Por: Carlos Alberto Di Franco (Estado de São Paulo)
Recentemente, depois de uma conversa com estudantes, em São Paulo, fui abordado por um universitário. Leitor voraz, inteligente e apaixonado, seus olhos emitiam um sinal de desalento. "Deixei de ler jornais", disse de supetão. "Não adianta o trabalho da imprensa", prosseguiu meu jovem interlocutor. "A impunidade venceu." Confesso, caro leitor, que meu otimismo natural estremeceu. Não se tratava do comentário de alguém situado no lusco-fusco da existência. Não. Era o diagnóstico de quem está nascendo para a vida. Por uns momentos, talvez excessivamente longos, uma pesada cortina toldou o meu espírito. Acabei reagindo, pois acredito na imensa capacidade humana de reconstruir a ordem social. Estou convencido de que os países construídos sobre os valores da verdade e da liberdade têm demonstrado maior capacidade de superação. E o Brasil, não obstante os reiterados esforços de implosão da verdade (a mentira e o cinismo tomaram conta da vida pública) e de destruição da liberdade (a desmoralização programada das instituições democráticas e a transformação das imensas massas de excluídos em instrumentos do marketing populista), ainda conserva importantes reservas éticas. Escrevo, por isso, aos homens de bem. Eles existem. E são mais numerosos do que podem imaginar os voluptuosos detentores do poder.
Escrevo aos políticos que ainda acreditam que a razão de ser do seu mandato é um genuíno serviço à sociedade. Escrevo aos magistrados, aos membros do Ministério Público, aos policiais, aos servidores do Estado. Escrevo aos educadores, aos estudantes, às instituições representativas dos diversos setores da sociedade. Escrevo aos meus colegas da mídia, depositários da esperança de uma sociedade traída por suas autoridades. Escrevo aos pais de família. Escrevo, enfim, ao meu jovem interlocutor. Quero justificar as razões do meu otimismo. Faço-o agora. O Brasil está, de fato, passando por uma profunda crise ética. A corrupção, infelizmente, sempre existirá. Ela é a confirmação cotidiana da existência do pecado original. Mas uma coisa é a miséria do homem; outra, totalmente diferente, é a indústria da corrupção. Esta, sem dúvida, deve e pode ser combatida com os instrumentos de uma sociedade democrática.
A simples leitura dos jornais oferece um quadro assustador do cinismo que se instalou na entranha do poder. Os criminosos, confiados nos precedentes da impunidade, já não se preocupam em apagar as suas impressões digitais. Tudo é feito às escâncaras. Vejamos, ao acaso, alguns registros da crônica política (ou policial) deste crepúsculo da cidadania. Como lembrou recente editorial deste jornal, "um sujeito oculto" parece estar presente na sucessão de crimes que abalam o País.
O último capítulo da novela de desestabilização das instituições foi o ataque ao coração da democracia: o Congresso Nacional. A ação do Movimento de Libertação dos Sem-Terra (MLST) não foi uma explosão irresponsável de vandalismo. Foi uma estratégia de desmoralização da democracia representativa. E o que fez o presidente da República? Limitou-se a emitir uma nota condenatória pífia. Com a outra mão, a oculta, o presidente veste o boné dos criminosos e abre o caixa para financiar a baderna. O financiamento governamental ao MST, de cuja raiz radical nasceu o MLST, cresceu muitíssimo no governo petista. Somente o MST recebeu mais de R$ 25 milhões entre 2003 e 2005. Com o apoio do governo as invasões triplicaram ao longo do governo Lula. O líder do MSLT é Bruno Maranhão. Aos 66 anos, o petista, membro da Executiva Nacional do partido, foi um dos comandantes da invasão do Parlamento. Filho de usineiros de Pernambuco, formou-se em Engenharia, foi um dos fundadores do PT e, exilado, morou no Chile e em Paris. Como é óbvio, foi recebido no Planalto pelo companheiro e presidente.
Lula, como de costume, declarou que "quem praticou vandalismo pagará". A avaliação de Sua Excelência é falsa. O que houve foi uma programada ação contra uma instituição básica da democracia. Ademais, o comportamento do presidente é recorrente. Corrige em público, mas afaga e patrocina em privado. Assim foi com os protagonistas do maior espetáculo de corrupção da História deste país. E assim será com os seus bibelôs radicais. Todos, afinal, estão a serviço do líder carismático que, até o momento, garante a consolidação do projeto autoritário de poder. Ninguém mais duvida que Lula é o grande chefe, a mão oculta. O presidente é muito hábil. Mas não pode impedir que "se veja a olho nu a sua promiscuidade tanto com políticos corruptos quanto com os inimigos da democracia".
O que espanta, caro leitor, é a covardia de amplos setores da oposição. Como cães sem raça, ladram, mas não mordem. Transmitem a sensação de que há muito rabo preso nos bastidores da Ilha da Fantasia. Enquanto caciques discutem obviedades em refinados restaurantes de Nova York, o Brasil afunda numa crise ética sem precedentes. O governador de São Paulo, do alto de seus 70 anos, disse algumas verdades politicamente incorretas. Cláudio Lembo tinha razão. A sociedade está cansada de tanta inconsistência, de tanto jogo de faz-de-conta. Quer resultados.
Mas as eleições estão aí. É preciso votar bem. Renovar, profundamente, o Congresso Nacional. Não devemos votar em candidatos sob suspeição, em políticos indiciados, em oportunistas ou covardes. Verdade, liberdade e cidadania podem fazer do Brasil um grande país. Só depende de cada um de nós.
Carlos Alberto Di Franco, diretor do Master em Jornalismo, professor de Ética e doutor em Comunicação pela Universidade de Navarra, é diretor da Di Franco - Consultoria em Estratégia de Mídia
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segunda-feira, junho 19, 2006
Voto nulo invade a internet
Por: Isabella Souto (Estado de Minas)
Um ano depois da maior crise política vivida nos últimos 15 anos no Brasil, uma campanha pela internet vem ganhando cada vez mais força e adeptos em todo o país: a defesa do voto nulo. Já circula pela web e-mails com argumentos pela anulação do voto, sites que ensinam como fazê-lo e, a maior febre do momento, o site de relacionamentos Orkut, já totaliza 308 comunidades discutindo as eleições de outubro. O objetivo é convencer os eleitores brasileiros que se 50% das pessoas mais uma anularem o seu voto, haverá uma nova eleição, com candidatos obrigatoriamente diferentes. Ou seja, votando nulo, seria possível renovar o Legislativo e o Executivo.
A estratégia seria boa, não fosse um único "detalhe": não há nada no código eleitoral (Lei 4737/65) que obrigue a realização de nova disputa com outros políticos. Um candidato só seria impedido de disputar nova eleição se tiver o registro cassado por ter cometido um crime. "Ao contrário do que estão dizendo, não há nenhuma determinação na lei para que sejam indicados outros candidatos no caso de eleição anulada", explica a secretária Judiciária do Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais (TRE-MG), Eliana Galuppo. Segundo a lei, no caso de ser necessária nova eleição, a Justiça Eleitoral tem entre 20 e 40 dias depois da decisão para marcar a disputa.
Na mesma proporção em que a discussão ultrapassa fronteiras, a campanha vai ganhando cada vez mais força. O argumento é retirar do poder os mensaleiros e corruptos. Entre os textos repassados nos e-mails, há um divulgado também em site: "Não adianta escolher!!!! Eles são todos iguais!!! Quem pode ser diferente é você!!! 50% + 1 voto. Este 1 voto pode ser o seu!!! Participe, anule seu voto". Outro site traz a réplica da urna eleitoral onde, clicando nas teclas, é possível entrar em blogs, opinar sobre o voto nulo e até mesmo ver uma simulação de voto nulo.
CANTOR No Orkut, são 308 comunidades em defesa da anulação de votos. A maior delas é a Protesto! Voto nulo em 2006!, que já contava com 25.603 adeptos na semana passada. O grupo possui sete subdivisões com temas políticos. Uma delas é intitulada "O Brasil que queremos". "O Voto Nulo em massa é instrumento de mudança estrutural, tirando a legitimidade do sistema vigente. Daí, então, os movimentos sociais e ONGs e cidadãos comuns poderão ser ouvidos em seus clamores, após as insuperáveis resistências serem vencidas. Ajude também a construir projetos para quando esse momento chegar", diz o texto de abertura.
Pessoas públicas também já se manifestaram. A mais recente partiu do vocalista da banda Capital Inicial, Dinho Ouro Preto. Nos últimos shows, o cantor tem questionado com o público a crise política. E defende o voto nulo. "Acho que o voto nulo é uma expressão. Você não está votando em branco e dizendo que qualquer um deles serve. Você está dizendo que nenhum deles serve", afirmou recentemente. Em entrevista a um site de notícias sobre artistas, a atriz Cláudia Alencar opinou de forma semelhante. "Este deveria ser o protesto do povo."
Um ano depois da maior crise política vivida nos últimos 15 anos no Brasil, uma campanha pela internet vem ganhando cada vez mais força e adeptos em todo o país: a defesa do voto nulo. Já circula pela web e-mails com argumentos pela anulação do voto, sites que ensinam como fazê-lo e, a maior febre do momento, o site de relacionamentos Orkut, já totaliza 308 comunidades discutindo as eleições de outubro. O objetivo é convencer os eleitores brasileiros que se 50% das pessoas mais uma anularem o seu voto, haverá uma nova eleição, com candidatos obrigatoriamente diferentes. Ou seja, votando nulo, seria possível renovar o Legislativo e o Executivo.
A estratégia seria boa, não fosse um único "detalhe": não há nada no código eleitoral (Lei 4737/65) que obrigue a realização de nova disputa com outros políticos. Um candidato só seria impedido de disputar nova eleição se tiver o registro cassado por ter cometido um crime. "Ao contrário do que estão dizendo, não há nenhuma determinação na lei para que sejam indicados outros candidatos no caso de eleição anulada", explica a secretária Judiciária do Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais (TRE-MG), Eliana Galuppo. Segundo a lei, no caso de ser necessária nova eleição, a Justiça Eleitoral tem entre 20 e 40 dias depois da decisão para marcar a disputa.
Na mesma proporção em que a discussão ultrapassa fronteiras, a campanha vai ganhando cada vez mais força. O argumento é retirar do poder os mensaleiros e corruptos. Entre os textos repassados nos e-mails, há um divulgado também em site: "Não adianta escolher!!!! Eles são todos iguais!!! Quem pode ser diferente é você!!! 50% + 1 voto. Este 1 voto pode ser o seu!!! Participe, anule seu voto". Outro site traz a réplica da urna eleitoral onde, clicando nas teclas, é possível entrar em blogs, opinar sobre o voto nulo e até mesmo ver uma simulação de voto nulo.
CANTOR No Orkut, são 308 comunidades em defesa da anulação de votos. A maior delas é a Protesto! Voto nulo em 2006!, que já contava com 25.603 adeptos na semana passada. O grupo possui sete subdivisões com temas políticos. Uma delas é intitulada "O Brasil que queremos". "O Voto Nulo em massa é instrumento de mudança estrutural, tirando a legitimidade do sistema vigente. Daí, então, os movimentos sociais e ONGs e cidadãos comuns poderão ser ouvidos em seus clamores, após as insuperáveis resistências serem vencidas. Ajude também a construir projetos para quando esse momento chegar", diz o texto de abertura.
Pessoas públicas também já se manifestaram. A mais recente partiu do vocalista da banda Capital Inicial, Dinho Ouro Preto. Nos últimos shows, o cantor tem questionado com o público a crise política. E defende o voto nulo. "Acho que o voto nulo é uma expressão. Você não está votando em branco e dizendo que qualquer um deles serve. Você está dizendo que nenhum deles serve", afirmou recentemente. Em entrevista a um site de notícias sobre artistas, a atriz Cláudia Alencar opinou de forma semelhante. "Este deveria ser o protesto do povo."
