Publicado em 13 de janeiro de 2025 por Tribuna da Internet
Roberto Nascimento
Essa tragédia do 08 de janeiro não deveria ser comemorada, o que é diferente de ser esquecida. É certo que as ditaduras já estão no passado, como o golpe que levou Getúlio Vargas ao poder em 1930 e também o golpe de 1964, que o pretenso “historiador” Dias Toffoli prefere chamar de revolução….
Porém, jamais devemos esquecer a tentativa mais recente, quando assistimos ao passado pretender voltar como farsa, com uma versão tardia de 1964 assombrando a sociedade brasileira no final de 2022.
TUDO SE SABE – Não há mais segredos, porque tudo se sabe sobre as ditaduras do passado. Livros foram escritos aos borbotões sobre o período medieval da ditadura de 64.
Cito duas obras emblemáticas: “O General do Pijama Vermelho”, da diplomata Laurita Mourão, filha do general Olympio Mourão Filho, que deu início ao golpe e depois se arrependeu, dizendo ser “uma vaca fardada”; e “Ditadura Envergonhada”, escrita pelo jornalista Elio Gaspari, que revisitou o regime militar por inteiro.
Falta saber a verdade sobre o malogrado golpe de 2022, que perdeu apoio militar a partir do fracasso do governo Bolsonaro na tentativa de provar fraude na eleição/apuração.
SEM COMEMORAR – Dois anos depois, o presidente Lula cometeu grave erro ao insistir em “comemorar” o 08/01. O pronunciamento preparado para ser lido por Lula foi muito bom. Mas o discurso de improviso acabou sendo um desastre monumental.
Não citava nada de democracia e sim fatos pessoais da vida do presidente, mencionados na sua versão pessoal, além de gracinhas desnecessárias, como chamar o ministro presente na cerimonial de “Xandão”.
A grande bola fora e com tiro no pé de Lula foi dizer que ”na maioria das vezes, a amante é melhor do que as esposas”.
MUNIÇÃO DE GRAÇA – Desse jeito, o presidente deu munição de graça para a oposição e com certeza ainda perderá o apoio de muitas mulheres casadas, se concorrer à reeleição.
Pode-se esperar que esse recorte desastroso será reverberado à exaustão na campanha eleitoral de 2026. Lula era muito bom de improviso, mas agora caiu demais.
“Por que não te calas, senhor Lula?”, podíamos perguntar, parodiando o então rei Juan Carlos, da Espanha, que sentiu o peso da idade, não quis se perpetuar no trono e abdicou em favor do príncipe Filipe.