Luis Augusto Gomes
O projeto de transposição das águas do Rio São Francisco é irreversível, mas, para um de seus mais ferrenhos opositores, o deputado Pedro Alcântara (PR), será também uma "obra inconclusa", ou seja, no final poderá se caracterizar como mais um desperdício de dinheiro no Brasil – e muito dinheiro, pois está orçada em R$ 6 bilhões.
O deputado diz que a anunciada revitalização do rio, usada como "moeda de troca" para acalmar os adversários do projeto, não passa de uma falácia, porque até hoje não houve a recomposição das matas ciliares, para dar sustentabilidade às margens, nem foi feita a dragagem que melhoraria a navegabilidade.
Mas o mais grave é a falta de saneamento. O deputado garante que 80% dos municípios ribeirinhos carreiam seus dejetos para o rio e que, se esse processo não for interrompido, teremos brevemente "o esgoto do São Francisco".
Como não desiste da batalha, Alcântara reuniu os deputados ligados ao rio para fazer uma grande caravana que inspecionará tanto as obras de transposição quanto as de revitalização, documentando tudo que está sendo feito para adoção das providências que ainda for possível tomar.
O lançamento vai ser em 14 de maio, em Juazeiro, numa audiência pública de que participarão a classe política e representantes do Ministério Público e das Capitania dos Portos do município.
A caravana, que contará com especialistas em diversas disciplinas, já tem data e roteiro: partirá na barca "Nina" em Carinhanha, divisa com Minas Gerais, no dia 29 de junho, com previsão de chegada a Juazeiro em 15 de julho, após uma viagem de 800 quilômetros.
O deputado Luiz Augusto (PP) levanta outro aspecto: levar água do São Francisco para irrigação a outras regiões do Norte e Nordeste será inviável devido ao alto custo, agravado pelo consumo de energia elétrica necessária ao bombeamento.
Hoje, um hectare irrigado na beira do rio tem custo final de 10 mil dólares, "quantia que já deixa sufocados os agricultores". Em terras distantes, o custo chegaria a 100 mil dólares. "Quem vai custear isso?", pergunta o parlamentar, ressalvando que, "se for para consumo humano, alguém vai ter que bancar".
Pedro Alcântara acrescenta uma informação: nos Estados Unidos, no Rio Colorado foi executado projeto semelhante, e o resultado é que "praticamente não existe mais no México", país onde nasce. "Os americanos desviaram o curso e ficaram com toda a água".
Fonte: Tribuna da Bahia
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