Publicado em 23 de maio de 2021 por Tribuna da Internet
Wilson Baptista Junior
O governo federal mentiu por diversas vezes, na época e depois, sobre o problema do oxigênio. E agora continua mentindo, através de seu ex-ministro da Saúde, o general intendente Eduardo Pazuello. E a sucessão de mentiras e alegações absurdas foi mesmo impressionante.
Primeiro, disseram que somente um avião especialmente adaptado, por questões de “pressão na cabine”, poderia levar oxigênio imediatamente para Manaus, como se fosse verdade.
EM MANUTENÇÃO – Depois, informaram que as únicas aeronaves da FAB capazes disso seriam dois Hércules C-130, mas um deles se encontrava em manutenção, e em seguida acrescentaram que estavam negociando com o governo americano o envio de um avião capaz de fazer o transporte. Mas eram mais mentiras.
Além do fato de que qualquer um dos muitos aviões de transporte, de vários tipos, da FAB poderia fazer esse serviço em menor escala (e fizeram depois), particulares doaram e enviaram cilindros de oxigênio para Manaus em aviões da GOL e até em monomotores Cessna Citation.
Quem tem alguma noção de aviação sabe que qualquer avião capaz de levar carga tem capacidade de transportar um certo número de cilindros de oxigênio, desde que possam ser acomodados sem perigo de se deslocarem, devido ao peso. As desculpas do governo, além de bisonhas, sujaram a reputação da nossa Força Aérea.
Tudo isso são fatos facilmente comprováveis e certamente serão assinalados no relatório da CPI da Covid.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Wilson Baptista Junior tem toda razão. Na época, a Força Aérea alegou que não poderia cumprir as normas de segurança, que são muito rígidas. Mas é claro que a FAB e as companhias aéreas poderiam atender ao Amazonas, caso o governo tivesse real interesse. Era preciso organizar uma operação de guerra, transportando seis cilindros em cada voo comercial, dentro das normas, e usando cargueiros para levar até 500 cilindros em cada voo. Tanto isso é verdade que o primeiro cargueiro que veio a atender Manaus, muitos dias após o governo ser avisado da crise, foi um Boeing 767 da Latam, levando 500 cilindros. Com o tamanho da crise, 500 cilindros ainda era pouco, alegam. Mas há situações em que pouco pode significar muito. (C.N.)