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segunda-feira, março 27, 2023

Acordos do Brasil com a China provocam reação em cadeia, que congrega 34 países

Governo cria política para projetos de minerais estratégicos no país

Minerais estratégicos brasileiros são disputados no mundo

José Casado
Veja

Ficou mais complexo o jogo para o Brasil na política externa. O governo Lula enfrenta agora uma reação coordenada dos governos dos Estados Unidos e de 27 países da União Europeia, além de Reino Unido, Japão, Noruega, Canadá, Austrália e Coreia do Sul, contra a abertura de negociações para novos acordos de comércio e investimento com a China.

Não há vetos nem bloqueios explícitos, mas uma evidente intensificação de pressões de 34 países aliados numa ofensiva diplomática coordenada pelos EUA e a Comissão Europeia.

MINERAIS ESTRATÉGICOS – O objetivo é garantir acesso às reservas brasileiras de minerais críticos — ou estratégicos— para a pesquisa e o desenvolvimento de novos materiais e tecnologias para indústrias como as de energia, eletrônica, transportes e saúde. Querem reduzir a dependência da China, hoje o maior fornecedor mundial de níquel (70%), cobalto (70%) e cobre (40%).

Há meses os governos americano e europeus uniram-se na formulação de uma proposta aos países detentores de reservas de minerais críticos, como o Brasil, para ampliação de investimentos.

Querem abertura às suas empresas na prospecção, exploração e processamento de níquel, lítio, cobre e magnésio, entre outros considerados essenciais na base tecnológica da transição energética das indústrias — dos combustíveis fósseis para insumos de baixo carbono.

PRESSÃO MÁXIMA – A pressão sobre o governo brasileiro foi ampliada nos últimos dez dias, durante as visitas a Brasília da vice-presidente executiva da Comissão Europeia, Margrethe Vestager, e do subsecretário de Estado dos EUA para Assuntos Econômicos, Energia e Meio Ambiente, Jose Fernandez.

Fernandez foi menos lacônico do que Vestager. “Os membros dessa parceria estão muito interessados na possibilidade de investimento no Brasil”, disse na terça-feira (21), em Brasília.

Acrescentou: “Conversamos com o governo brasileiro sobre isso e vamos continuar a conversar. Você tem uma vulnerabilidade na cadeia de abastecimento e nós aprendemos o que isso significa na pandemia. Estamos dizendo que [na produção mineral] vamos seguir os padrões ambientais, sociais e de governança que seguimos nos nossos países.”

70 MATÉRIAS-PRIMAS – Os Estados Unidos e a União Europeia mantêm listas de aproximadamente 70 matérias-primas classificadas como de alto risco de suprimento. Uma delas é o nióbio, material supercondutor elétrico.

O Brasil é o maior fornecedor mundial e detém a quase totalidade das reservas conhecidas. Também é relevante no fornecimento de níquel, fundamental na indústria aeroespacial.

Desde 2020, no início da pandemia, a Casa Branca decidiu executar uma política de redução da dependência de importações de minerais críticos. Em documentos oficiais fez citações específicas à subordinação aos suprimentos da China, cuja estratégia classificou como “agressiva” na exploração de vantagens de competição “através de restrições internas e coação de empresas pela dependência de sua propriedade intelectual e tecnológica”.

CHINA E BRASIL – A China domina mais da metade do mercado global de uma dezena de matérias primas estratégicas. Controla, por exemplo, 95% das terras raras leves e pesadas, elementos químicos de múltiplas aplicações tecnológicas — dos superímãs nos discos rígidos de computadores e motores de carros elétricos à separação de componentes do petróleo.

Mapeamentos geológicos no Brasil, oficiais e privados, sugerem que há grande potencial de exploração de inúmeros minerais estratégicos — inclusive terras raras —, hoje importados.

Não existe, porém, uma definição de política nacional para prospecção, exploração e beneficiamento dessas matérias-primas que o mundo disputa.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
 – Da maior importância este artigo de José Casado, na Veja. Exibe os bastidores da disputa internacional pelos minerais estratégicos, um assunto que jamais é discutido aqui no Brasil, o país potencialmente mais rico do mundo, mas que nasceu para ser explorado pelas nações mais desenvolvidas. Sei que somos otários, mas mesmo assim ainda tenho orgulho de ser brasileiro. E sei que haverá um dia em que este país irá acordar da letargia polarizante. (C.N.)

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