos. E os políticos, que é o caso específico no Rio de Janeiro – mas também em outros estados – dão cobertura, blindam essas milícias para que elas continuem atuando”, disse Jungmann.
“No limite, as milícias representam um risco à democracia ao entrar na política. E, também, pelo fato de elegerem bancadas do crime. Para representar a população? Não. Mas, sim, para exercer a sua vontade, a sua preocupação que é exatamente de expandir seus lucros criminosos e defender as suas bases criminosas.”
MODUS OPERANDI – Jungmann ressalta ainda o modus operandi das milícias para controlar os votos. “Vamos ao coração das trevas: a milícias controla o território. Controlando o território ela controla o voto. Isso quer dizer que ela pode eleger aliados dela, ou então, vai eleger os seus representantes”, diz.
“Forma-se, então, uma bancada do crime dentro de um Legislativo, seja municipal, seja estadual ou mesmo com representantes no Congresso Nacional.”
RISCOS – O ex-ministro da Segurança Pública ainda apontou riscos para essa relação entre políticos e milícias. “Se a milícia dá votos para alguns políticos e recursos, os políticos dão cobertura para as atividades. A partir daí, a milícia e seus representantes vão se espalhando pelos outros órgãos. Porque a milícia e a bancada do crime não vão indicar apenas para Segurança Pública. Vão indicar para o Executivo, para o Judiciário, para o Ministério Público e assim por diante.”
Jungmann alerta ainda que os poderes não estão se articulando para enfrentar esse sistema paralelo das milícias. “Então, isso cria uma situação em que você fortalece um sistema paralelo dentro do próprio Estado. E isso representa uma ameaça para a democracia que tem que ser enfrentada. Mas para isso é preciso articulação [de] Judiciário, Ministério Público, governo federal, governo estadual e município. O que infelizmente, não tem acontecido até aqui.”
EXPANSÃO PELO PAÍS – O ex-ministro ainda faz uma advertência aos eleitores. “Nós temos que saber em quem estamos votando. E eu diria que esses são os fatores fundamentais para enfrentar essa metástase que hoje nós estamos vivendo – que é a expansão das milícias em todo o país”, concluiu.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Durante anos o poder público se omitiu diante do crescimento desenfreado das milícias e das facções criminosas, sobretudo no Rio de Janeiro. As comunidades acuadas, sem defesa e atenção dos órgãos competentes, ficam subjugadas ao comando paralelo. Além disso, a forte ligação de policiais com os grupos, entre outros servidores, torna o desmembramento ainda mais difícil. E o governo, por enquanto, assiste pasmo e em seu gerúndio habitual, repete “vamos estar tomando as providências”. Conversa decorada como em um call center. (Marcelo Copelli)
NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Durante anos o poder público se omitiu diante do crescimento desenfreado das milícias e das facções criminosas, sobretudo no Rio de Janeiro. As comunidades acuadas, sem defesa e atenção dos órgãos competentes, ficam subjugadas ao comando paralelo. Além disso, a forte ligação de policiais com os grupos, entre outros servidores, torna o desmembramento ainda mais difícil. E o governo, por enquanto, assiste pasmo e em seu gerúndio habitual, repete “vamos estar tomando as providências”. Conversa decorada como em um call center. (Marcelo Copelli)