Foto: Kayo Magalhães/Câmara dos Deputados/Arquivo
A deputada federal Natália Bonavides (PT-RN)05 de abril de 2025 | 09:00Deputada aciona Ministério Público contra Clube Militar por apologia a golpe
A deputada federal Natália Bonavides (PT-RN) pediu que o Ministério Público (MP) Federal e o Ministério Público Militar investiguem o Clube Militar, no Rio de Janeiro, por apologia ao golpe militar. A associação fez um almoço na última semana para “comemorar o movimento democrático de 31 de março de 1964″. Comandado por um general da reserva, o clube privado e sem fins lucrativos é criticado por driblar o veto legal de fardados fazerem manifestações públicas. Procurado, o Clube Militar não respondeu.
Com ingresso de R$ 100, o almoço dos militares foi organizado pelo Clube Militar, com apoio do Clube Naval e do Clube da Aeronáutica. “Temos o prazer em convidar”, disseram as entidades, acrescentando que o objetivo era “comemorar os 61 anos desse evento histórico!”.
“O evento tem evidente tom comemorativo acerca do atentado contra a democracia que submeteu o Brasil a duas décadas de assassinatos e desaparecimentos de brasileiros, tripudiando da memória dos que foram perseguidos pelo regime militar”, afirmou Natália Bonavides, apontando supostos crimes de apologia a golpe de Estado, incitação ao crime e à animosidade entre as Forças Armadas e instituições civis.
Nos documentos enviados ao MP Militar e ao MP Federal, a deputada destacou que essas ações comemorativas do golpe tentam naturalizar ações de fardados para atentar contra a democracia. “Considerando o que a República brasileira enfrentou em 2022 e especialmente no 8 de janeiro de 2023, essa tentativa de legitimar atos de intervenção de militares sobre a política ganha ares potencialmente criminosos”, seguiu a parlamentar.
No mês passado, o Supremo Tribunal Federal (STF) tornou réus por tentativa de golpe de Estado o ex-presidente Jair Bolsonaro, capitão reformado do Exército; o ex-ministro Walter Braga Netto, general da reserva do Exército; o ex-ministro Augusto Heleno, general da reserva do Exército; o ex-ministro Paulo Sérgio Nogueira, general da reserva do Exército; o almirante da reserva Almir Garnier, ex-comandante da Marinha; e o ex-ajudante de ordens da Presidência Mauro Cid, tenente-coronel do Exército. Nas próximas semanas, outros militares da ativa e da reserva ainda terão a denúncia da Procuradoria-Geral da República analisada pelo STF.
Eduardo Barretto/Estadão