Publicado em 2 de agosto de 2021 por Tribuna da Internet
Merval Pereira
O Globo
Tudo indica que a temporada golpista está terminando, porque as instituições reagiram fortemente em todos os momentos em que Bolsonaro tentou criar clima para golpe.
A imprensa livre profissional denunciou esses movimentos e os políticos, que não tinham grande ascendência no governo, a partir de quando o centrão ganhou importância para estabilidade do governo e proteção de Bolsonaro contra o impeachment, passaram a trabalhar diante da concepção de que um golpe não serve para eles, porque perdem a sua importância num regime autoritário.
IMAGEM MILITAR – Quando o centrão começou a tomar conta do governo, naturalmente expeliu os militares. A ideia de que eles iriam controlar Bolsonaro não vingou. Viu-se que eram controlados pelo presidente, que fez com que o Exército, principalmente, se envolvesse em questões políticas, se expusesse a críticas de toda parte.
As Forças Armadas foram então recuando – não do apoio a Bolsonaro, mas da ideia de que o governo seria a recuperação do prestígio dos militares na vida nacional. Já vimos que, ao contrário, o governo prejudicou a imagem deles, que foram se recolhendo.
Alguns continuam afoitos, como o ministro Braga Netto, mas sua última declaração foi totalmente desmontada pelo centrão.
BRAGA NETTO – O ministro da Defesa sofreu uma saraivada de críticas depois que Artur Lira e Ciro Nogueira vazaram a informação de que havia ameaçado as eleições caso o voto impresso não fosse aprovado.
O que está acontecendo hoje é uma reversão. A política está dominando o governo, e vai continuar. Vão criar novos ministérios e colocar membros mais importantes do centrão no comando das pastas.
Os militares estão sendo levados ao corner, ficando no seu devido lugar, de onde nunca deveriam ter saído. O que é um avanço na democracia.