IGREJA APÓIA O PT EM TROCA DO CONCESSÕES DE TV E RÁDIO
Por: Fábio de Oliveira Ribeiro
Igreja Católica comete no Brasil o mesmo erro que cometeu na Itália, apóia políticos corruptos para preservar sua parcela de poder.
A Igreja Católica repete no Brasil o mesmo equívoco que cometeu na Itália. Primeiro os homens de batina ajudaram os comunistas cristãos a chegarem ao poder. Quando perceberam que Bettino Craxi e seus colegas estavam se apropriando de recursos públicos e facilitando os negócios da máfia resolveram se afastar deles. No Brasil a Igreja Católica ainda não se distanciou de Lula e seus petistas porque eles tem lhe sido úteis. Mesmo que estejam cometendo os mesmos desmandos que os comunistas cristãos italianos (desviando recursos públicos e facilitando a vida dos mafiosos que atuam no país) os petistas ajudam a consolidar o poder político da Igreja Católica através da distribuição de concessões de rádio e televisão:- http://observatorio.ultimosegundo.ig.com.br/artigos.asp?cod=385IPB006 Esta é a verdadeira razão pela qual o Frei Beto está atacando o VOTO NULO. Se os eleitores aderirem ao VOTO NULO desmoronará o projeto do PT de se manter no poder para continuar desviando recursos públicos e dando à Igreja Católica os espaços de mídia que ela deseja para ajudá-lo a enganar a população. Então está mais do que na hora de reforçar a mensagem do VOTO NULO, inclusive porque ele ajudará a espantar o fantasma destes cretinos de batina que querem governar através do PT, mas não querem assumir a responsabilidade de se candidatar. A Igreja Católica é condescendente com a corrupção porque também tem interesses escusos (obter concessões de rádio e televisão para continuar exercendo algum poder sobre a população). Adota, portanto, o mesmo procedimento que suas irmãs Protestantes e Evangélicas. Os políticos que desviam recursos públicos não merecem ser votados. Os partidos políticos que disputam o controle do Estado agindo como quadrilhas organizadas para saquear o erário público e não merecem ser legitimados. A Igreja Católica e suas irmãs Protestantes e Evangélicas apóiam os partidos políticos porque pretendem governar através deles. VOTE NULO e seja feliz sem ser roubado pelos políticos ou enganado pelos religiosos. Fábio de Oliveira Ribeiro
Email:: sithan@ig.com.br URL:: http://www.revistacriacao.cjb.net
© Copyleft http://www.midiaindependente.org:É livre a reprodução para fins não comerciais, desde que o autor e a fonte sejam citados e esta nota seja incluída.
Igreja Católica comete no Brasil o mesmo erro que cometeu na Itália, apóia políticos corruptos para preservar sua parcela de poder.
A Igreja Católica repete no Brasil o mesmo equívoco que cometeu na Itália. Primeiro os homens de batina ajudaram os comunistas cristãos a chegarem ao poder. Quando perceberam que Bettino Craxi e seus colegas estavam se apropriando de recursos públicos e facilitando os negócios da máfia resolveram se afastar deles. No Brasil a Igreja Católica ainda não se distanciou de Lula e seus petistas porque eles tem lhe sido úteis. Mesmo que estejam cometendo os mesmos desmandos que os comunistas cristãos italianos (desviando recursos públicos e facilitando a vida dos mafiosos que atuam no país) os petistas ajudam a consolidar o poder político da Igreja Católica através da distribuição de concessões de rádio e televisão:- http://observatorio.ultimosegundo.ig.com.br/artigos.asp?cod=385IPB006 Esta é a verdadeira razão pela qual o Frei Beto está atacando o VOTO NULO. Se os eleitores aderirem ao VOTO NULO desmoronará o projeto do PT de se manter no poder para continuar desviando recursos públicos e dando à Igreja Católica os espaços de mídia que ela deseja para ajudá-lo a enganar a população. Então está mais do que na hora de reforçar a mensagem do VOTO NULO, inclusive porque ele ajudará a espantar o fantasma destes cretinos de batina que querem governar através do PT, mas não querem assumir a responsabilidade de se candidatar. A Igreja Católica é condescendente com a corrupção porque também tem interesses escusos (obter concessões de rádio e televisão para continuar exercendo algum poder sobre a população). Adota, portanto, o mesmo procedimento que suas irmãs Protestantes e Evangélicas. Os políticos que desviam recursos públicos não merecem ser votados. Os partidos políticos que disputam o controle do Estado agindo como quadrilhas organizadas para saquear o erário público e não merecem ser legitimados. A Igreja Católica e suas irmãs Protestantes e Evangélicas apóiam os partidos políticos porque pretendem governar através deles. VOTE NULO e seja feliz sem ser roubado pelos políticos ou enganado pelos religiosos. Fábio de Oliveira Ribeiro
Email:: sithan@ig.com.br URL:: http://www.revistacriacao.cjb.net
© Copyleft http://www.midiaindependente.org:É livre a reprodução para fins não comerciais, desde que o autor e a fonte sejam citados e esta nota seja incluída.
ANÁLISE DE CONJUNTURA
Por: fabricio
Email de uma lista de discussão da UFBA. Aborda a finalização da análise de conjuntura do governo Lula, analisando como este aprofunda a implementação do modelo neoliberal no Brasil.
Oi, Vamos para as relações de poder antes de entrar na sua forma aparente, que é o governo Lula. Este é uma unificação do bloco histórico que continua a articulação entre as diversas frações do capital, gerando um equilíbrio mais estável entre a burguesia neste governo do que no governo FHC, dentro da agudização do modelo neoliberal. Como Lula conseguiu isso? A burguesia vem se articulando com relativo sucesso desde Collor para implementar o neoliberalismo no Brasil. Collor deu alguns passos, mas sua condição de bonapartistas e a falta de um mecanismo que incluisse economicamente as outras frações da burguesia no capital financeiro, além do repúdio popular fez com que não conseguisse avançar, mas deu os primeiros passos. FHC conseguiu implementar o modelo no primeiro mandato, e consolidou no segundo. Todavia havia duas grandes falhas nesta consolidação, uma por parte da burguesia e outra por parte dos trabalhadores. Por parte da burguesia, não havia uma união das diversas frações do capital apesar da preponderancia óbvia do capital financeiro, uma vez que era necessário uma grande quantidade de dólares para remunerar o capital financeiro via juros da divida interna e externa, ao mesmo tempo eram necessários mecanismos para incluir o capital "produtivo" e "agro-exportador" na circuito economico do capital financeiro, ao mesmo tempo que se criassem medidas paliativas para as outras frações do capital, e medidas compensatórias para a pequena burguesia, notadamente a classe alta e média alta. Por parte dos trabalhadores, era preciso conseguir criar uma inserção reformista no bloco de poder burguês, uma vez que o modelo neoliberal não faz concessões para os trabalhadores, sendo assim não consegue construir nem um falso consenso (como no Estado de Bem Social Europeu, Era Vargas ou no nacional-desenvolvimentismo pós-vargas). Como o governo Lula avançou no modelo neoliberal? Dando soluções parciais a ambos os problemas. Pelo lado da burguesia encontrou um frágil equilíbrio, favorecido pelo momento de alta liquidez do mercado internacional. Incluiu os outros setores do capital (industrial e agro-exportador) na repartição dos lucros do capital financeiro que são remunerados pelo superávit, financeirizando ainda mais estes setores. Assim mesmo que a economia esteja com crescimento baixissimo (como é nosso caso), estes setores continuam lucrando, uma vez que pegam seus excedentes e compram titulos da divida pública, remunerados a taxa SELIC. Por isso algo aparentemente inexplicável acontece: as grandes empresas de todos os setores lucram mesmo fechando fábricas, demitindo, baixa na exportação, etc... Ao criar mecanismos de partilha do superávit primário entre as diversas frações do capital, com óbvia supremacia do capital financeiro (fração hegemônica da burguesia), Lula conseguiu criar o primeiro elemento de consenso entre as diversas frações da burguesia. O segundo elemento de consenso entre as diversas fracoes da burguesia são as politicas específicas para ramos da indústria e do agro-exportador. Redução de impostos, linhas de financiamento específicas no BNDS, programas de apoio a exportação, Estado fornecendo gratuitamente a qualificação da mão-de-obra da emprsa, e diversas outras medidas agem como compensatórias para o ramo industrial, que regrediu no tipo de produto (voltando a matriz produtiva para os bens da segunda revolução industrial e áreas de intensa exploração do trabalho vivo). O elemento diferencial na construção do consenso, é o apoio ao setor agro-exportador. É basicamente o volume de exportação deste setor que dá ao Brasil dólares o suficiente para remunerar os juros da divida interna e externa, estabelecendo o frágil equilíbrio entre as diversas fracoes da burguesia. Por isso a reforma agrária não anda, e não vai andar com Lula. Por isso Lula perdoou mais de R$4 bilhões aos grande latifundiários neste ano, por isso o valor do dolar influencia tanto neste setor (afeta o volume de exportações). Pegue o financiamento direto e indireto aos latifundiários exportadores, depois compare com o financiamento da agricultura familiar. A diferença é absurda, obviamente em valor do latifundio. Os programs de financiamento da agricultura familiar apresentam grandes números, mas não dizem que boa parte são empréstimos estilo micro-crédito, que não alavancam realmente o comércio nacional e ainda dão remuneração ao capital financeiro. Os administradores descobriram que é melhor empestar dinheiro para pobre, pois pobre é bom pagador, por isso o governo garante uma parte da calção e os bancos emprestam a juros baixo, notadamente os bancos publicos, banco do brasil e caixa economica. Assim, Lula criou consenso neoliberal entre as diversas fracoes do capital nacional e internacional. Me diga uma única instituição do comércio internacional, uma única instituição financeira neoliberal que critique Lula. Sò uma. E pelo lado dos trabalhadores? Como Lula criou vem implementando o neoliberalismo, uma vez que este modelo impossibilita a construção de falsos consensos, pois é incapaz pela sua financeirização de incorporar demandas reais dos trabalhadores? Era necessário desorganizar os focos de resistencia para fazer o modelo neoliberal avançar. O capital sabia disso. Por isso os setores financeiros nacionais e internacionais, 4 meses antes das eleições, Lula já candidato, fizeram algumas rodas de conversa com Lula e ficaram calmos com sua eleição. Seu programa e equipe eram neoliberais, e sua legitimação dentro dos movimentos sociais e dos trabalhadores permitiria o avanço do neoliberalismo. Tem diversas entrevistas sobre isso, inclusive do próprio Lula após alguns destes encontros. Em primeiro lugar, o governo Lula colocou para dentro do Estado e do circuito de acumulação neoliberal as organizações dos trabalhadores, notadamente os sindicatos e fundos de pensão. Os fundos de pensão dos trabalhadores em boa parte (senão todos), são geridos pelos dirigentes sindicais. Estes sindicatos e fundos de pensão ganham muito dinheiro com os juros da divida. Além disso, uma mudança na legislação passou a permitir remuneração individual aos gestoes dos fundos de pensão (na sua maioria, dirigentes sindicais). Assim, se os gestoes dos fundos de pensão ultrapassarem as metas previstas, ganham dinheiro. Igualzinho aos gestores na bolsa de valores. È a poupança dos trabalhadores sustentando o neoliberalismo e criando uma elite rica entre os próprios trabalhadores, que lucram com o modelo neoliberal. Desta forma, o modelo neoliberal brasileiro pegou os fundos de pensão dos trabalhadores e inseriu na logica financeira, cooptando diretamente os dirigentes sindicais. Em segundo lugar, pegou os sindicatos e militantes, e jogaram dentro da estrutura institucional, burocrática-estatal. Milhares de cargos por indicação foram criados, muitos militantes dos sindicatos e partidos assumiram cargos públicos. Passaram a jogar de acordo com as regras instituídas. As pessoas são o que fazem, e não o que dizem fazer. Em terceiro lugar, adotou uma forma avançada do neoliberalismo, o chamado neoliberalismo de terceira geração, também conhecido como desenvolvimento social. Cria-se o discurso de estruturas de governança, de cooperação entre Estado - Mercado - Sociedade Civil na maioria das esferas, em particular da cooperação entre capital e trabalho. Esta terceira versão do neoliberalismo também utiliza das famosas politicas focais sugeridas pelo Banco Mundial, mas através da construção negociada dentro dos limites neoliberais. Se não atravessar as fronteiras da acumulação da burguesia, todo o dialogo é permitido. Desta forma politicas focais são criadas juntamente com os movimentos sociais, com os partidos e sindicatos, fazendo com que estes defendam uma cestas de projetos que lhe interessam, mesmo que isto traga prejuízo para o todo. As politicas focais tem três grandes vantagens: 1- dão elementos de legitimidade para as entidades e sindicatos, pois trazem benefícios pontuais e concretos, mas que nem de longe trazem o questionamento do modelo. 