Biaggio Talento, da Agência A TARDE
O presidente estadual do PSDB Antonio Imbassahy e o deputado federal Jutahy Júnior, uma das principais lideranças do partido na Bahia confirmaram na quarta-feira, 29, que o casamento dos tucanos com o governador Jaques Wagner (PT) de fato acabou.
Os dois se mostraram surpresos com as declarações de Wagner manifestando-se decepcionado com o fato do PSDB ter se juntado com o DEM, sigla que faz oposição do governo estadual, na marcha dos prefeitos.
“Foi uma declaração infeliz e injusta”, disse Imbassahy. Jutahy garantiu que a posição tucana, de que o partido não apoiaria a reeleição do governador foi informada a Wagner em novembro passado pelo deputado Marcelo Nilo (PSDB), presidente da Assembléia Legislativa.
Por outro lado, o governador esclareceu, na quarta, que não interpretou um ato hostil a ele, o eventual apoio tucano ao movimento dos prefeitos, por ter considerado a marcha um “fracasso” como protesto e “inócua politicamente”. Chegou a brincar dizendo ter colocado 350 cadeiras para acomodar os prefeitos na Governadoria, mas como não chegavam a 80, os organizadores da marcha evitaram mandar os gestores sentar pois seria um atestado do fracasso da mobilização. Em relação aos tucanos, insistiu, na falta de consideração dos dirigentes estaduais de não ter comunicado oficialmente a ele que o PSDB passaria à oposição. “Para mim o que contava era a manifestação do deputado Marcelo Nilo em nome da direção do partido, na convenção que escolheu Imbassahy, candidato a prefeito de Salvador (em junho do ano passado), que me garantiu que o PSDB estaria comigo em 2010”, explicou Wagner, achando, por outro lado normal uma mudança de rumo da sigla em função da candidatura do governador José Serra (PSDB) à presidência da República. “Esperava apenas que tivessem a consideração de me comunicar oficialmente”, repetiu. Imbassahy, por seu turno, reafirmou que apoiou a marcha dos prefeitos, “com clareza” e classificou de “equivocada” a postura do PT e do governo do Estado de, na visão dele, ter tentado esvaziar a mobilização. “Isso acabou transformando um movimento de natureza reivindicatória numa ação da oposição”. Imbassahy interpreta que as declarações de Wagner surgiram em função de um “cenário desfavorável”: “a candidatura forte de Serra, líder em todas as pesquisas, a marcha dos prefeitos e a a divulgação da pesquisa do IPES/Lavareda em que ele aparece atrás de Paulo Souto na disputa pelo governo da Bahia em 2010”. Jutahy Júnior disse que as declarações de Wagner foram feitas “com seis meses de atraso”. Entende que tudo já estaria esclarecido com a tal conversa de Marcelo Nilo com o governador em novembro “quando solicitei a ele transmitir a Wagner que o PSDB não apoiaria sua reeleição em função do partido nacional ter definido lançar candidaturas próprias nos estados para fortalecer a campanha de Serra”, declarou, afiançando que agiu de forma “leal e transparente”. Conforme Jutahy, “com a democratização da Bahia”, ocorrida segundo ele, com o desaparecimento do senador Antonio Carlos Magalhães, não haveria mais sentido o PSDB se aliar com forças políticas locais, sem considerar a situação nacional. “A realidade da Bahia não tinha mais sustentação o PSDB não estar aliado, no estado, aos aliados nacionais”, disse o líder tucano. Wagner já deixou claro a incompatibilidade da aliança, pois é candidato à reeleição e apóia o projeto do presidente Lula fazer como sucessora a ministra Dilma Rousseff (PT). Jutahy insiste que o governador sabia disso há algum tempo. “Dei uma declaração em dezembro de 2008 de que Marcelo Nilo havia comunicado ao governador. Diante do aviso, a resposta ouvida do governador é que ele compreendia e manteria conosco a mesma relação cordial e respeitosa”. Ponderou que “se fosse para fazer uma coisa malandra, esperta, safada, se fazia isso seis meses antes da eleição”, declarou, dando uma estocada no PT que decidiu deixar a administração do prefeito João Henrique Carneiro (PMDB) em abril de 2008, poucos meses antes da eleição municipal. E deixou nas entrelinhas que talvez as preocupações do governador devessem ser direcionadas ao PMDB, que vem emitindo sinais claros de que deve romper com a administração estadual. “Surpresa ele pode ter com outros, conosco não”, ironizou. Uma outra suposta prova que Jutahy contabiliza como “lealdade” é que a comunicação foi feita antes da reeleição de Marcelo Nilo na presidência da Assembléia Legislativa, “para que não fosse computada como algo vinculado ao partido e sim como algo pessoal dele (Wagner)”. Os dois tucanos se irritaram com a tese do governador segundo a qual o PSDB deveria armar um palanque sem a participação do DEM. “A estratégia do PSDB que decide é o PSDB, quem define a estratégia do PT é o PT”, disse Jutahy. Imbassahy completou: “cada partido que assuma sua própria autonomia e seus projetos específicos. Não seria da natureza democrática querer interferir na posição de um partido que não é o dele (Wagner)”. O governador deu versões diferentes para vários dos fatos relatados pelos tucanos. Garantiu que “em nenhum momento” Marcelo Nilo comunicou oficialmente a posição do PSDB sobre a saída do seu barco e tomou como uma nova surpresa a declaração que a eleição da presidência da Assembléia Legislativa deveria ser contabilizada como de sua cota pessoal e não fruto da aliança com os tucanos. “É sempre confortável passar a responsabilidade para outros”, ironizou. Wagner tomou como brincadeira a tese de que estaria perturbado com a pesquisa IPES/Lavareda sobre a sucessão estadual do próximo ano. Ponderou que o levantamento feito pelo Datafolha que o coloca na frente é muito mais confiável. “A pesquisa que mandei fazer deu até deu até melhor que o resultado da Folha, eu não andei por ai divulgando, serviu para mim, agora se eles publicaram a pesquisa façam um bom proveito, só lembro a eles que tinham pesquisas melhores que essa em 2006 e eu ganhei no primeiro turno”.
Fonte: A Tarde
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