Publicado em 24 de dezembro de 2023 por Tribuna da Internet
Roberto Nascimento
Todos sabem que o Congresso Nacional utiliza a política do “toma lá dá cá”. Essa norma antiética sempre existiu, de uma forma ou outra, mas foi “institucionalizada” na década passada pelo então presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha (MDB-RJ), que desvirtuou a representatividade popular, ao contrário do que preconiza o texto onstitucional.
Portanto, o poder já não emana do povo, faz tempo. Assim como muitos outros parlamentares famosos, Cunha foi condenado e preso por corrupção. Ficou impedido de concorrer, mas elegeu a filha e vive perambulando no Congresso Nacional, dando pitacos em tudo, especialmente depois que foi “descondensado” pelo Supremo, conforme está na moda.
CASA DAS BANCADAS – O fato é que a outrora famosa Casa das Leis foi transformada num portal de defesa dos interesses paroquiais de suas excelências, os senhores deputados e senadores. Passou a funcionar como a Casa das Bancadas ou até mesmo a Casa das Saliências, como fica mais apropriado.
A grande maioria dos parlamentares hoje trabalha para controlar as emendas impositivas, chantageando os governos, porque o Congresso passou a comandar o Orçamento da União, antes, uma prerrogativa do Executivo.
Por que agem assim? Ora, trabalham para manter seus currais eleitorais nos Estados e municípios e se perpetuar em consecutivos mandatos, anos após anos, como se fossem cafetões da política.
EM NOME DE DEUS – Olhem o exemplo da Bancada da Bíblia. Do total de deputados eleitos pelos evangélicos, cerca de 95% votaram em leis contra o trabalhador ou no corte de benefícios sociais, ou seja, se elegem com o voto do povo e trabalham contra o povo.
Esse pequeno detalhe não chega aos eleitores, que não se preocupam com as pautas do Congresso Nacional, realmente uma chatice sem tamanho.
Na atual legislatura há evangélicos em praticamente todos os partidos. inclusive no PT e no PSol, mas a quase totalidade vota contra as pautas progressistas.
OUTRAS BANCADAS – A facção mais influente do Congresso é a Bancada Ruralista, que defende os interesses do agronegócio e não aceita reforma agrária de propriedades produtivas, além de se posicionar a favor do marco temporal para demarcação de terras indígenas.
Outra ala muito importante é a Bancada da Bala, integrada também por muitos parlamentares ruralistas que são produtores rurais. A facção defende que os fazendeiros possam ter direito de possuir armas, devido à falta policiamento no interior do país. No entanto, os principais líderes da Bancada da Bala querem é a liberação total das armas, embora o país já viva num verdadeiro faroeste caboclo, como líder nas estatísticas mundiais de vítimas de homicídio por arma de fogo.
Nesse clima, podemos dizer que o melhor presente para os brasileiros seria ter o Congresso de volta, mas é muito difícil que isso volte a acontecer.