Por: Jornal A TARDE
A qualificação de terrorista dada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva à recente onda de ataques a ônibus - um deles incendiado com passageiros dentro, sete dos quais morreram carbonizados -, delegacias, carros e guaritas de polícia no Rio foi infeliz. Esses atos, que chocaram o País, são da maior gravidade, mas atribuir-lhes esse caráter, como fez o presidente num dos discursos que marcaram sua posse na Presidência para um segundo mandato, é uma atitude oportunista.
“Essa barbaridade que aconteceu no Rio não pode ser tratada como crime comum. Isso é terrorismo e precisa ser combatido com a política forte e a mão forte do Estado brasileiro”, afirmou ele. E acrescentou ser inaceitável que presos consigam, de dentro das cadeias, ordenar “uma barbaridade daquelas, matando inocentes”.
Em primeiro lugar, é preciso chamar a atenção para o fato de que, além de imprópria, a qualificação tem conseqüências graves. Ela é imprópria, porque o terrorismo pressupõe uma motivação política, que não existe neste caso. Os bandidos que ordenaram e os que executaram aqueles ataques são movidos apenas pela sede de lucros ilícitos.
É o caso de perguntar se o presidente se dá conta dos desdobramentos inevitáveis da caracterização desses ataques como atos terroristas. O terrorismo exige um rito processual próprio, no qual se inclui, por exemplo, a prisão incomunicável. Adotar esse instrumento excepcional, cujo manejo pode facilmente escapar ao controle, representa um risco muito grande. O arroubo do presidente, com claros traços demagógicos, pode custar caro.
Em segundo lugar, o que aconteceu no Rio não foi novidade, ao contrário do que sustenta o presidente: “Aí já extrapolou o banditismo convencional (seja lá que o isso significa)que nós conhecíamos.” Ele parece ter-se esquecido das três ondas de ataques do Primeiro Comando da Capital (PCC) em São Paulo em 2006, também comandadas de dentro das prisões, muito mais graves e que deixaram um número de mortos impressionante: 56 policiais, 119 suspeitos e 10 civis inocentes. Nem por isso, ele falou então em terrorismo.
O que se passa no Rio, assim como o que se passou em São Paulo, são fatos gravíssimos, que exigem medidas duras dos Estados e da União, mas de terrorismo não têm nada.
Certificado Lei geral de proteção de dados
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Em destaque
A Inundação do Vale do Rio Vaza-Barris: Um Clamor por Reconhecimento e Investimento
A Inundação do Vale do Rio Vaza-Barris: Um Clamor por Reconhecimento e Investimento Jeremoabo, 15 de maio de 2024 – As recentes enchentes p...
Mais visitadas
-
A denúncia que trouxeram-me agora à noite é extremamente preocupante e revela uma situação alarmante no sistema de saúde de Jeremoabo. A ...
-
TRIBUNAL SUPERIOR ELEITORAL AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL ELEITORAL (12626) Nº 0600512-30.2020.6.05.0051 (PJe) - JEREMOABO - BAHIA RELATOR...
-
. Na Sessão de julgamento do recurso de Tista de Deda o seu advogado não compareceu para fazer a sustentação oral. É importante frisar que ...
-
Foto Divulgação _ Instagram O caso envolvendo os recursos movidos pelo PSD de Anabel pela cassação ...
-
A frase "Mais uma decisão prova que sobrevivem juízes em Berlim" é um reconhecimento de que a justiça e o respeito à lei ainda pre...
-
Estou reproduzindo a decepção de um ex-aluno do Colégio Municipal São João Batista, residente noutro estado, porém, que ao retornar a cidade...
-
A Demolição do Parque de Exposições: Entre a Necessidade de Educação e a Perda de um Espaço CulturalA demolição ilegal de um Parque de Exposição se configura como uma ação que vai contra as leis do país e as leis municipais e representa uma...
-
É com pesar que comunicamos que ontem, 14/05/2024, faleceu o senhor Carlos Humberto Bartilotti Lima, nascido em 09.05.1955, conhecido como...
-
Foto Divulgação - WhatsApp Excelentíssima Senhora Promotora de Justiça da 6ª Promotoria da Cidade de Paulo Afonso...
-
. . A demolição da primeira casa de Jeremoabo, residência oficial da cidade quando ainda era uma freguesia (1718), representa um ato de p...
Nenhum comentário:
Postar um comentário