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quarta-feira, dezembro 11, 2024

Por que há diferença entre militares e civis no corte de gastos?

Publicado em 11 de dezembro de 2024 por Tribuna da Internet

O novo Brasil |

Charge do Freddy Varela (Arquivo Google)

Janio de Freitas
Poder360

O governo Lula falta com alguma explicação por concentrar em programas sociais os projetados cortes de gastos, cobrados pela pressão empresarial. Não bastando a primeira aberração, passa a dever explicação também para a diferença entre militares e civis na adoção de cortes.

O rombo causado pelo gasto com aposentadorias e pensões militares é, proporcionalmente, o mais oneroso nas contas previdenciárias.

PRIVILÉGIOS – As pensões vitalícias às filhas solteiras, muitas vivendo como solteiras-casadas para manter o privilégio, criaram um custo exclusivo, e sempre criticado, para militares. Mas longe de único e ainda motivo de discussão.

A muito custo, e em razão de desgastes de imagem, um outro privilégio com efeito previdenciário foi submetido a uma alteração de meia-sola.

Sem qualquer justificativa possível, ao passar para a reserva, ou aposentadoria, o militar recebia a promoção e a remuneração do posto superior.

FALSA SOLUÇÃO – Com mais de um século, o privilégio foi enfrentado à brasileira: acabou-se a promoção ao posto superior, coronel passou a sair como coronel, fragata como fragata. Mas as condições do posto superior permaneceram. Caso único em que aposentadoria não acarreta perda, nem preserva a remuneração: aumenta-a.

Evitar a passagem antecipada para a reserva é fazer cortes antecipados no aumento do gasto previdenciário. Por isso o governo propõe a idade mínima de 55 anos para o afastamento voluntário.

 Como outro privilégio deu aos militares a inclusão no tempo de serviço, para todos os fins, dos seus anos de colégio militar (desde os 11 de idade), a aposentadoria com vantagens integrais poderia ser já aos 46 anos de idade.

DISSE O GLOBO – “Governo ajusta regras após pedido dos militares”, foi o título do O Globo. Em reunião no Planalto, na semana retrasada (dia 30), o presidente e alguns ministros ouviram que os militares reivindicam a idade mínima apenas para os militares vindouros.

O “ajuste”: o governo dispôs-se a “estudar”, logo, a ceder em alguma medida. Não há problema de forma nem de teor na pretensão.

Nem haveria no lado do governo, não fosse a força de umas poucas interrogações.

EXCLUSIVIDADE -Que outros setores atingidos pelos cortes ou neles interessados, como os militares e certo empresariado, tiveram acesso a uma reunião no Planalto para argumentar contra suas perdas, e se verem atendidos? De fato, nenhuma?

Qual é, neste caso, a diferença para os governos de outros partidos? Trabalhadores do salário mínimo, aposentados e pensionistas do INSS, recebedores de abono, dependentes de ajudas reguladas pelo mínimo, tantos, são os milhões visados pelos cortes nas insignificâncias que, deste governo, esperavam uma dose veraz de correção.

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