2- se articulam perfeitamente com o modelo neoliberal, pois são de baixo valor econômico, se comparar com os mesmos investimento no setor privado. Os números nunca são absolutos, são sempre relativos. Se o governo investe, por exemplo, R$6 bilhões nos programas de bolsas assistenciais, ao mesmo tempo transfere mais de R$60 bilhoes para o mercado financeiro. Todavia estes seis bilhoes são utilizados pelos partidos e movimentos para defender o governo. 3- as politicas focais buscam amortecer os conflitos de classe onde seria mais provável sua radicalização, em especial fora do setor dos trabalhadores (uma vez que as demandas destes entram em conflito com o capital). Os excluídos dos excluídos recebem as migalhas assistenciais, são em grande número, portanto grande massa eleitoral. Neste contexto, o PT ( e a esmagadora maioria das tendencias internas) além do PC do B, apresentam que o governo apresenta avanços (e usam exatamente as politicas focais apoiadas pelo Banco Mundial e FMI como exemplos). Vcs estão fazendo o jogo do capital. Também se apresenta o discurso de que a luta institucional nos marcos do capitalismo pode fazer avançar a luta dos trabalhadores. Isto seria verdade, se a luta institucional apontasse para o fortalecimento da luta de classe, é dessa forma que a historia das lutas revolucionárias e as teorias marxistas apontam o papel do sindicato na disputa institucional. Sempre condenam o reformismo. Lula nem reformista é, sua politica é neoliberal mesmo. E aí eu pergunto de novo: qual politica estruturante do governo aponta para um rompimento do status quo? Não existe, sempre me respondem as famosas politicas focais. Não vou responder sobre cada programa que foi citado no email anterior, vou pedir que usem a análise acima pra compreender a função dos projetos defendidos pelos membros do PT e PC do B. Pra finalizar, deêm uma olhada nas tabelas abaixo, mostrando o que é realmente politica estruturante neoliberal. Está tudo disponivel e comentado no documento do GT de Reforma Universitaria. Se FHC é reconhecidamente neoliberal, então compare Lula e FHC depois me responda. Despesa do Governo Federal com Educação Ano 2000 R$ 19.453.492.110,03 Ano 2001 R$ 19.321.449.052,17 Ano 2002 R$ 19.341.055.317,86 Ano 2003 R$ 16.944.933.801,19 Ano 2004 R$ 15.825.322.831,93 Ano 2005 R$ 16.634.690.551,38 FONTE: Secretaria do Tesouro Nacional ( http://www.stn.fazenda.gov.br) Refinanciamento da Dívida Externa Ano 2000 R$ 551.484.554.098,51 Ano 2001 R$ 365.341.270.157,91 Ano 2002 R$ 344.952.622.909,53 Ano 2003 R$ 451.602.669.953,63 Ano 2004 R$ 396.825.262.039,00 Ano 2005 R$ 513.658.129.981,95 FONTE: Secretaria do Tesouro Nacional ( http://www.stn.fazenda.gov.br) Custeio e Investimento do Executivo Superávit Primário Ano 2000 65,2 38,15 Ano 2001 75,2 43,65 Ano 2002 71,4 52,39 Ano 2003 57,7 66,17 Ano 2004 70,3 81,11 Ano 2005 71,5 93,5 FONTE: Ministério do Planejamento Orçamento e Gestão / Banco Central do Brasil Não vou escrever mais estes emails gigantescos, esta lista não é espaço de disputa real. Salvo se houver uma crítica realmente fundamentada, vou voltar pra construção dos espaços reais. abracos fabricio
Email:: fabricio.ssa@bol.com.br
© Copyleft http://www.midiaindependente.org:É livre a reprodução para fins não comerciais, desde que o autor e a fonte sejam citados e esta nota seja incluída.
Email de uma lista de discussão da UFBA. Aborda a finalização da análise de conjuntura do governo Lula, analisando como este aprofunda a implementação do modelo neoliberal no Brasil.
Oi, Vamos para as relações de poder antes de entrar na sua forma aparente, que é o governo Lula. Este é uma unificação do bloco histórico que continua a articulação entre as diversas frações do capital, gerando um equilíbrio mais estável entre a burguesia neste governo do que no governo FHC, dentro da agudização do modelo neoliberal. Como Lula conseguiu isso? A burguesia vem se articulando com relativo sucesso desde Collor para implementar o neoliberalismo no Brasil. Collor deu alguns passos, mas sua condição de bonapartistas e a falta de um mecanismo que incluisse economicamente as outras frações da burguesia no capital financeiro, além do repúdio popular fez com que não conseguisse avançar, mas deu os primeiros passos. FHC conseguiu implementar o modelo no primeiro mandato, e consolidou no segundo. Todavia havia duas grandes falhas nesta consolidação, uma por parte da burguesia e outra por parte dos trabalhadores. Por parte da burguesia, não havia uma união das diversas frações do capital apesar da preponderancia óbvia do capital financeiro, uma vez que era necessário uma grande quantidade de dólares para remunerar o capital financeiro via juros da divida interna e externa, ao mesmo tempo eram necessários mecanismos para incluir o capital "produtivo" e "agro-exportador" na circuito economico do capital financeiro, ao mesmo tempo que se criassem medidas paliativas para as outras frações do capital, e medidas compensatórias para a pequena burguesia, notadamente a classe alta e média alta. Por parte dos trabalhadores, era preciso conseguir criar uma inserção reformista no bloco de poder burguês, uma vez que o modelo neoliberal não faz concessões para os trabalhadores, sendo assim não consegue construir nem um falso consenso (como no Estado de Bem Social Europeu, Era Vargas ou no nacional-desenvolvimentismo pós-vargas). Como o governo Lula avançou no modelo neoliberal? Dando soluções parciais a ambos os problemas. Pelo lado da burguesia encontrou um frágil equilíbrio, favorecido pelo momento de alta liquidez do mercado internacional. Incluiu os outros setores do capital (industrial e agro-exportador) na repartição dos lucros do capital financeiro que são remunerados pelo superávit, financeirizando ainda mais estes setores. Assim mesmo que a economia esteja com crescimento baixissimo (como é nosso caso), estes setores continuam lucrando, uma vez que pegam seus excedentes e compram titulos da divida pública, remunerados a taxa SELIC. Por isso algo aparentemente inexplicável acontece: as grandes empresas de todos os setores lucram mesmo fechando fábricas, demitindo, baixa na exportação, etc... Ao criar mecanismos de partilha do superávit primário entre as diversas frações do capital, com óbvia supremacia do capital financeiro (fração hegemônica da burguesia), Lula conseguiu criar o primeiro elemento de consenso entre as diversas frações da burguesia. O segundo elemento de consenso entre as diversas fracoes da burguesia são as politicas específicas para ramos da indústria e do agro-exportador. Redução de impostos, linhas de financiamento específicas no BNDS, programas de apoio a exportação, Estado fornecendo gratuitamente a qualificação da mão-de-obra da emprsa, e diversas outras medidas agem como compensatórias para o ramo industrial, que regrediu no tipo de produto (voltando a matriz produtiva para os bens da segunda revolução industrial e áreas de intensa exploração do trabalho vivo). O elemento diferencial na construção do consenso, é o apoio ao setor agro-exportador. É basicamente o volume de exportação deste setor que dá ao Brasil dólares o suficiente para remunerar os juros da divida interna e externa, estabelecendo o frágil equilíbrio entre as diversas fracoes da burguesia. Por isso a reforma agrária não anda, e não vai andar com Lula. Por isso Lula perdoou mais de R$4 bilhões aos grande latifundiários neste ano, por isso o valor do dolar influencia tanto neste setor (afeta o volume de exportações). Pegue o financiamento direto e indireto aos latifundiários exportadores, depois compare com o financiamento da agricultura familiar. A diferença é absurda, obviamente em valor do latifundio. Os programs de financiamento da agricultura familiar apresentam grandes números, mas não dizem que boa parte são empréstimos estilo micro-crédito, que não alavancam realmente o comércio nacional e ainda dão remuneração ao capital financeiro. Os administradores descobriram que é melhor empestar dinheiro para pobre, pois pobre é bom pagador, por isso o governo garante uma parte da calção e os bancos emprestam a juros baixo, notadamente os bancos publicos, banco do brasil e caixa economica. Assim, Lula criou consenso neoliberal entre as diversas fracoes do capital nacional e internacional. Me diga uma única instituição do comércio internacional, uma única instituição financeira neoliberal que critique Lula. Sò uma. E pelo lado dos trabalhadores? Como Lula criou vem implementando o neoliberalismo, uma vez que este modelo impossibilita a construção de falsos consensos, pois é incapaz pela sua financeirização de incorporar demandas reais dos trabalhadores? Era necessário desorganizar os focos de resistencia para fazer o modelo neoliberal avançar. O capital sabia disso. Por isso os setores financeiros nacionais e internacionais, 4 meses antes das eleições, Lula já candidato, fizeram algumas rodas de conversa com Lula e ficaram calmos com sua eleição. Seu programa e equipe eram neoliberais, e sua legitimação dentro dos movimentos sociais e dos trabalhadores permitiria o avanço do neoliberalismo. Tem diversas entrevistas sobre isso, inclusive do próprio Lula após alguns destes encontros. Em primeiro lugar, o governo Lula colocou para dentro do Estado e do circuito de acumulação neoliberal as organizações dos trabalhadores, notadamente os sindicatos e fundos de pensão. Os fundos de pensão dos trabalhadores em boa parte (senão todos), são geridos pelos dirigentes sindicais. Estes sindicatos e fundos de pensão ganham muito dinheiro com os juros da divida. Além disso, uma mudança na legislação passou a permitir remuneração individual aos gestoes dos fundos de pensão (na sua maioria, dirigentes sindicais). Assim, se os gestoes dos fundos de pensão ultrapassarem as metas previstas, ganham dinheiro. Igualzinho aos gestores na bolsa de valores. È a poupança dos trabalhadores sustentando o neoliberalismo e criando uma elite rica entre os próprios trabalhadores, que lucram com o modelo neoliberal. Desta forma, o modelo neoliberal brasileiro pegou os fundos de pensão dos trabalhadores e inseriu na logica financeira, cooptando diretamente os dirigentes sindicais. Em segundo lugar, pegou os sindicatos e militantes, e jogaram dentro da estrutura institucional, burocrática-estatal. Milhares de cargos por indicação foram criados, muitos militantes dos sindicatos e partidos assumiram cargos públicos. Passaram a jogar de acordo com as regras instituídas. As pessoas são o que fazem, e não o que dizem fazer. Em terceiro lugar, adotou uma forma avançada do neoliberalismo, o chamado neoliberalismo de terceira geração, também conhecido como desenvolvimento social. Cria-se o discurso de estruturas de governança, de cooperação entre Estado - Mercado - Sociedade Civil na maioria das esferas, em particular da cooperação entre capital e trabalho. Esta terceira versão do neoliberalismo também utiliza das famosas politicas focais sugeridas pelo Banco Mundial, mas através da construção negociada dentro dos limites neoliberais. Se não atravessar as fronteiras da acumulação da burguesia, todo o dialogo é permitido. Desta forma politicas focais são criadas juntamente com os movimentos sociais, com os partidos e sindicatos, fazendo com que estes defendam uma cestas de projetos que lhe interessam, mesmo que isto traga prejuízo para o todo. As politicas focais tem três grandes vantagens: 1- dão elementos de legitimidade para as entidades e sindicatos, pois trazem benefícios pontuais e concretos, mas que nem de longe trazem o questionamento do modelo. 