Blog da Noelia Brito |
Posted: 29 Sep 2021 01:27 PM PDT
PF indiciou Fernando Bezerra por crimes de corrupção e lavagem de dinheiro, mas equipe de Aras opinou que não havia provas contra o senador. Inquérito tem por base, dentre outras provas, delação de agiotas que também emprestaram dinheiro ao presidente da Câmara, Arthur Lira e que gravaram conversas com Iran Padilha, realizadas no apartamento de Coelho, na Av. Boa Viagem, no Recife A Procuradoria-Geral da República (PGR) contrariou relatório da Polícia Federal e pediu o arquivamento de um inquérito contra o líder do governo Bolsonaro no Senado, Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE). Em junho, a PF havia indiciado Bezerra por crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Nesta quarta-feira, a PGR enviou manifestação ao Supremo Tribunal Federal (STF) pedindo o arquivamento do caso, apontando não existirem provas contra o senador. Segundo O Globo, a Subprocuradora afirmou que "Não existem elementos para oferecimento de denúncia, com a instauração de ação penal, em desfavor de Fernando Bezerra Coelho". Lindôra Araújo é responsável na equipe do procurador-geral Augusto Aras pelos casos da Operação Lava-Jato e é alvo de representação, junto ao Conselho Nacional do Ministério Público por parecer considerado negacionista, em que inocentou Jair Bolsonaro por não usar máscaras em eventos públicos durante a pandemia. Em seu relatório, a Polícia Federal havia apontado pagamentos feitos por operadores financeiros para empresas ligadas ao senador. Delatores afirmaram em depoimento que os repasses eram propina destinada a Fernando Bezerra. "Restou demonstrado que Fernando Bezerra de Souza Coelho e Fernando Bezerra de Souza Coelho Filho receberam direta e indiretamente R$ 10.443.900,00 pagos pelas empreiteiras OAS, Barbosa Mello e Constremac/Mendes Junior entre os anos de 2012 a 2014. Ocorre que tais vantagens são indevidas eis que realizadas em contrapartida à execução de obras atreladas ao Ministério da Integração Nacional, à época em que o primeiro estava à frente do órgão", escreveu a delegada Andréa Pinho Albuquerque da Cunha, no relatório de junho, segundo O Globo. Além das delações, conforme o Blog da Noelia Brito revelou anteriormente, quando da deflagração da Operação Desintegração, foram entregues gravações de conversas entre os delatores, conhecidos no Estado por realizarem empréstimos a políticos, inclusive ao atual presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, com o ex-assessor de Fernando Bezerra Coelho, Iran Padilha, que era apontado como operador do líder do governo Bolsonaro. Os delatores também teriam emprestado os recursos utilizados pelo PSB para compra do jatinho em que morreu o ex-governador de Pernambuco, Eduardo Campos. Os empréstimos, entretanto, segundo as investigações e delações, eram pagos por empreiteiras, como forma de repasse de propinas por obras públicas.
Segundo O Globo, a opinião da PGR, entretanto, foi completamente contrária ao relatório da delegada. Na manifestação, a PGR afirma que foram "colhidas provas e realizadas oitivas de quase uma centena de pessoas" para confirmar o relato do delator João Carlos Lyra, operador financeiro que diz ter feito repasses de empreiteiras destinados a Fernando Bezerra. "Os episódios aconteceram há quase uma década e o amplo relatório da autoridade policial mostra que não foram envidados esforços para a produção de provas, chegando este Ministério Público Federal, associado aos trechos relatados pelo órgão policial, a uma conclusão: em relação ao agora senador Fernando Bezerra Coelho, embora citado diversas vezes, nada de concreto se apurou", escreveu Lindôra, ainda segundo O Globo.Embora tenha pedido o arquivamento com relação ao senador, a PGR pediu para que a parte que diz respeito ao filho dele, Fernando Bezerra Coelho Filho, seja encaminhada à Justiça Eleitoral. "A descrição já feita demonstrou que de fato houve doação de grandes valores ao partido político para beneficiar a campanha eleitoral de FERNANDO BEZERRA COELHO FILHO a Prefeito do Município de Petrolina/PE em 2012, o que evidencia o possível cometimento de crime, previsto no crime previsto no art. 350 Código Eleitoral", afirmou Lindôra, ainda segundo O Globo. Relatório da PFDe acordo com O Globo, em junho, ao enviar o relatório final ao Supremo, a PF ainda solicitou o bloqueio de bens no valor total de R$ 20 milhões na conta do senador. O relatório da PF também afirma que o filho do senador, o deputado federal Fernando Bezerra Coelho Filho, também foi beneficiário das propinas, por isso ele também foi indiciado e se tornou alvo do pedido de bloqueio de bens. Os repasses de vantagens indevidas, ainda segundo O Globo, teriam ocorrido por meio de transferências a empresas ligadas a Fernando Bezerra, como concessionárias de veículos. A PF também encontrou um e-mail no qual uma empreiteira avisa ao gabinete de Bezerra que havia feito o pagamento de despesas dele, como de dois advogados que atuavam em sua defesa. Com base nesse elemento, o relatório diz que ficou comprovado o pagamento de "despesas pessoais" de Bezerra por parte da empreiteira.O pedido de bloqueio chegou à cifra de R$ 20 milhões depois que a PF calculou a correção monetária desse valor da propina. "Diante da gravidade dos fatos revelados nesta investigação, e tendo em vista a ciência dos investigados das imputações que lhes são feitas, necessária a adoção de medidas assecuratórias, para evitar a dilapidação de bens que podem vir a reparar, ainda que em parte, os prejuízos causados ao erário público em decorrência das ações criminosas cujas evidências foram apresentadas", escreveu a delegada. SabatinaO Globo lembra que senador Fernando Bezerra chegou a participar da sabatina na Comissão de Constituição e Justiça do Senado, no último dia 24 de agosto, que aprovou a recondução de Aras para um novo período de dois anos. Na sessão, Bezerra fez elogios ao procurador-geral. — Tenho a convicção de que Vossa Excelência, com a renovação com apoio desta Casa, continuará atuando com independência e autonomia, promovendo justiça com independência e impessoalidade, atacando o excesso de ativismo e evitando injustiças irreversíveis — afirmou. |