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domingo, outubro 07, 2007

CRA investiga contaminação do São Francisco

Análise da água identificará causa do problema que já atinge Minas Gerais desde o início do mês

Jony Torres e Adriano Villela
O Centro de Recursos Ambientais da Bahia (CRA) vai realizar hoje uma operação para descobrir o teor da contaminação das águas do Rio São Francisco. Com ajuda de um helicóptero, técnicos do órgão vão coletar amostras em seis municípios onde foram registradas alterações no odor e sabor da água, o que teria provocado crises de diarréia em algumas pessoas na região sudoeste do estado. O material será analisado pelo Instituto de Química da Universidade Federal da Bahia (Ufba), a partir de amanhã, e o laudo deve sair em três dias. Além do exame para detectar metais pesados e contaminantes químicos, ainda será pesquisada a existência de microorganismos, agentes bacteriológicos e o nível de oxigênio dissolvido na água. Não há registros de mortes de peixes.


O presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas, Apolo Henriger Lisboa, disse ontem, em entrevista ao Correio da Bahia, que o problema na Bahia pode ter sido causado tanto pelo transporte da contaminação em Minas como por focos nos municípios baianos. Lisboa, que é professor de medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), é um dos líderes nacionais dos protestos antitransposição. No início do mês, os municípios do norte de Minas Gerais declararam estado de emergência em decorrência da proliferação das cianobactérias, uma espécie de alga. O problema ambiental pode ser identificado pelo esverdeamento das águas. Em Minas, acontece tanto no Rio das Velhas como no Rio São Francisco.


As suspeitas de que a contaminação seja proveniente do estado de Minas Gerais motivaram um pedido de esclarecimentos às autoridades ambientais daquele estado. Até o momento, não há nada oficial, mas muitas informações desencontradas. Já se falou em um caminhão carregado de remédio tombado nas margens e substância química usada para evitar vazamento de óleo pela Marinha do Brasil, mas não há nada de concreto. “Este não é o momento para fazer especulações nem alardes. Estamos dando apoio para o trabalho dos órgãos estaduais. Não há mortandade de peixes e logo saberemos a real causa do problema”, afirmou Célio Costa Pinto, superintendente estadual do Ibama.


A decisão de realizar a operação de hoje foi determinada, ontem pela manhã, durante uma reunião entre o CRA, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Renováveis (Ibama), a Secretaria da Saúde (Sesab), a Bahia Pesca e a Coordenação de Defesa Civil do Estado da Bahia (Cordec). Para agir com rapidez, técnicos do CRA viajaram de avião para Barreiras ainda na tarde de ontem e hoje vão usar um helicóptero cedido pela Companhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco (Chesf).


As coletas serão feitas em vários pontos dos municípios de Malhadas, Carinhanha, Serra do Ramalho, Bom Jesus da Lapa, Sítio do Mato e Paratinga. “Vamos usar todos os recursos para saber exatamente se existe e qual componente vem provocando estas alterações. Mas pelas informações repassadas pelos prefeitos locais não existe nada grave”, explicou Beth Wagner, diretora do CRA.


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HISTÓRICO


As primeiras notícias de que a água estava com um cheiro similar ao de medicamentos surgiram há quase 15 dias em Bom Jesus da Lapa e Serra do Ramalho. Algumas pessoas de comunidades ribeirinhas se queixaram de dores de cabeça, enjôos e diarréia, mas nenhum movimento anormal foi registrado nas unidades se saúde. Em Malhada, no sudoeste baiano, apesar de todo o sistema de abastecimento de água da cidade ser alimentado pelo Velho Chico, não há registros de contaminações. “Temos um tratamento eficiente na cidade, mas não sei como está a situação na zona rural onde não há água encanada”, afirmou o prefeito do município, Anselmo Boa Sorte.


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Ribeirinhos devem evitar a água


Caso o problema de contaminação do Rio São Francisco na região de Bom Jesus da Lapa tenha sido causada pelas cianobactérias, a recomendação é evitar qualquer contato com as águas, tanto humano como animal, medida que foi tomada pela Coordenação de Defesa Civil (Cordec), do governo baiano. “A cianobactéria libera toxinas e pode causar problemas à saúde”, disse presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas, o professor e médico Apolo Henriger Lisboa, um dos líderes nacionais dos protestos antitransposição.


Apolo Heringer ressaltou que o aumento da presença das cianobactérias foi causado nos rios da Velha e São Francisco pela combinação de abundância de calor e luz, estiagem e contaminação por lixo, esgoto e fertilizantes. “O rio ficou com mais material orgânico e com as condições ideais para o aumento rápido e exagerado de algas e cianobactérias.


Só vai resolver quando chover muito”, disse. O professor defendeu que se lixo, esgoto e fertilizantes continuarem sendo jogados nos rios, o acidente ambiental voltará na próxima fase de estiagem.


Fonte: Correio da Bahia

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