2- se articulam perfeitamente com o modelo neoliberal, pois são de baixo valor econômico, se comparar com os mesmos investimento no setor privado. Os números nunca são absolutos, são sempre relativos. Se o governo investe, por exemplo, R$6 bilhões nos programas de bolsas assistenciais, ao mesmo tempo transfere mais de R$60 bilhoes para o mercado financeiro. Todavia estes seis bilhoes são utilizados pelos partidos e movimentos para defender o governo. 3- as politicas focais buscam amortecer os conflitos de classe onde seria mais provável sua radicalização, em especial fora do setor dos trabalhadores (uma vez que as demandas destes entram em conflito com o capital). Os excluídos dos excluídos recebem as migalhas assistenciais, são em grande número, portanto grande massa eleitoral. Neste contexto, o PT ( e a esmagadora maioria das tendencias internas) além do PC do B, apresentam que o governo apresenta avanços (e usam exatamente as politicas focais apoiadas pelo Banco Mundial e FMI como exemplos). Vcs estão fazendo o jogo do capital. Também se apresenta o discurso de que a luta institucional nos marcos do capitalismo pode fazer avançar a luta dos trabalhadores. Isto seria verdade, se a luta institucional apontasse para o fortalecimento da luta de classe, é dessa forma que a historia das lutas revolucionárias e as teorias marxistas apontam o papel do sindicato na disputa institucional. Sempre condenam o reformismo. Lula nem reformista é, sua politica é neoliberal mesmo. E aí eu pergunto de novo: qual politica estruturante do governo aponta para um rompimento do status quo? Não existe, sempre me respondem as famosas politicas focais. Não vou responder sobre cada programa que foi citado no email anterior, vou pedir que usem a análise acima pra compreender a função dos projetos defendidos pelos membros do PT e PC do B. Pra finalizar, deêm uma olhada nas tabelas abaixo, mostrando o que é realmente politica estruturante neoliberal. Está tudo disponivel e comentado no documento do GT de Reforma Universitaria. Se FHC é reconhecidamente neoliberal, então compare Lula e FHC depois me responda. Despesa do Governo Federal com Educação Ano 2000 R$ 19.453.492.110,03 Ano 2001 R$ 19.321.449.052,17 Ano 2002 R$ 19.341.055.317,86 Ano 2003 R$ 16.944.933.801,19 Ano 2004 R$ 15.825.322.831,93 Ano 2005 R$ 16.634.690.551,38 FONTE: Secretaria do Tesouro Nacional ( http://www.stn.fazenda.gov.br) Refinanciamento da Dívida Externa Ano 2000 R$ 551.484.554.098,51 Ano 2001 R$ 365.341.270.157,91 Ano 2002 R$ 344.952.622.909,53 Ano 2003 R$ 451.602.669.953,63 Ano 2004 R$ 396.825.262.039,00 Ano 2005 R$ 513.658.129.981,95 FONTE: Secretaria do Tesouro Nacional ( http://www.stn.fazenda.gov.br) Custeio e Investimento do Executivo Superávit Primário Ano 2000 65,2 38,15 Ano 2001 75,2 43,65 Ano 2002 71,4 52,39 Ano 2003 57,7 66,17 Ano 2004 70,3 81,11 Ano 2005 71,5 93,5 FONTE: Ministério do Planejamento Orçamento e Gestão / Banco Central do Brasil Não vou escrever mais estes emails gigantescos, esta lista não é espaço de disputa real. Salvo se houver uma crítica realmente fundamentada, vou voltar pra construção dos espaços reais. abracos fabricio
Email:: fabricio.ssa@bol.com.br
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Distribuição de emissoras a políticos
Por:Elvira LobO governo Lula reproduziu uma prática dos que o antecederam e distribuiu pelo menos sete concessões de TV e 27 rádios educativas a fundações ligadas a políticos. Também foi generoso com igrejas: destinou pelo menos uma emissora de TV e dez rádios educativas a fundações ligadas a organizações religiosas. Esse fenômeno confirma a afirmação de funcionários graduados do Ministério das Comunicações de que, no Brasil, a radiodifusão ‘ou é altar ou é palanque’. Entre políticos contemplados estão os senadores Magno Malta (PL-ES) e Leonel Pavan (PSDB-SC). A lista inclui ainda os deputados federais João Caldas (PL-AL), Wladimir Costa (PMDB-PA) e Silas Câmara (PTB-AM), além de deputados estaduais, ex-deputados, prefeitos e ex-prefeitos. Em três anos e meio de governo, Lula aprovou 110 emissoras educativas, sendo 29 televisões e 81 rádios. Levando em conta somente as concessões a políticos, significa que ao menos uma em cada três rádios foi parar, diretamente ou indiretamente, nas mãos deles. Fernando Henrique Cardoso autorizou 239 rádios FM e 118 TVs educativas em oito anos. No final de seu segundo mandato, a Folha, em levantamento semelhante, comprovou que pelo menos 13 fundações ligadas a deputados federais receberam TVs, desmentindo a promessa que ele havia feito de que colocaria um ponto final no uso político das concessões de radiodifusão. FHC acabou com a distribuição gratuita de concessões para rádios e TVs comerciais -passaram a ser vendidas em licitações públicas-, mas as educativas continuam sendo distribuídas gratuitamente a escolhidos pelo Executivo. Antes de FHC, os políticos recebiam emissoras comerciais. No governo do general João Baptista Figueiredo (1978 a 1985), foram distribuídas 634 concessões, entre rádios e televisões, mas não se sabe quantas foram para políticos. No governo Sarney (1985-90), houve recorde de 958 concessões de rádio e TV distribuídas. Muitos políticos construíram patrimônios de radiodifusão naquele período em nome de ‘laranjas’. Fachadas A Folha pesquisou em cartórios e promotorias de Justiça a origem de cerca de metade das fundações atendidas no governo Lula. O número de emissoras dadas a políticos pode ser maior porque parte das fundações existe apenas no papel. A Fundação Dona Dadá, presidida pela mulher de Magno Malta, por exemplo, tem como endereço o escritório do senador, em Vila Velha. A rádio foi aprovada pelo ministro Hélio Costa em abril. A Fundação Rodesindo Pavan, que recebeu uma rádio em Balneário Camboriú (SC), em 2004, é presidida pela mulher do senador Leonel Pavan, segundo a documentação existente no Senado. Malta e Pavan não comentaram o assunto. A identificação dos políticos é difícil porque eles não aparecem diretamente como responsáveis pelas fundações, mas se fazem representar por parentes, assessores e cabos eleitorais. O deputado federal João Caldas (PL-AL) é um desses casos. Ele criou a Fundação Quilombo, em Alagoas, e recebeu licença para uma rádio FM educativa em Maceió, em dezembro do ano passado. No governo FHC, a fundação recebeu uma TV educativa em Maceió e cinco emissoras de rádio no interior do Estado. Oficialmente, as rádios não pertencem a João Caldas, mas à Fundação Quilombo. No site do ministério, consta o nome de uma ex-assessora dele, Maria Betania Botelho Alves, como presidente. Caldas diz que não tem rádios e que a ex-assessora já deixou a entidade. No entanto, empresários alagoanos afirmam que ele é dono da rede de rádios educativas Farol Sat. Funcionários da Farol Sat, em Maceió, também o apontam como proprietário. Caldas admite que é um dos instituidores da fundação. Ele disse à Folha que o envolvimento de políticos com a radiodifusão acontece em todo o país. ‘Não acredito que isso mude. As pessoas mais influentes são as que têm meios de comunicação, como ACM na Bahia, Orestes Quércia em São Paulo e a família Sarney no Maranhão. Comunicação dá voto.’ Ministros Os três ministros que chefiaram a pasta das Comunicações no governo Lula -Miro Teixeira (PDT), Eunício de Oliveira (PMDB) e Hélio Costa (PMDB)- aprovaram quantidades parecidas de rádios. Foram 23 autorizadas por Teixeira, 25 por Costa e 31 por Oliveira. Os três sustentam que não sabiam do elo das fundações com políticos, mas, curiosamente, todos reclamam da pressão constante dos parlamentares reivindicando novas outorgas. As concessões de TV são dadas por decreto do presidente, enquanto as de rádio são aprovadas pelo ministro, por portaria. As concessões de TV são por 15 anos, renováveis, e as de rádio, por 10 anos, também renováveis. [Colaboraram Paulo Peixoto , da Agência Folha em Belo Horizonte, Kamila Fernandes , da Agência Folha em Fortaleza, e Lilian Christofoletti , da Reportagem Local]" *** Ministro dá concessão de FM a senador do PL em nome de fundação inativa [copyright Folha de S. Paulo, 18/06/06)] "No dia 12 de abril foi publicada uma nota na imprensa dando conta de que o ministro Hélio Costa estaria em rota de colisão com seu secretário de comunicação eletrônica, Joanilson Barbosa Ferreira, que estaria atendendo a pedidos de alguns políticos, e de outros não, sem informar ao ministro. Um dos contrariados, segundo a nota, seria o senador Magno Malta (PL-ES), da base governista. Oito dias depois, foi publicada no ‘Diário Oficial’ da União a portaria de Hélio Costa outorgando uma rádio FM educativa em Vila Velha, na Grande Vitória, em nome da Fundação Educativa e Cultural Dona Dadá. O nome da entidade é uma homenagem à mãe do político. Ela tem como endereço o escritório de Magno Malta, em Vila Velha, sua base eleitoral. O ministro Hélio Costa disse que de Magno Malta estava no ministério havia mais de um ano e que o senador exerce um trabalho social em Vila Velha, que poderá se beneficiar da emissora. O mesmo argumento foi dado pela assessoria do senador. Mesmo inativa, a fundação foi declarada de utilidade pública pelos vereadores de Vila Velha, por lei municipal aprovada em 2001. Na documentação existente na Câmara consta como presidente da fundação a mulher do senador, Kátia Santos Malta. O ministro disse que as concessões de rádio e TV têm de ser confirmadas também pelo Congresso, depois de aprovadas pelo Executivo. ‘A portaria significa que considero o pedido aceitável, mas cabe ao Congresso avaliar o caso. Não é uma decisão só do ministro’, disse o ministro Hélio Costa." *** Educativa não pode ter publicidade [copyright Folha de S. Paulo, 18/06/06)] "Criadas legalmente em 1967, as emissoras educativas se multiplicaram depois que as concessões de rádios e televisões comerciais deixaram de ser gratuitas e passaram a ser vendidas em licitações públicas, em 1997. Então, o número de TVs educativas geradoras autorizadas pelo Executivo passou de 20 para 167, e o de rádios saltou de 47 para 367. O advogado Luiz Carlos Ferraz, diretor da consultoria Sulrádio, destaca como diferença das emissoras educativas para as comerciais o fato de continuarem sendo distribuídas gratuitamente, e de serem proibidas de veicular publicidade. A legislação autoriza verba de patrocínio, o que suscita críticas de redes comerciais, que as acusam de