segunda-feira, junho 28, 2021

Apoio do Centrão ao governo Bolsonaro está sob risco e agora tudo dependerá da CPI

Publicado em 28 de junho de 2021 por Tribuna da Internet

Luiz Calcagno (Correio Braziliense) e charge do Kacio (Metropoles)

A CPI da Covid tornou-se a balança do Centrão na Câmara. Os trabalhos do colegiado passaram a servir de termômetro para que o bloco político mais poderoso do Congresso decida se continuará com o presidente Jair Bolsonaro. Principalmente, depois do depoimento à comissão do deputado Luis Miranda (DEM-DF) e do irmão dele, o servidor do Ministério da Saúde Luis Ricardo Miranda. Eles denunciaram um esquema de compra superfaturada da vacina Covaxin.

O Centrão segue com o chefe do Planalto, mas o grupo não se comprometerá se o governo entrar em queda livre, pois os centristas se adaptam a qualquer situação.

AS COISAS MUDAM – O apoio do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), a Bolsonaro segue firme. Mas a dinâmica do relacionamento mudou. Para cientistas políticos, o parlamentar assumiu ser uma figura fiel ao presidente. Hoje, porém, a proeminência é do aliado e não do mandatário.

Para completar o cenário, há a percepção, da parte de parlamentares, de que, apesar das constantes derrotas em votações, o vento está soprando a favor da oposição, com pesquisas mostrando o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva bem-avaliado, enquanto o chefe do Executivo vive o pior momento de sua gestão.

Para o deputado Fábio Trad (PSD-MS), se a acusação contra Bolsonaro e seu líder de governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR), se confirmarem, há forte risco de o mandatário perder a governabilidade.

NOVOS RUMOS – “A CPI, hoje, tem mais força do que o Centrão em termos de sustentação da governabilidade. Se a CPI encontrar provas da culpa do presidente e de líderes do bloco nesses fatos, isso tem potencial de desidratar a relação, e o Centrão vai procurar o caminho”, frisou Fábio Trad, acrescentando:

“O vento, hoje, sopra a favor da oposição. Até o dia anterior ao depoimento dos irmãos Miranda, tínhamos uma CPI da imprudência sanitária. E, agora, é a CPI da provável prevaricação do presidente.”

O líder do PT na Câmara, Bohn Gass (RS), confirmou que a oposição trabalha com insistência para quebrar essa liga. “A Câmara não pode chancelar a crueldade do governo Bolsonaro. Acredito que esse quadro vai começar a mudar. Ele sabia que Ricardo Barros estava envolvido. Não fez nada, manteve o líder. Não é possível que o Parlamento vá se submeter a essa lógica”, criticou.

SUPERIMPEACHMENT – A oposição entregará, na quarta-feira, um “superpedido” de impeachment contra o chefe do Planalto e organiza manifestações para o próximo sábado.

O petista destacou, no entanto, que a deterioração da relação entre o presidente e o Centrão é um processo. “O certo é que os dois movimentos estão acontecendo, a comprovação das maracutaias e o desgaste de Bolsonaro na sociedade. E, na medida em que for comprovado, aumentará mais o desgaste. Um terceiro elemento são as mobilizações sociais, que estão crescendo”, ressaltou.

Para o analista político Melillo Dinis, do portal Inteligência Política, o rompimento entre Bolsonaro e Lira não é questão de “se”, mas de “quando”. “O namoro já mudou. Antigamente, o Lira é que, para ser eleito e construir as suas relações internas e externas à Câmara, era fiel a Bolsonaro. Com o passar dos meses, é Bolsonaro que, cada vez mais, precisa ser fiel a Lira. E ambos vão trair um ao outro”, arriscou.

FORTES EVIDÊNCIAS – Na opinião de Dinis, a postura crítica ao governo, do vice-presidente da Câmara, Marcelo Ramos (PL-AM), é uma das evidências. “Ele bateu tanto no Bolsonaro, sendo da base, que nem precisa de oposição. Se o vice-presidente, homem de confiança de Lira, já está vociferando esse conjunto de críticas e impropérios, imagine o deputado de perfil baixo que não é líder”, comparou.

No entanto, o vice-líder do governo, Evair de Melo (PP-ES), negou o quadro. “A base está sólida e organizada. O impacto da CPI é zero. Essa conversa que deputados da base estão insatisfeitos… É claro que tem alguém que está fazendo velha política e não está conseguindo. Por estar filiado a partido da base, se diz base, mas nunca foi. O modelo objetivo do governo não o satisfaz”, rebateu.

Em destaque

Centrão barra avanço bolsonarista e isola Tarcísio em disputa pela liderança da direita

Publicado em 14 de dezembro de 2025 por Tribuna da Internet Facebook Twitter WhatsApp Email Centrão avalia que Tarcísio precisa se distancia...

Mais visitadas