Promotoria de Ibiporã apontou ter havido importunação ofensiva ao pudor, ato obsceno, corrupção ativa e embriaguez ao volante. Defesa confirma embriaguez, mas nega os outros crimes
De acordo com a assessoria de imprensa do Ministério Público (MP), o sacerdote teria cometido os crimes de importunação ofensiva ao pudor (artigo 61 da Lei de Contravenções Penais), ato obsceno e corrupção ativa (artigos 233 e 333 do Código Penal) e embriaguez ao volante (artigo 306 do Código Brasileiro de Trânsito). A promotora que cuida do caso não quis dar entrevistas. A partir de agora a Justiça analisa se acata a denúncia, em partes ou totalmente, ou se não aceita a proposição do MP.
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Prisão
O padre Silvio Andrei, que foi preso na madrugada do dia 16 de maio, um domingo,nu e com sinais de embriaguez dentro do próprio carro. Segundo o inquérito, Andrei estava em uma festa antes de ser encontrado pela polícia. O padre, detido em flagrante pelos crimes de ato obsceno, corrupção ativa e embriaguez ao volante, chegou a passar um dia no Centro de Detenção e Ressocialização (CDR) em Londrina. Depois de permanecer solto, Andrei deixou a cadeia e foi para um local não informado..
O advogado de defesa do padre Silvio Andrei, Walter Bittar, disse que, se a Justiça aceitar os crimes denunciados, deve entrar com um habeas corpus. “Vamos aguardar o despacho do juiz. Se ele receber a denúncia, vou impetrar um habeas corpus, porque entendo que as provas são ilícitas”, afirmou. Segundo o advogado, o padre confirma que tenha dirigido embriagado, mas nega todos os outros crimes que são atribuídos a ele.
O advogado questionou a validade do depoimento dos policiais. “Não tem ato obsceno. E a corrupção só tem como prova o depoimento dos policiais, que não é isento. Ficou clara a animosidade dos policiais contra ele”, declarou. Em relação à importunação ofensiva ao pudor, Bittar questionou a interpretação da promotoria. “Acho discutível a interpretação. Contravenção não é considerada crime. Ela forçou a interpretação”, disse. O inquérito que investiga suposto abuso na ação dos policiais durante a prisão do padre e que foi inconclusivo por parte da Polícia Civil de Ibiporã, ainda está sob análise do MP. A polícia deixou a critério da promotoria apontar possível indiciamento de algum envolvido. Neste inquérito, o delegado ouviu os policiais envolvidos na prisão do padre e que aparecem em imagens do circuito interno da delegacia empurrando o sacerdote e impedindo-o de vestir as calças .
Imagens circuito interno
Imagens do circuito interno da Delegacia de Ibiporã, cujas JL teve acesso, mostram o padre Silvio Andrei sendo empurrado por policiais e impedido de vestir as calças. Em depoimento, os policiais negaram qualquer abuso ou agressão. Segundo as imagens, o padre Silvio é conduzido à delegacia, somente com uma camisa, e levado a uma sala onde não há visão da câmera. Alguns minutos depois, o preso é empurrado para fora da sala e, antes de bater com a cabeça em uma grade, leva outro empurrão, de menor intensidade, de outro policial. O sacerdote foi algemado com os braços para trás e teve um dos tornozelos algemado em uma grade da cela. Diversos policiais se movimentam nesta sala. Alguns deles fotografaram e filmaram o religioso somente com a camisa enquanto outros preenchiam documentos.
Um dos policiais, minutos depois, tira as algemas da mão do padre e desprende-o da cela, sem retirar as algemas do tornozelo. Neste momento, o religioso recebe uma cueca. Mais tarde, calças lhe são entregues, mas o padre é impedido de vesti-las. Outro policial retira a vestimenta das mãos do padre, que estava prestes a vesti-la, e coloca em uma mesa ao lado. Foi neste momento que chegaram, segundo as imagens, duas equipes de televisão e iniciaram as gravações do padre somente vestindo camisa e cueca. Em todos os momentos em que é filmado ou fotografado por policiais ou repórteres, Andrei vira de costas.
Fonte: Gazeta do Povo