concorrer no mercado publicitário." *** Até entidades com endereço fictício são beneficiadas [copyright Folha de S. Paulo, 18/06/06)] "Segundo a lei, as fundações devem ter patrimônio suficiente para garantir a sobrevivência financeira das emissoras, mas não é o que se vê. Mesmo com endereços fictícios, passam pelo crivo do governo. É o caso da Fundação João Sotero, comandada por José Clênio Soares de Lima, ex-presidente do PSDB em Caruaru (PE). A entidade já possuía uma rádio educativa em Recife e ganhou outra em Belo Jardim, no mesmo Estado. O endereço da fundação que aparece no Ministério das Comunicações é uma caixa postal. O promotor de Justiça responsável pela fiscalização das fundações em Recife, Ulisses Araújo de Sá, diz que a João Sotero não está registrada no Ministério Público da capital e que, em razão disso, não poderia ter recebido concessão de um serviço público na cidade. A rádio foi transferida para a fundação Vicente Campelo, em Recife, que repassou uma TV educativa, recebida no governo FHC, a uma terceira fundação, criada pelo empresário João Florentino. Há políticos em duas pontas desta operação, já que a Vicente Campelo é dirigida por Edson Queiroz, irmão do deputado federal Armando Queiroz Monteiro (PTB-PE). Sede em terreno Vinculada ao deputado federal Wladimir Costa (PMDB-PA), a Fundação Barcarena de Comunicação e Assistência Social não possui telefone, tem como sede declarada o nome de uma rua, sem número, e recebeu duas rádios educativas: uma em Tucuruí e outra em Barcarena, ambas no Pará. A sede da fundação Educacional e Cultural Nativa, presidida pelo ex-deputado estadual maranhense Raimundo Nonato Vieira, é um terreno baldio em Araguantins, em Tocantins. Mesmo assim, ganhou uma rádio em Parauapebas (PA)." *** Ministros negam motivação política para concessões [copyright Folha de S. Paulo, 18/06/06)] "O ministro das Comunicações, Hélio Costa, e seus antecessores no governo Lula, os deputados federais Miro Teixeira (PDT-RJ) e Eunício Oliveira (PMDB-CE), dizem que não usaram critério político para aprovar as outorgas de rádio e televisão educativas. Os três afirmaram ter priorizado as entidades ligadas a universidades. Costa e Oliveira citaram como iniciativas deles a concessão de canais de TV para Assembléias Legislativas. Oliveira, que chefiou as Comunicações de janeiro de 2004 a julho de 2005, afirma que represou muitos pedidos de emissoras educativas feitos por políticos. ‘A pressão é muito grande, sobretudo de parlamentares ligados a igrejas evangélicas’, disse. De acordo com Oliveira, um único deputado federal tem 40 pedidos de concessão no ministério e o total de pedidos é cerca de 1.200. Teixeira, que assumiu o cargo em janeiro de 2003 e foi sucedido por Oliveira, disse que não sofreu constrangimento de políticos.’A pressão para liberação de pedidos de radiodifusão é democrática. O que constrange é o carteiraço, mas assombração sabe para quem aparece’, afirmou, sugerindo que os políticos só pressionariam ministros suscetíveis. Teixeira disse que buscou ter atuação transparente e que foi o primeiro a colocar na internet o cadastro oficial de sócios das emissoras. ‘A identificação pública dos donos de rádio e de televisão era um tabu, até então’, declarou. O atual ministro, no cargo desde julho do ano passado, diz que tem exigido que as concessões sejam dadas a fundações vinculadas a universidades. Cita que encaminhou para aprovação da Casa Civil pedidos de concessões de TV educativa para as universidades de Ouro Preto (MG), São Carlos (SP) e Goiânia (GO). Ele diz que o presidente Lula quer que apenas universidades públicas sejam contempladas. ‘Sou tido como ministro que não libera rádios e TVs educativas. O que chega ao ministério é analisado tecnicamente. Não existe análise política.’ Costa e Teixeira avaliam que a chegada da TV digital pode eliminar as pressões de políticos por emissoras educativas, pois haverá liberação de grande parte do espectro de freqüência. ‘Com a TV digital, tudo isso vai perder importância. Haverá muitos canais disponíveis. Cada cidade poderá ter um canal de educação, um do executivo e um canal para o legislativo’, disse o atual ministro. Teixeira diz que a implantação da TV e do rádio digitais implicará na aprovação de nova lei de comunicação de massa, que rediscutirá o uso das freqüências de radiodifusão. Ele considera que é preciso criar um mecanismo que torne o processo de escolha dos radiodifusores educativos competitivo, como ocorreu com as concessões de rádio e de televisão comerciais. A partir de 1997, elas passaram a ser vendidas em licitações públicas, com critério de técnica e preço para a escolha dos vencedores. Fiscalização Em relação ao fato de fundações com existência apenas no papel receberem concessões de emissoras educativas, Oliveira diz que compete ao Ministério Público, e não ao Ministério das Comunicações, fiscalizar as entidades. Segundo ele, os projetos chegam com documentação regular. Costa disse que a programação das emissoras educativas só é fiscalizada se houver denúncia. Segundo ele, o ministério é responsável pela fiscalização do conteúdo, mas foi desestruturado no governo anterior e hoje tem 220 funcionários. A Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) faz fiscalização técnica. Verifica se as emissoras estão na faixa de freqüência destinada e se estão transmitindo a ‘Voz do Brasil’ e a propaganda eleitoral gratuita." *** Minas Gerais recebe oito emissoras de TV na gestão do mineiro Hélio Costa [copyright Folha de S. Paulo, 18/06/06)] Político mineiro, o ministro das Comunicações, Hélio Costa, autorizou oito concessões de TVs educativas em seu Estado desde que assumiu o cargo, em 8 de julho de 2005. Repete, embora em menor escala, o comportamento de outro mineiro, Pimenta da Veiga (PSDB), que ocupou a pasta no governo FHC e distribuiu TVs a aliados políticos em MG. Como senador, Costa atuou para agilizar a aprovação de, pelo menos, três processos que ele mesmo concretizou no executivo. Suas intervenções estão registradas no protocolo do Ministério das Comunicações. Ele enviou ofícios em favor de fundações em Patrocínio, Passos e Curvelo (todas em MG). Também autorizou concessões de TV nas cidades mineiras de Mateus Leme, Poços de Caldas, São Sebastião do Paraíso, Caxambu e São Lourenço. A TV de Patrocínio foi dada à Fundação Cultural e Educativa Jorge Elias, ligada ao prefeito Júlio Elias (PP), aliado do ministro. Costa não negou os laços políticos, mas afirmou que atendeu à fundação porque ela atua há mais de 15 anos como retransmissora, o que lhe daria direito de se tornar geradora. O ministro disse que os outros dois casos que defendeu como senador referem-se também a repetidoras de canais educativos que estão no ar há muitos anos. Ele afirma que não houve privilégio político. Há, porém, dezenas de retransmissoras de TVs educativas em situação semelhante e não são atendidas. A aprovação demora, em média, dez anos. A Fundação Jorge Elias e o prefeito de Patrocínio, Júlio Elias, estão sob investigação do Ministério Público. Em 2005, a Câmara Municipal aprovou projeto de lei proposto pelo prefeito para repassar R$ 180 mil à fundação, da qual foi presidente. Com a reação do promotor, o prefeito, que diz não ter cometido improbidade, recuou. O repasse foi cancelado. A concessão de Curvelo foi para a Fundação Nelson Rocha. Costa, que nega o critério político, disse que não conhecia os responsáveis pela entidade e que buscou referências com o deputado federal Virgílio Guimarães, natural da cidade. No caso da fundação Vivaldo Piotto, de Passos, o ministro disse conhecer os responsáveis. Costa defende publicamente que concessões de TVs educativas só sejam dadas a fundações ligadas a universidades. Os casos não se enquadram no perfil. Questionado, negou haver incoerência. ‘Se dei parecer favorável como senador, como poderia, como ministro, dizer que estava errado?’" *** Igrejas são favorecidas em rateio de rádios e TVs [copyright Folha de S. Paulo, 18/06/06)] "O governo Lula destinou pelo menos uma televisão e dez de rádios educativas a fundações ligadas a denominações religiosas. As igrejas têm forte lobby no Congresso -as evangélicas, com número crescente de fiéis, representam 15,5% da população em 2000, segundo o IBGE. A Fundação Sara Nossa Terra, presidida pelo bispo Robson Rodovalho, obteve do governo concessões para uma emissora de TV em Mateus Leme (MG) e uma rádio em Itaguaí (RJ). Além disso, o Ministério das Comunicações aprovou uma rádio na cidade de Juquitiba (SP), em nome da Fundação Ecológica Natureza e Vida. Registrada em um cartório carioca, a entidade tem como endereço uma igreja da Sara Nossa Terra, na Barra da Tijuca (na zona oeste do Rio). Padres e bispos da Igreja Católica estão na direção de fundações contempladas com ao menos quatro rádios: duas em Minas Gerais e duas no Piauí. A exemplo do que ocorre com os políticos, é difícil identificar as igrejas por trás de fundações beneficiadas com concessões de radiodifusão. A Igreja Renascer e a Assembléia de Deus também obtiveram autorizações para rádios. No caso da Renascer, para Goiânia. No caso da Assembléia de Deus, para Joinville (SC). Jesus Sat Um exemplo da dificuldade para se identificar as igrejas contempladas com concessões está na Fundação Cultural Educativa Costa Dourada. Em junho de 2004, o ex-ministro Eunício Oliveira autorizou que ela recebesse uma rádio FM em Belém. Em novembro do ano passado, o ministro Hélio Costa autorizou uma rádio em Rio Branco (AC) para a mesma fundação. Uma pesquisa feita em cartório feita pela reportagem da Folha localizou o registro da fundação, no Rio de Janeiro. Criada em 1990, a entidade passou a ser vinculada, a partir de 2001, à Igreja Assembléia de Deus de Belém, dirigida pelo pastor Samuel Câmara -que é irmão do deputado federal Silas Câmara (PTB-AM). Essa igreja tem investido muito em radiodifusão, tendo criado a Rede Boas Novas. Ela possui uma TV geradora em Belém, e sua programação é transmitida por satélite -o Jesus Sat- para vários Estados." Fonte: http://observatorio.ultimosegundo.ig.com.br/artigos.asp?cod=385IPB006
© Copyleft http://www.midiaindependente.org:É livre a reprodução para fins não comerciais, desde que o autor e a fonte sejam citados e esta nota seja incluída.ato
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'Nas águas do Velho Chico pescamos vida e dignidade'
Adital - Carta dos Pescadores e Pescadoras da Bacia do Rio São Francisco"O peixe sumiu. E o pescador vai no mesmo caminho..." Esta a grande constatação inicial do I Encontro de Pescadores e Pescadoras da Bacia do Rio São Francisco, acontecido de 16 a 18 de junho de 2006, em São Caetano do Retiro, na cidade de Salvador - Bahia, com a participação de 61 pessoas. Eram 36 pescadores e 25 pescadoras, de 25 Colônias, Associações, Coletivos, Grupos de Trabalho da Pesca, Federações, de cinco estados (MG, BA, PE, SE e AL), a Confederação Nacional dos Pescadores e o MONAPE - Movimento Nacional dos Pescadores. Como apoio e assessoria estavam o CPP - Conselho Pastoral dos Pescadores, a CPT - Comissão Pastoral da Terra, o APD/CERIS - Assessoria a Projetos / Centro de Estatísticas Religiosas e Investigações Sociais e o PPA - Projeto Peixes Pessoas e Águas. E como co-patrocinadora a CESE - Coordenadoria Ecumênica de Serviços. Esteve presente o Ministério Público Estadual da Bahia / Coordenadora do Projeto São Francisco, Dra. Luciana Khoury. "Nas águas do São Francisco pescamos vida e dignidade" era esse o tema-lema do encontro, manifesto nas palestras, debates, poesias, cantos e celebrações. Razão também desta Carta às autoridades, ao povo sanfranciscano e de todo o País - denúncia, proposta e compromisso de luta.
