Pedro do Coutto
São duas matérias importantes, uma publicada na edição desta quinta-feira, pela Folha de São Paulo, reportagem de Julio Wiziack, e outra em O Globo edição de quarta-feira. Pensava em escrever a respeito do compromisso do Facebook de pagar a jornais e emissoras de TV do Reino Unido pelo aproveitamento de conteúdos na sua plataforma diária.
Foi um acordo estabelecido pelo fato, penso eu, do uso de reportagens, artigos e notícias que se incorporam às páginas do Facebook acessadas online por milhões de pessoas. Para se ter ideia da importância do acordo ele abrange The Economist e The Guardian.
TAMBÉM NOS EUA – Acordo semelhante foi formalizado no primeiro semestre deste ano entre o Google e o New York Times. O contrato do Facebook abrange também o Washington Post. Um aspecto essencial da questão reside no fato de os jornais e emissoras de TV possuírem reportagens em ação enquanto o Google e o Facebook não usam repórteres para colherem fatos e opiniões. Essa diferença é fundamental e com ela ganham milhões de leitores em todo o mundo.
Deve se notar que enquanto o acesso a internet realiza através de um clique por matéria, os jornais circulam com suas edições completas. Vamos ver agora o que acontece aqui no Brasil entre o governo e a rede Globo.
Reportagem de Julio Wiziack, Folha de São Paulo de quinta-feira, revela que o governo Bolsonaro resolveu investigar a TV Globo pelos descontos que oferece na publicidade que recebe e veicula. Confesso que fiquei surpreso na medida em que um governo na área econômica se afirma liberal, como já definiu Paulo Guedes, pressiona a Globo por reduzir seus preços e não aumentá-los, como geralmente ocorre nas emissoras de televisão.
HÁ DIFERENÇAS – Mas o fato não é só esse. O fato é que a questão dos descontos decorre em muitos casos do volume da própria publicidade comercial. Evidente que anúncios diários sistematicamente veiculados não têm o mesmo preço do que anúncios singulares. Por exemplo, supermercados, veículos e bancos têm um valor mensal menor do que o preço unitário de um dia só.
Entretanto, a maior contradição do governo está na distribuição das cotas de publicidade institucional. Quer dizer, tendo maior audiência, a Globo recebe menos do que as cotas para a Record e SBT. Enquanto isso, ela é acusada de violar o mercado diminuindo seus preços. Algo absolutamente incrível que um governo possa agir assim.
FMI E BRASIL – Matéria de Eduardo Cucolo, Folha de São Paulo, revela que o FMI, apesar de seu conservadorismo, publicou ontem matéria defendendo que o Brasil estenda seus auxílios emergenciais para populações pobres cuja renda é mínima.
Vejo assim um contraste entre o FMI keynesiano e o ministro Paulo Guedes, que segundo disse leu as obras do ministro inglês da Economia, pensamento absolutamente oposto ao seu.