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sexta-feira, fevereiro 28, 2020

Câmara vai preparar resposta ao vídeo de Bolsonaro, mas o Senado se omite


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Charge do Clayton (Charge Online)
Deu no Correio Braziliense
O Congresso segue em recesso de carnaval e só volta aos trabalhos na próxima semana, mas deputados começaram a se mobilizar para dar uma resposta à iniciativa do presidente Jair Bolsonaro de compartilhar vídeo que convoca manifestação, em 15 de março, de apoio ao governo e contra o parlamento e o Supremo Tribunal Federal (STF).
Uma reunião está marcada para a próxima terça-feira, entre o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e líderes partidários, com o objetivo de definir uma ação conjunta e enérgica. Embora muitos vejam crime de responsabilidade na atitude do chefe do Executivo, lideranças de partidos, mesmo as de oposição, não mencionam a possibilidade de impeachment.
ESTRATÉGIA COMUM – Evitar falar em impeachment é a estratégia de deputados para obter um consenso maior e definir uma resposta unificada. “Sair anunciando medidas ou adotando caminhos pode provocar a desunião da Casa e demonstrar uma falta de unidade do Congresso, o que seria péssimo”, argumentou Alessandro Molon (PSB-RJ), líder da oposição na Câmara. O parlamentar classifica como “extremamente grave” e “um ataque à democracia” a ação do presidente.
Líder da minoria na Câmara, Jandira Feghali (PCdoB-RJ) disse que não é possível antecipar medidas a serem tomadas na reunião de terça-feira. A deputada afirmou que o problema “não é da oposição, mas sim da democracia”, e também defendeu uma reação conjunta.
MAIA, PELO TWITTER – O presidente da Casa, Rodrigo Maia, está em viagem internacional, mas se posicionou por meio de sua conta no Twitter: “Só a democracia é capaz de absorver sem violência as diferenças da sociedade e unir a nação pelo diálogo. Acima de tudo e de todos está o respeito às instituições democráticas”, escreveu, mudando o bordão usado pelo presidente Jair Bolsonaro, que é “Brasil acima de tudo, Deus acima de todos”.
O deputado federal Léo Moraes (RO), líder do Podemos, disse que fará uma reunião do partido na Câmara, também na terça-feira, para debater o assunto e decidir qual atitude será tomada em conjunto. “Qualquer tentativa de autoritarismo, de interesse em ditadura, é extremamente preocupante. E nós vamos sempre lutar para que as instituições sejam mantidas na democracia”, argumentou.
ALCOLUMBRE CAUTELOSO – No Senado, o presidente da Casa, Davi Alcolumbre (DEM-AP), evitou entrar na discussão. Ele foi cobrado pelo senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), líder da oposição, a tomar uma atitude. “A democracia exige defesa e retaliação ao ocorrido”, postou.
O senador Rogério Carvalho (SE) também se manifestou via Twitter. “Os líderes das instituições democráticas precisam se posicionar de forma clara às inferências, se comprovadas, do presidente da República contra o Congresso. Como líder do PT no Senado, estamos alinhados a todas as forças contra este crime de responsabilidade. #ImpeachmentBolsonaro”, postou.
O líder do governo no Congresso, senador Eduardo Gomes (MDB-TO), ressaltou que é preciso levar em consideração a explicação do presidente. “Não estou dizendo que não desgasta (a relação do Executivo com o parlamento), mas, quando ele declarou que divulgou o vídeo a um grupo restrito de seguidores, e fez a observação sobre não tumultuar a República, a gente deve retomar a fala dele na semana passada, quando exaltou a necessidade de respeito, interdependência e fortalecimento dos poderes democráticos”, rebateu.
RUSGAS COM O CONGRESSO – Na semana passada, o ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Augusto Heleno, deixou em evidência as rusgas com o Congresso. O militar disse que o parlamento “chantageia” o governo. A crítica se referia à insatisfação com um acordo entre parlamentares e o general Luiz Eduardo Ramos, ministro da Secretaria de Governo, sobre o controle da execução de emendas ao Orçamento.
Nesta quarta-feira (26/2), Heleno usou as redes sociais para tentar se afastar de vinculação a manifestações. “Atenção, estão usando meu nome, indevidamente e sem meu conhecimento, para pedir apoio financeiro a empresários e amigos, em prol de propaganda e/ou de manifestações políticas. Alerto a todos que jamais faria isso ou autorizaria tal procedimento”, destacou.
DISSE MOURÃO – A mesma reclamação foi feita pelo vice-presidente Hamilton Mourão: “Não autorizei o uso de minha imagem por ninguém, mas protestos fazem parte da democracia, que não precisa de pescadores de águas turvas para defendê-la”, escreveu no Twitter.
“O presidente Jair Bolsonaro não atacou as instituições, que estão funcionando normalmente”, defendeu.
Bolsonaro voltou, nesta quarta-feira (26/2), a Brasília, após passar o carnaval no Guarujá (SP), mas não falou com a imprensa.

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