A causa principal do aparente "sumiço" do peixe e ameaça de extinção do pescador está na imposição de um modelo de "desenvolvimento" capitalista predador. No Brasil, mesmo com todas as reciclagens, este capitalismo continua selvagem, sem limites. A devastação humana e ambiental segue desenfreada, a serviço da acumulação mundial de capital, a despeito de avanços do ambientalismo e da legislação ambiental. Em pouco mais de 60 anos o São Francisco, de exuberante fonte de vida tornou-se um rio condenado. E com ele, o povo que dele depende para viver.
Um caso exemplar: mais de 100 toneladas de peixes adultos já morreram, de Três Marias-MG abaixo, em conseqüência de comprovada contaminação por rejeitos tóxicos lançados pelo processamento de zinco da Votorantim Metais. Os pescadores têm sido os maiores prejudicados.
As barragens, para a produção de energia elétrica, artificializou o rio e o fez refém da CHESF - Cia. Hidrelétrica do São Francisco (e da CEMIG - Cia de Energia Elétrica de Minas Gerais). Foi o início do fim da pesca e dos pescadores artesanais. Como se não bastasse, novos barramentos estão sendo anunciados, levando angústia e descrença às comunidades afetadas.
Outro braço do Estado Federal na região, a CODEVASF - Cia. de Desenvolvimento do Vale do São Francisco, pôs-se a serviço de empreendimentos que mais degradam do que preservam o rio, suas águas, suas terras e suas gentes. A fruticultura irrigada para exportação é o mais conhecido e desastroso exemplo, comprovado até por estudos patrocinados pelo Banco Mundial.
A pesca artesanal deixou de ter importância para os políticos, planejadores e agentes do desenvolvimento, se é que um dia já lhe deram a devida importância. Tida como fadada à extinção, é tratada como um problema lateral, quando não simplesmente ignorada. De fato, no Brasil, ao contrário de outros países, não há uma política para a pesca artesanal, apenas programas compensatórios e integracionistas ao modelo de produção industrial e mercantil. Até no atual governo - opção eleitoral da maioria dos pescadores organizados -, uma inédita Secretaria Especial de Aqüicultura e Pesca mal disfarça a opção pelos grandes projetos, baseados em concentração de capital e no emprego de tecnologias agressivas ao meio-ambiente, a desprezar e substituir o modo e a cultura tradicionais das comunidades pesqueiras. Há uma intencional ignorância de que mais de 60% do consumo interno de pescado no Brasil provêm da pesca artesanal.
Ao nos ignorar no São Francisco, estas políticas, reféns do mercado, impõem a aqüicultura (de espécies exóticas e não migratórias, como a tilápia-do-Nilo e o camarão-da-Malásia) em tanques-rede e o peixamento (de espécies nativas) como "solução salvadora" para a pesca artesanal dada como em extinção. Uma extinção induzida e promovida. Um "genocídio cultural". Um "ecocídio".
Essa a mesma lógica que nos tem dificultado ou impedido o acesso às terras e as águas do São Francisco - rios, lagoas marginais, várzeas, ilhas, vazantes e mangues. E que não consegue disciplinar e condicionar o uso destas áreas pelo gado de latifundiários e os monocultivos comerciais, nem reprimir o cultivo de maconha, que tantos transtornos e inseguranças têm trazido às nossas comunidades ribeirinhas.
Pelas mesmas razões compreendemos as dificuldades que temos tido de acesso às condições dignas de vida e trabalho - moradia, educação, saúde, crédito, beneficiamento e comercialização do pescado, previdência social, e outras mais - Direitos Humanos fundamentais. Do mesmo modo, as crescentes e injustificadas restrições ambientais que são impostas às nossas atividades de pesca e agricultura nas ilhas e vazantes do rio. E não se trata do defeso na época de desova dos peixes, que esse quase todos nós já incorporamos e apoiamos.
Ao menosprezar, em nome de duvidosa modernidade, as comunidades tradicionais do São Francisco e seu modo secular de lidar com os bens naturais, ignora-se que somos essenciais para a conservação e utilização sustentáveis da diversidade biológica e da própria identidade regional e nacional. Este também o sentido de nosso alerta às autoridades e à nação brasileira. Não admitimos ser relegados a relíquias históricas, folclóricas, curiosidade turística!
Felizmente, a troca de informações e experiências neste encontro levou-nos também à constatação de que, apesar de tudo, mesmo combalido, o rio São Francisco ainda está vivo. A recente volta do peixe no Baixo e no Lago de Sobradinho reflete a incrível capacidade de recriação da natureza, quando as cheias, ainda que não mais generalizadas em todas as regiões, renovam as espécies nativas nas várzeas e lagoas marginais, que chamamos "criadeiras". Renovam também nossas esperanças de continuar existindo e contribuindo para a perpetuação da vida.
E nos animam a apresentar nossas propostas e reivindicações:
1) Suspender os anunciados projetos de novas barragens no rio São Francisco. Há alternativas de produção energética e barragens aceitáveis somente as pequenas nos afluentes, nos locais de baixo impacto sócio-ambiental e que cumpram também funções hidro-ambientais favoráveis ao rio.
2) Suspender o Projeto de Transposição, optando-se por formas alternativas de acumulação e gestão eficiente e democrática das águas existentes e suficientes para o verdadeiro desenvolvimento de todo o Nordeste semi-árido.
3) Desenvolver, com urgência e prioridade absoluta, um autêntico Programa de Revitalização da Bacia do Rio São Francisco, que leve em conta a experiência e a opinião das comunidades locais e que implemente:a) combate à poluição, com tratamento dos esgotos de todas cidades ribeirinhas e mais rigorosas exigências e punições ambientais às empresas poluidoras, a começar pela Votorantim Metais, em Três Marias-MG;b) mapeamento, regularização e arrecadação das terras públicas da União e dos Estados na Bacia do rio São Francisco, priorizando a cessão de uso às comunidades tradicionais (ribeirinhas, pescadoras, vazanteiras, indígenas e quilombolas), com privilégio da criação de Reservas Agro-Extrativistas e exigência efetiva de projetos sustentáveis para a cessão de uso privado, com vigência em períodos mais curtos e sob fiscalização mais rigorosa;c) garantia, mediante legislação específica, do livre acesso de pescadores e vazanteiros às ilhas, várzeas, mangues e vazantes;d) programas de educação ambiental em todas as comunidades rurais e escolas urbanas e formação de Agentes Ambientais Voluntários;e) criação de Comitês Gestores da Pesca por região da Bacia;f) realização de um Censo Comunitário pesqueiro, marisqueiro e vazanteiro na Bacia, acompanhado de um mapeamento das lagoas marginais;g) ordenamento da pesca nas regiões da Bacia, com especificidade para as lagoas marginais;h) estudos e medidas cabíveis para a implantação de uma Vazão Ecológica nas barragens e na foz, de modo a garantir a manutenção da biodiversidade, a sustentabilidade da pesca artesanal e a continuidade das comunidades tradicionais;i) mais rigorosa aplicação da legislação ambiental, fiscalização eficiente e punição exemplar dos infratores.
Sabemos que estas reivindicações dirigidas às autoridades dependem de nossa organização e pressão. Por isso, assumimos como compromissos de luta:
1) Trabalho de base nas comunidades ribeirinhas, informando, conscientizando e organizando os pescadores e pescadoras para adesão e reforço da luta em torno de nossas bandeiras;2) Mobilização social e política da população em torno destas bandeiras, de modo especial o impedimento das novas barragens e do projeto de transposição;3) Divulgação de nossas propostas, reivindicações e lutas;4) Construir a partir da base e conseguir aprovação e vigência de um Acordo de Pesca na Bacia do São Francisco;5) Realizar encontros regionais em 2007 e um II Encontro de Pescadores e Pescadoras da Bacia, em 2008, para avaliar e replanejar nossas lutas e conquistas.
Contando com aliados e parceiros, vamos continuar pescando vida e dignidade, no São Francisco, para salvação do rio, de seu povo, da nação brasileira e do planeta!
Salvador, 18 de junho de 2006.
A causa principal do aparente "sumiço" do peixe e ameaça de extinção do pescador está na imposição de um modelo de "desenvolvimento" capitalista predador. No Brasil, mesmo com todas as reciclagens, este capitalismo continua selvagem, sem limites. A devastação humana e ambiental segue desenfreada, a serviço da acumulação mundial de capital, a despeito de avanços do ambientalismo e da legislação ambiental. Em pouco mais de 60 anos o São Francisco, de exuberante fonte de vida tornou-se um rio condenado. E com ele, o povo que dele depende para viver.
Um caso exemplar: mais de 100 toneladas de peixes adultos já morreram, de Três Marias-MG abaixo, em conseqüência de comprovada contaminação por rejeitos tóxicos lançados pelo processamento de zinco da Votorantim Metais. Os pescadores têm sido os maiores prejudicados.
As barragens, para a produção de energia elétrica, artificializou o rio e o fez refém da CHESF - Cia. Hidrelétrica do São Francisco (e da CEMIG - Cia de Energia Elétrica de Minas Gerais). Foi o início do fim da pesca e dos pescadores artesanais. Como se não bastasse, novos barramentos estão sendo anunciados, levando angústia e descrença às comunidades afetadas.
Outro braço do Estado Federal na região, a CODEVASF - Cia. de Desenvolvimento do Vale do São Francisco, pôs-se a serviço de empreendimentos que mais degradam do que preservam o rio, suas águas, suas terras e suas gentes. A fruticultura irrigada para exportação é o mais conhecido e desastroso exemplo, comprovado até por estudos patrocinados pelo Banco Mundial.
A pesca artesanal deixou de ter importância para os políticos, planejadores e agentes do desenvolvimento, se é que um dia já lhe deram a devida importância. Tida como fadada à extinção, é tratada como um problema lateral, quando não simplesmente ignorada. De fato, no Brasil, ao contrário de outros países, não há uma política para a pesca artesanal, apenas programas compensatórios e integracionistas ao modelo de produção industrial e mercantil. Até no atual governo - opção eleitoral da maioria dos pescadores organizados -, uma inédita Secretaria Especial de Aqüicultura e Pesca mal disfarça a opção pelos grandes projetos, baseados em concentração de capital e no emprego de tecnologias agressivas ao meio-ambiente, a desprezar e substituir o modo e a cultura tradicionais das comunidades pesqueiras. Há uma intencional ignorância de que mais de 60% do consumo interno de pescado no Brasil provêm da pesca artesanal.
