O presidente Jair Bolsonaro evitou responder nesta quinta-feira, 26, se aceitará uma eventual derrota nas urnas eletrônicas nas eleições deste ano. Questionado por jornalistas em frente a uma Igreja em Brasília se aceitaria perder a disputa e, assim, passar o poder para outra pessoa democraticamente eleita, o chefe do Executivo foi evasivo: "Democraticamente, espero eleições limpas", limitou-se a dizer.
Bolsonaro também reiterou ataques aos ministros Alexandre de Moraes, que vai presidir o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) durante as eleições, e Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), e às urnas eletrônicas. "Barroso vai aos Estados Unidos e dá uma palestra sobre como tirar um presidente da República", disse.
De acordo com Bolsonaro, "não há dúvidas" de que Moraes é parcial e comete abuso de autoridade. "O que quer o senhor Alexandre de Moraes? O confronto, uma ruptura? Por que ataca tanto a democracia? Por que não pode apresentar sugestões para o TSE a convite do próprio sobre as urnas?", questionou Bolsonaro, que chegou a apresentar ação no STF contra Moraes por abuso de autoridade. O processo, no entanto, teve prosseguimento negado pelo ministro Dias Toffoli.
Bolsonaro ainda disse que "tem o direito" de desconfiar das urnas eletrônicas. "Por que não se quer conversar sobre isso? É uma temeridade você ter eleições sob o manto da suspeição", afirmou. "Está difícil conversar com TSE, estou pronto com o diálogo, mas eles não aceitam conversar", acrescentou, voltando a pedir uma apuração paralela do voto controlada pelas Forças Armadas. "Estamos fazendo o máximo possível para sensibilizar o TSE, queremos transparência, eleições limpas que sejam auditadas."
Os ataques de Bolsonaro à lisura do sistema eleitoral brasileiro, sempre sem apresentar provas, são apontados por críticos e pela oposição como uma preparação de discurso caso seja derrotado nas eleições deste ano.
O presidente ainda deu novos sinais nesta quinta-feira de que seu vice nas eleições será o general Walter Braga Netto, ex-ministro da Defesa. "Ele se desligou da Defesa porque deve disputar em alguma coisa", disse Bolsonaro, reiterando que seu companheiro de chapa deverá ser um mineiro, como o militar.
Estadão / Dinheiro Rural