Lula sabe que não elege ninguém como sucessor. Nem Dona Dilma, (a mais frágil de todos os possíveis candidatos) nem ninguém. A popularidade atribuída a ele pelas não muito confiáveis pesquisas, é dele, apenas dele, concretizada em alguns itens, rigorosamente intransferível.
Mas o presidente também não está interessado em fazer o sucessor a não ser que se chame Luiz Inácio Lula da Silva, em 2010 ou 2014. Tenho insistido nessa linha de ação e comportamento no exame da sucessão, o que tem me valido críticas e restrições, felizmente no terreno do puro desentendimento.
Os que me escrevem discordando, reconhecem: não sou a favor de Lula nem contra Lula, exerço a função e a obrigação do analista. Não jogo fora qualquer constatação pelo fato dela favorecer ou prejudicar o presidente-candidato agora ou depois.
Já mostrei que depois da farsa e da fraude histórica de 1930, (comandada por jovens idealistas de esquerda, que assim que chegaram ao Poder se transformaram praticamente no que Lula chama de trogloditas de direita) ninguém elegeu o sucessor. Excluída a primeira eleição que Vargas disputou, e que venceu, não por ser o candidato do presidente Dutra, mas por causa da estranha e esdrúxula legislação eleitoral da época.
Mesmo na ditadura de 1964, as sucessões (exclusivamente militares) eram sangrentas e não ganhavam os favoritos e sim os mais agressivos. O primeiro da Era iniciada em 1964, teria que ser Costa e Silva, mas como estava liquidando “arestas” em São Paulo, quando chegou, o cargo já estava ocupado por Castelo Branco, que fez acordo com JK (na casa de Joaquim Ramos, irmão de Nereu) e com Carlos Lacerda, (por intermédio do direitista, general Moniz Aragão).
Orlando Geisel que se julgava todo poderoso, foi vetadíssimo, Ernesto Geisel quase foi derrubado ao indicar João Figueiredo, preterindo seu Chefe da Casa Militar, Hugo Abreu. Este escreveu um livro, o outro candidato, que achava que tinha todos os direitos, Silvio Frota, foi liquidado e passado para a reserva.
Não é a primeira vez que digo isto, e cada vez mais minhas convicções se confirmam: Lula é candidatíssimo em 2010 ou então deixará que o Planalto-Alvorada fique com alguém da oposição para a sua volta triunfal em 2014.
Para continuar em 2010, e garantir uma das três opções, Lula precisa ultrapassar o prazo da reforma da Constituição. Nenhum empecilho ou obstáculo antes, nenhum remorso depois. Para Lula, o fim justifica os meios, ou melhor, a permanência no Poder satisfaz a população. (No seu entendimento pessoal, de que “eu fiz mais do que todos os anteriores presidentes juntos”).
As três opções de Lula, já colocadas aqui anteriormente. 1- O terceiro mandato. 2- Prorrogação de todos os mandatos, de deputado estadual a presidente, passando por governadores, presidentes, Ministros do Supremo. 3- Fim da reeeleição, “limpar” a pedra para todos, que poderiam se candidatar a um novo mandato, desde que deixassem os cargos. A preferência de Lula vai para a PRORROGAÇÃO geral, todos seriam cúmplices.
Não obtendo nada, então se “refugiaria” na decisão (ou possibilidade) da volta em 2014. No caso da volta, apostaria na eleição de Serra, pois além da volta, teria o prazer de derrotar aquele que se considera invencível. Lula já “liberou” Serra da identificação de direitista, mas a absolvição de Lula não retira Serra da colocação que ele mesmo se introduziu durante toda a vida.
Esse é o quadro, Dona Dilma foi convidada e acreditou mesmo que era para valer. E nessa farsa sem vítimas, Lula vai ao exagero: chama Meirelles para “um cargo importante no governo Dilma”, o que é o mesmo que convidar alguém para uma exposição que na existirá.
* * *
PS- Como nada é novo na sucessão, a conclusão já feita antes. Lula não elege ninguém. Ninguém ganha de Lula esteja ele no Poder ou fora dele.
Fonte: Tribuna da Imprensa
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