Ao nos ignorar no São Francisco, estas políticas, reféns do mercado, impõem a aqüicultura (de espécies exóticas e não migratórias, como a tilápia-do-Nilo e o camarão-da-Malásia) em tanques-rede e o peixamento (de espécies nativas) como "solução salvadora" para a pesca artesanal dada como em extinção. Uma extinção induzida e promovida. Um "genocídio cultural". Um "ecocídio".
Essa a mesma lógica que nos tem dificultado ou impedido o acesso às terras e as águas do São Francisco - rios, lagoas marginais, várzeas, ilhas, vazantes e mangues. E que não consegue disciplinar e condicionar o uso destas áreas pelo gado de latifundiários e os monocultivos comerciais, nem reprimir o cultivo de maconha, que tantos transtornos e inseguranças têm trazido às nossas comunidades ribeirinhas.
Pelas mesmas razões compreendemos as dificuldades que temos tido de acesso às condições dignas de vida e trabalho - moradia, educação, saúde, crédito, beneficiamento e comercialização do pescado, previdência social, e outras mais - Direitos Humanos fundamentais. Do mesmo modo, as crescentes e injustificadas restrições ambientais que são impostas às nossas atividades de pesca e agricultura nas ilhas e vazantes do rio. E não se trata do defeso na época de desova dos peixes, que esse quase todos nós já incorporamos e apoiamos.
Ao menosprezar, em nome de duvidosa modernidade, as comunidades tradicionais do São Francisco e seu modo secular de lidar com os bens naturais, ignora-se que somos essenciais para a conservação e utilização sustentáveis da diversidade biológica e da própria identidade regional e nacional. Este também o sentido de nosso alerta às autoridades e à nação brasileira. Não admitimos ser relegados a relíquias históricas, folclóricas, curiosidade turística!
Felizmente, a troca de informações e experiências neste encontro levou-nos também à constatação de que, apesar de tudo, mesmo combalido, o rio São Francisco ainda está vivo. A recente volta do peixe no Baixo e no Lago de Sobradinho reflete a incrível capacidade de recriação da natureza, quando as cheias, ainda que não mais generalizadas em todas as regiões, renovam as espécies nativas nas várzeas e lagoas marginais, que chamamos "criadeiras". Renovam também nossas esperanças de continuar existindo e contribuindo para a perpetuação da vida.
E nos animam a apresentar nossas propostas e reivindicações:
1) Suspender os anunciados projetos de novas barragens no rio São Francisco. Há alternativas de produção energética e barragens aceitáveis somente as pequenas nos afluentes, nos locais de baixo impacto sócio-ambiental e que cumpram também funções hidro-ambientais favoráveis ao rio.
2) Suspender o Projeto de Transposição, optando-se por formas alternativas de acumulação e gestão eficiente e democrática das águas existentes e suficientes para o verdadeiro desenvolvimento de todo o Nordeste semi-árido.
3) Desenvolver, com urgência e prioridade absoluta, um autêntico Programa de Revitalização da Bacia do Rio São Francisco, que leve em conta a experiência e a opinião das comunidades locais e que implemente:a) combate à poluição, com tratamento dos esgotos de todas cidades ribeirinhas e mais rigorosas exigências e punições ambientais às empresas poluidoras, a começar pela Votorantim Metais, em Três Marias-MG;b) mapeamento, regularização e arrecadação das terras públicas da União e dos Estados na Bacia do rio São Francisco, priorizando a cessão de uso às comunidades tradicionais (ribeirinhas, pescadoras, vazanteiras, indígenas e quilombolas), com privilégio da criação de Reservas Agro-Extrativistas e exigência efetiva de projetos sustentáveis para a cessão de uso privado, com vigência em períodos mais curtos e sob fiscalização mais rigorosa;c) garantia, mediante legislação específica, do livre acesso de pescadores e vazanteiros às ilhas, várzeas, mangues e vazantes;d) programas de educação ambiental em todas as comunidades rurais e escolas urbanas e formação de Agentes Ambientais Voluntários;e) criação de Comitês Gestores da Pesca por região da Bacia;f) realização de um Censo Comunitário pesqueiro, marisqueiro e vazanteiro na Bacia, acompanhado de um mapeamento das lagoas marginais;g) ordenamento da pesca nas regiões da Bacia, com especificidade para as lagoas marginais;h) estudos e medidas cabíveis para a implantação de uma Vazão Ecológica nas barragens e na foz, de modo a garantir a manutenção da biodiversidade, a sustentabilidade da pesca artesanal e a continuidade das comunidades tradicionais;i) mais rigorosa aplicação da legislação ambiental, fiscalização eficiente e punição exemplar dos infratores.
Sabemos que estas reivindicações dirigidas às autoridades dependem de nossa organização e pressão. Por isso, assumimos como compromissos de luta:
1) Trabalho de base nas comunidades ribeirinhas, informando, conscientizando e organizando os pescadores e pescadoras para adesão e reforço da luta em torno de nossas bandeiras;2) Mobilização social e política da população em torno destas bandeiras, de modo especial o impedimento das novas barragens e do projeto de transposição;3) Divulgação de nossas propostas, reivindicações e lutas;4) Construir a partir da base e conseguir aprovação e vigência de um Acordo de Pesca na Bacia do São Francisco;5) Realizar encontros regionais em 2007 e um II Encontro de Pescadores e Pescadoras da Bacia, em 2008, para avaliar e replanejar nossas lutas e conquistas.
Contando com aliados e parceiros, vamos continuar pescando vida e dignidade, no São Francisco, para salvação do rio, de seu povo, da nação brasileira e do planeta!
Salvador, 18 de junho de 2006.
domingo, junho 18, 2006
Legislativo não pode impor regras sobre transporte municipal de escolares
O Órgão Especial do TJRS julgou inconstitucional a Lei de São Jerônimo que estabelecia a obrigatoriedade do Município de transportar crianças de suas residências até a creche municipal. O julgamento unânime realizou-se em 12/6. A Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADIn) foi proposta pela Prefeito Municipal contra a Lei Nº 2.394, de 12 de maio de 2005, alegando invasão de competência do Poder Executivo pelo Legislativo local. Salientou que a Câmara impôs regras de organização administrativa, definindo trajetos do transporte escolar, ferindo o princípio da independência e harmonia dos Poderes. Interferência administrativa e impessoalidade A relatora, Desembargadora Maria Berenice Dias, destacou no voto que o transporte escolar é um serviço público de controle e fiscalização unicamente de competência do Executivo Municipal, sendo evidente a interferência na organização administrativa. “Não é demais mencionar que o transporte escolar está entre os deveres do Poder Público na área da educação e a Constituição do Estado do Rio Grande do Sul define que este, em cooperação com os Municípios, desenvolverá programas de transporte escolar que assegurem os recursos financeiros indispensáveis para garantir o acesso de todos os alunos à escola.” A magistrada acrescentou que a Lei também é contrária ao princípio da impessoalidade, “que deve imperar no âmbito da Administração Pública”, pois beneficia um único estabelecimento infantil (Creche Municipal São Jerônimo) quando a garantia do transporte escolar gratuito deve contemplar a todos, indistintamente, “ou seja, deve ser prestado de maneira que satisfaça à toda população-alvo, com observância rigorosa de requisitos prévios, destinados a dar um maior controle e fiscalização sobre os recursos públicos vinculados”. Proc. 70012685855 (Maria Helena Gozzer Benjamin)
Fonte: Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul
Fonte: Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul
Diárias que excedem metade do salário têm natureza salarial
O valor recebido a título de diárias de viagem superior a 50% do salário do empregado tem natureza salarial inclusive para fins de indenização, enquanto forem pagas. Não geram direito, porém, à integração definitiva ao salário, podendo ser suprimidas quando as viagens deixarem de ocorrer. Com este entendimento, a Quarta Turma do Tribunal Superior do Trabalho rejeitou agravo de instrumento da Companhia Estadual de Energia Elétrica (CEEE), negando-lhe provimento, e um recurso de revista de um ex-empregado da empresa, que não foi conhecido. A relatora dos recursos, juíza convocada Maria de Assis Calsing, verificou que a decisão estava de acordo com a jurisprudência do TST. O Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região (RS) havia determinado a integração das diárias para fins de cálculo das gratificações de férias e de farmácia. Embora a CEEE alegasse que essas vantagens foram instituídas “por mera liberalidade”, com critérios definidos pelo próprio empregador, o entendimento do TRT foi diferente. “Se determinada vantagem é instituída por norma regulamentar, não tem tal caráter. As diárias de viagem, a seu turno, quando excedentes a 50% do salário, perdem a natureza indenizatória”, dizia a decisão. No recurso de revista, cujo trancamento pelo TRT originou o agravo de instrumento, a CEEE sustentou que a integração das diárias em gratificações de férias e de farmácia não tinha previsão legal. A juíza Maria Calsing, porém, concluiu que, “ao constatar que as diárias excediam 50% do salário do empregado e determinar sua integração na base de cálculo das gratificações de férias e de farmácia o TRT apenas interpretou de forma razoável o artigo 457 da CLT”, e negou provimento ao agravo. No mesmo processo, o empregado recorreu contra a decisão que entendeu possível a supressão das diárias de viagem quando o empregado não mais se ausentar da sede do serviço por causa de viagens. Sua alegação era a de que, sendo as diárias superiores a 50% do salário, não poderiam ser suprimidas, pois caracterizaria redução de salário. O TRT confirmou que as diárias eram pagas por dia de deslocamento para fora da sede de trabalho, independente de comprovação de despesas. “Logo, não comporta dúvida a correlação dos valores pagos com seu afastamento da sede. Desta sorte, não se pode cogitar da hipótese de pagamentos sem a destinação de ressarcir despesas de viagem, e, por conseqüência, não se desenha a hipótese de salário, contraprestação de serviços normais.” A Quarta Turma, seguindo o voto da relatora, constatou que “a decisão regional encontra-se em consonância com a Súmula nº 101 do TST – que prevê a integração de diárias superiores a 50% “enquanto perdurarem as viagens”. (AIRR e RR 769171/2001.2)
Fonte: Tribunal Superior do Trabalho.
Fonte: Tribunal Superior do Trabalho.
Educação Ambiental e currículo escolar
Por: MARA REJANE OSÓRIO DUTRA
Mestre em Educação UFPEL; Professora da FURG e Educadora e coordenadora do Centro de Estudos Ambientais de Pelotas/ RS
Este texto[1] tem por objetivo discutir a relação entre Educação Ambiental e os currículos escolares, a partir de contribuições dos estudos pós-estruturalistas que, nos últimos, anos vêm problematizando a questão do currículo e suas implicações produtivas.
Parto, neste trabalho, da concepção de que os professores, a partir de diferentes discursos que os interpelam, produzem um currículo específico de EA.
Para desenvolver minhas reflexões, organizarei o texto da seguinte forma: inicialmente, apresentarei minhas escolhas teóricas, visto que toda pesquisa está ancorada numa perspectiva que oferece instrumentos e significados compreendidos como importantes para olhar um determinado objeto de estudo. Logo após, apresento algumas considerações baseadas num estudo realizado por mim entre 2002 e 2004. Neste estudo, tratei dos discursos sobre práticas pedagógicas de EA mobilizadas por onze professores de cinco escolas municipais de Pelotas/RS.
Estudos sobre o currículo: conceitos centrais
Os estudos sobre o currículo que seguem a corrente pós-estruturalista trouxeram contribuições que proporcionaram compreender os currículos escolares em suas ações produtivas. Ou seja, passaram a salientar que os currículos produzem “coisas” e que os currículos representam muito mais do que uma simples e desinteressada organização de conhecimento (Silva, 1999, Corraza, 2001, Garcia s/d). Currículo passou a ser compreendido como política cultural, como política de representação e como prática discursiva. Esses estudos, assim, demonstraram que os currículos são importantes mecanismos de produção e fabricação de culturas, de comportamentos, de identidades, e de valores que interpelam os sujeitos a quem se dirigem.
