Se as eleições para presidente da República, governadores, parlamentares fossem realizadas até 31 de dezembro de 2010, quando termina o segundo mandato de Lula, não tenho dúvidas de que a ministra Dilma Rousseff seria eleita por larga margem de votos.Acontece que não são siquer próximas a campanha eleitoral e as Olimpíadas de 2016. quando teremos outro presidente ou presidenta no segundo mandato da reeleição.O melhor momento de Lula em toda a sua vida não foi a da afirmação como o maior líder operário da história deste país, da fundação do Partido dos Trabalhadores, o PT da bandeirola vermelha, da eleição para deputado constituinte, com turva atuação parlamentar, nem mesmo a eleição para presidente da República depois do aprendizado de três derrotas. Ou, mais adiante, como presidente reeleito e o seu sucesso, consagrado pelo presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, como “este é o cara, o maior líder popular do mundo”.Mas, ontem, com a escolha do Rio para sede dos Jogos Olímpicos de 2016, uma vitória de repercussão mundial, quando enfrentamos e derrotamos Madri, Chicago e Tóquio com uma facilidade que não justificou as nossas angústias e que, daqui até a eleição do futuro presidente em 3 de outubro de 2010, será o grande desafio de Lula, com um cacho de riscos que exigirá a mobilização de uma grande, competente equipe, acima de qualquer suspeita.Lula ampliou a frente dos desafios a dimensões que deixam no chinelo a construção de Brasília pela obstinação de JK, para a calamitosa mudança da capital do Rio para a cidade em obras no lamaçal do cerrado, em 21 de abril de 1964. O recurso das dobradinhas de vencimentos dos funcionários públicos para vencer as resistências dos que se recusavam a mudar com a família para o ermo sem condições mínimas foi a semente que adaptada à cúpula dos três poderes geraram as mansões para os ministros do Judiciário e o escândalo sem fim da orgia das mordomias, das vantagens, da verba indenizatória, da semana de quatro dias úteis, dos gabinetes individuais, dos assessores e, por trás das cortinas, com a cumplicidade dos diretores, explodiram no escândalo da roubalheira do Senado o filhote das trapaças na Câmara dos Deputados.Lula e sua candidata, Dilma Rousseff devem estar prevenidos para o que terão que enfrentar, com as três frentes de obras gigantescas, além da pesada rotina dos projetos sociais, como o Bolsa Família, o Bolsa Escola e outras. O leque, com o compromisso internacional das Olimpíadas de 2016, até 2010 terá que dar largos passos, pois cada minuto perdido pode ser irrecuperável, além do escorregão que ameaça um fracasso internacional.Repita-se: nunca na história deste país, um presidente enfrentou o desafio que se multiplica com o imprevisível, como as enchentes e a seca que se alternam no Norte e Nordeste com as calamidades nos estados sulinos, deixando milhares de famílias ao relento, pontes e casas destruídas, estradas em pandarecos.Além do que bastaria para mobilizar o governo em tempo integral, a trinca da urgência, com data marcada para a conclusão: o Programa de Aceleração do Crescimento, o PAC com obras iniciadas e algumas paralisadas por enguiços burocráticos, que servem de advertência; do Minha Casa Minha Vida pendurado no compromisso de construir um milhão de residências populares em todo país, trunfo para a eleição da ministra Dilma Rousseff e o peso-pesado das monumentais obras no Rio e em todas as capitais onde serão realizadas as dezenas de competições das Olimpíadas de 2016, quando estaremos na vitrine do mundo, com a cobertura da imprensa internacional, das redes de televisão com audiência de bilhões.Além de uma boa figura na competição, dentro das nossas possibilidades e com o estímulo do treinamento que deve começar o mais depressa possível, a exigente fiscalização do COI.Esta análise nada tem de pessimista. Ao contrário, entro no cordão de jornalistas que temperam o entusiasmo com o compromisso de acompanhar com visão crítica a mobilização do governo. Do governo federal, estadual e municipal.E da sociedade que é o mais eficiente fiscal que está em toda parte, de olho vivo e de graça.
Fonte: Villas Bôas Corrêa
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