O que tanto assustou o presidente Lula para a cambalhota ética, em desafio explicita à Constituição de mandar às favas a dissimulação e posar em campanha explícita, com conselhos e ameaças ao eleitor, e pedir votos para um candidato da base, que é a ministra Dilma Rousseff e ninguém mais como segunda opção?Só o pretexto continua o mesmo. A ausência da candidata foi previamente justificada pela semana de férias para o descanso depois da última sessão de tratamento quimioterápico para a cura do câncer, com 90% de probabilidade de cura. Pela lógica e as boas normas da gentileza, Lula poderia esperar uma semana pelo anúncio da cura pelos médicos, para retomar a campanha.Por que tanta pressa? Bem, o presidente no elegante uniforme branco de campanha, com blusão de mangas curtas para aliviar o calor do Ceara, boné com pala para proteger os olhos, emendou três improvisos nos palanques para a inauguração de obras no Ceará.Antes de cortar a fita, mandou o recado da sua urgência: o eleitor precisa escolher um candidato que dê continuidade ao seu governo. O candidato deve ser da base aliada, acrescentou numa barreta aos parceiros de fé. Como só há uma candidatura da base aliada, dona Dilma não tem do que recear.Lá é verdade que as últimas pesquisas, que são sondagens para atender à curiosidade popular, registram oscilações para cima e para baixo nos índices dos principais aspirantes: Dilma andou escorregando em insignificantes quedas, a ex-ministra do Meio Ambiente, senadora Marina Silva (AC), que se desligou do PT para ingressar no Partido Verde, pelo qual se lançou candidata, está marcando os primeiros pontinhos concentrados na sua área amazônica e dispersa entre os defensores da natureza; o governador paulista, José Serra é um candidato em potencial que adia o lançamento para não antecipar a renúncia ao governo. O deputado Ciro Gomes deu um salto no espaço vazio.O panorama indefinido não justifica a precipitação de Lula nem as suas advertências sombrias: “Precisamos fazer o povo compreender que não pode votar em alguém que não dê continuidade às coisas que estão sendo feitas neste país. Se não vamos ter um exército de obras inacabadas”. Profetizou: “Se a gente trabalhar dez anos assim, vai dar uma baita consertada neste país. No ano que vem o bicho vai pegar”.Já está pegando. Como o governador do Ceará, Cid Gomes (PSB), irmão de Ciro Gomes, estava presente, no discurso na visita ao conjunto habitacional Patativa do Assaré, Lula ampliou a lista dos candidatos que dariam continuidade ao seu governo: “Se a disputa se der entre Ciro e Dilma, entre Marina Silva e Ciro, é um avanço extraordinário”.Dedicado à campanha em tempo integral, o presidente esqueceu a sua paixão corintiana e vascaína pelo futebol e não incluiu a série de vitórias da Seleção Brasileira entre as louvações que incluiriam o técnico Dunga.Não faltarão novas oportunidades. Amém.
Fonte: Villas Bôas Corrêa
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