O Airbus-A330/200 da Air France caiu no oceano Atlântico após se despedaçar aos poucos no ar. Os pilotos ainda tentaram, sem sucesso, controlar o avião durante uma sucessão de panes. É o que diz o austríaco Simon Hradecky, responsável pelo desenvolvimento de softwares de simulação de voos, em entrevista por telefone ao Agora.
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O especialista teve acesso às últimas mensagens da aeronave, obtidas, segundo ele, de um técnico da própria Air France. Os alertas do Acars (sigla, em inglês, para Sistema de Comunicação e Reporte), que envia informações à empresa em tempo real, foram divulgados no site The Aviation Herald, revista digital onde são reportados e analisados acidentes aéreos de todo o mundo.
O teor das mensagens não foi confirmado oficialmente pela companhia aérea.
Para Hradecky, o avião "quebrou" aos poucos. Pode ter perdido uma asa ou a cauda, seguida por uma despressurização muito rápida. Ele não acredita que a aeronave tenha explodido porque ela enviou mensagens automáticas durante quatro minutos.
Segundo Hradecky, a primeira mensagem foi recebida às 23h10 e avisava que o piloto automático havia se desconectado. Os pilotos passaram, então, a ser responsáveis pelo controle total da aeronave.
O comandante Ronaldo Jenkins, diretor técnico do SNEA (Sindicato Nacional das Empresas Aeroviárias), diz que o piloto automático só é desligado no voo em três ocasiões: falhas no sistema, problemas elétricos ou pelo próprio piloto. "Mas isso só ocorre se for necessário fazer uma manobra radical." É possível desviar a rota do avião mesmo com o piloto automático, diz ele.
Ainda às 23h10, uma segunda mensagem indicou que o Airbus perdia mais um recurso que o mantinha estável. "Esse avião tem um sistema que analisa as solicitações do piloto antes de elas serem autorizadas. No lugar entra uma função na qual o computador de bordo fica protegido contra pouquíssimos problemas. Indica também mau funcionamento técnico", diz Hradecky.
Em seguida, mensagens recebidas às 23h13 e às 23h14 já indicavam que o avião, em razão de uma série de falhas elétricas, não podia mais ser controlado e entrava em despressurização. Dois instrumentos deixaram de funcionar: o Adiru e o Isis. Esse alerta revelou que a tripulação estava num "voo cego" --ou seja, sem informações de velocidade ou altitude, por exemplo.
"O primeiro informa posicionamento, altura, direção. Em pane, pode fornecer dados incorretos. O piloto poderia ter informações erradas. Poderia acreditar que o avião estava num nível quando, de fato, não estava. Já o Isis não está relacionado a outros sistemas, pode continuar trabalhando mesmo se o avião tiver falha elétrica completa.
Embora não saiba dizer o que levou à sucessão de falhas, o austríaco diz que os pilotos não tiveram como reverter o quadro. "Não acredito que eles estavam recebendo a leitura correta dos instrumentos. Para mim, provavelmente não tinham nenhum instrumento confiável."
Fonte: Agora
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