Como política cultural, o currículo é entendido como um artefato disputado. Grupos, sujeitos e instituições que participam dessa disputa desejam materializar, nos currículos, certos aspectos da cultura considerados, por eles, mais importantes, mais corretos, e mais normais, que outros. Como política de representação, o currículo é luta por definir e representar certas concepções de conhecimento e de cultura que têm como intenção produzir sujeitos e condutas específicas. E, como prática discursiva, o currículo define papéis, autoriza e desautoriza determinadas representações do mundo, hierarquiza conhecimentos, valoriza certos sujeitos, temas, grupos sociais e suas formas de vida e exclui outros tantos. Portanto, o currículo é um espaço de lutas e de conflitos que se acionam em torno dos diferentes significados sobre o social e o político. Nesse espaço, grupos expressam, através dos saberes e dos discursos, sua visão de mundo, seu projeto social e sua verdade sobre as coisas, instituindo os objetos de que falam e os sujeitos que interpelam (Silva, 1999).
Essas categorias rompem com idéias conservadoras sobre o currículo, quais sejam, concepções de currículo como grade, lista ou repertório de conhecimentos fixos, naturais e desinteressados que devem ser transmitidos aos alunos. Também, essas categorias nos chamam à atenção para o fato de que não há neutralidade nem desinteresse na seleção e materialização de saberes e conhecimentos que são organizados na escola; tampouco o currículo é um conjunto de conhecimentos que, simplesmente, aparece nos textos curriculares. O currículo é, antes de tudo, uma fabricação social caracterizada por um processo social de concorrência entre diferentes interesses que objetivam produzir e fortalecer aqueles conhecimentos sociais e culturais que entendem serem os mais válidos, os mais importantes a serem oferecidos aos estudantes (Silva, 2003).
Um currículo turístico
Atualmente é possível observar que uma série de grupos disputa os currículos escolares com objetivo de materializar certas concepções de EA (empresas, ONGs, mídia, governos, etc.). São diversas propostas de recursos para projetos, materiais pedagógicos, atividades, experiências, prêmios, panfletos e manuais que são constantemente apresentados como propostas às escolas e a seus professores. Alguns destes materiais tornaram-se subsídios importantes para as práticas educativas dos professores.
Os professores ao entrarem em contato com esses discursos produziram um tipo de Educação Ambiental que caracterizei como “currículo turístico”. Um tipo de currículo que, segundo Santomé (1995), teria as seguintes características principais: a trivialização; a superficialidade e a banalidade dos temas; a tendência a ter um estilo que se aproxima de algo como suvenires.
Nesse tipo de currículo, as experiências escolares de EA acontecem esporadicamente: são trabalhos ocasionais, restritos a dias especiais e comemorativos nos quais, os alunos fazem exposições e gincanas em que, geralmente, competem e ganham prêmios por recolherem garrafas PET, embalagens, papel, vidros, apresentam painéis com definições de flora e fauna ou sobre poluição da água, do solo e outras. Fazem, ainda, os mutirões de recolhimento de lixo com o objetivo de mostrar problemas como aumento e o desleixo, em termos do destino final do lixo e, também, realizam visitas a áreas de preservação (geralmente munidos de uma parafernália de enlatados, chips, refrigerantes...), atividades que se parecem muito com uma atividade meramente recreativa, num local diferente da sala de aulas. Essas atividades não envolvem leituras de textos, explicações e discussões; a atividade é realizada diante da concepção da auto-reflexão, da auto-informação, do esclarecimento pela apreciação da realidade que ali se mostra.
Na impossibilidade de organizarem estas atividades, algumas escolas procuram entidades ambientalistas ou órgãos governamentais que tratem da questão ambiental e que promovam atividades de EA nas escolas. Os trabalhos que mais se destacam nestas ações são trabalhos como oficinas de sucatas (onde os alunos aprendem a fazer brinquedos, jogos, enfeites com papel e garrafas plásticas), teatros, danças (que se orientam, geralmente, por sons e letras que falam da natureza) e recolhimento de resíduos sólidos em alguns locais. Passados os dias comemorativos, a escola volta às suas tarefas cotidianas e, quando muito, continua com o processo de separação de resíduo sólido e a sua venda por parte das escolas.
Nestas atividades os conhecimentos ambientais são fragmentados, limitados, e as relações históricas e políticas da construção e produção dos problemas ambientais permanecem intocadas. Ao não se discutirem os conceitos, os valores e os sentidos das relações sociais, econômicas e políticas e as implicações destas com os temas ambientais, os professores, quando muito, conseguem orientar para certos procedimentos descontextualizados.
Um fato significativo destas ações desenvolvidas nas escolas é a separação e venda de lixo limpo. As escolas, diante de suas dificuldades, vêm sendo seduzidas por ofertas de seletividade de resíduos e se tem observado, em alguns momentos, que os recursos provenientes das vendas desses resíduos têm-se sobreposto ao ato educativo. Não se trata de educar sobre o lixo e sobre os problemas sociais e ambientais, de que o tema poderia tratar, mas de recolher muito lixo, trazer para a escola, vender e produzir recursos extras. Além disso, as escolas acabam fortalecendo o consumismo e, consequëntemente, mais geração de resíduos, algumas trocam os resíduos por nota ou prêmios. Desta forma, os alunos procuram e, as vezes, pressionam os pais para comprar certos produtos que, em outras situações, não seriam consumidos por suas famílias.
No entanto, isso não acontece por má vontade ou desinteresse dos professores. Algumas questões devem ser observadas uma de ordem interna a organização escolar e outra de ordem externa. Internamente, a EA ocupa posição desprestigiada nos currículos, existe uma forte tradição disciplinar e pouca oferta de formação de professores para tratar dos temas ambientais. Fora da escola, outros fatores também ajudam a fortalecer o currículo turístico. Entre eles, é possível citar as atividades desenvolvidas por secretarias de meio ambiente, ONGs e empresas que buscam, nas escolas, meios de fortalecerem suas iniciativas e interesses. Ao fazerem isso, colocam, para a escola, uma série de representações e sentidos sobre as questões ambientais e sobre a EA, as quais acabam atravessando os modos de pensar e agir dos professores e, por conseqüência, as atividades que eles produzem.
Nesta relação o que acaba acontecendo é que nas escolas, a EA acaba existindo graças à boa vontade e disposição de alguns professores e como objeto de áreas de conhecimento ou disciplinas que são consideradas mais próximas da natureza. Neste caso, e levando-se em consideração as escolas estudadas, os professores falam em EA com dois sentidos diferentes. De um lado, é relacionada com as disciplinas de Ciências, Geografia e áreas a fins, embora, em termos de conhecimentos científicos, os professores dessas escolas entendem que existe uma relação mais estreita da EA com os conteúdos definidos, principalmente, para a área de Ciências. De outro lado, a EA se resume especificamente a procedimentos e ações (projetos de seletividade de lixo, plantios de árvores...) pouco vinculadas a essas disciplinas ou áreas.
Essa afinidade entre EA e ciências é também característica das políticas públicas educacionais, os próprios Temas Transversais reafirmam essa concepção quando admitem que as disciplinas que mais se “identificam como o tema ambiental seriam as ciências naturais, geografia e história; às demais disciplinas, cabe a condição de contribuintes eventuais ao desenvolvimento da EA na escola”. (Dutra, 2005). Em vários momentos, nos textos deste guia curricular, a disciplina de Ciências é colocada como um campo fértil de entendimento dos temas ambientais.
Como as definições acerca dos saberes específicos de EA ainda não vêm sendo muito discutidas e problematizadas nos espaços escolares, prevalece à força da tradição curricular que se caracteriza por uma concepção biologicista e cientificista da natureza que vem se pautando, por exemplo, na classificação, hierarquização e observação das espécies da flora e da fauna e do corpo humano.
Esses fatores conjugados fortalecem cada vez mais o desenvolvimento do currículo turístico, um tipo de currículo que é mobilizado no espaço escolar de diferentes maneiras. Os discursos e as práticas que produz são ofertados aos alunos, pais e comunidade escolar em geral. Portanto, são processo de fabricação de significados e representações que apresentam um único caminho a seguir; ao fazer isso, impede outros.
Creio que a luta para dar conta da transformação deste tipo de currículo (tanto na escola como na universidade) envolve entendê-lo como um arranjo, como uma produção humana que se configurou a partir de certos pensamentos, de certas necessidades sociais. Assim, se o currículo é uma produção, precisamos entender que ele pode ser novamente produzido e transformado. No entanto, essa transformação exige, no mínimo, a transformação dos modos como se compreendem os currículos. Envolve tratar o currículo como envolto em relações de poder (Foucault, 2004), como um artefato de produção de significados e representações culturais, como um artefato discursivo de produção de identidades, e como instituidor de condutas e comportamentos específicos. Transformar um currículo escolar seja ele na universidade ou nas escolas, exige, entre outras coisas, questionar qual política cultural queremos implantar, quais vozes que queremos privilegiar, sempre admitindo que o currículo é lugar de produção e de fabricação de discursos representações e significados (Garcia, mimeo, s/d). Isto porque o currículo cria e produz identidades, significados e modos de agir que interpelam uma série de sujeitos. Portanto, discutir, repensar, questionar, desestabilizar o currículo turístico e a EA que desenvolve é politicamente e culturalmente questão urgente e necessária.
Concluindo, gostaria de reiterar, neste texto, o que venho afirmando constantemente:
Meu desejo é que este texto possa ser considerado como um bom motivo para reflexão sobre o poder docente, sobre os currículos e, principalmente, sobre a EA, que mesmo estando nas escolas em condição menos nobre do que outros temas considerados mais importantes, vem produzindo significados e representações, as quais marcam e atravessam os modos de pensar e agir de alunos e da comunidade escolar. Espero que essa problematização seja produtiva no sentido de que possa, no mínimo, ser um bom pretexto para desencadear boas perguntas e outros olhares sobre o que acontece nas escolas (DUTRA, 2005:130).
Não existem receitas, mas a discussão é necessária. Se quisermos realmente uma EA com condições efetivas de transformação de uma realidade atual há que se fazer escolhas e as escolhas, acredito, exigem reflexões, discussões e trocas.
__________
[1] Este texto é parte adaptada de minha dissertação de mestrado com o título “Professores e educação ambiental: uma relação produtiva”.
http://www.espacoacademico.com.br -
Mestre em Educação UFPEL; Professora da FURG e Educadora e coordenadora do Centro de Estudos Ambientais de Pelotas/ RS
Este texto[1] tem por objetivo discutir a relação entre Educação Ambiental e os currículos escolares, a partir de contribuições dos estudos pós-estruturalistas que, nos últimos, anos vêm problematizando a questão do currículo e suas implicações produtivas.
Parto, neste trabalho, da concepção de que os professores, a partir de diferentes discursos que os interpelam, produzem um currículo específico de EA.
Para desenvolver minhas reflexões, organizarei o texto da seguinte forma: inicialmente, apresentarei minhas escolhas teóricas, visto que toda pesquisa está ancorada numa perspectiva que oferece instrumentos e significados compreendidos como importantes para olhar um determinado objeto de estudo. Logo após, apresento algumas considerações baseadas num estudo realizado por mim entre 2002 e 2004. Neste estudo, tratei dos discursos sobre práticas pedagógicas de EA mobilizadas por onze professores de cinco escolas municipais de Pelotas/RS.
Estudos sobre o currículo: conceitos centrais
Os estudos sobre o currículo que seguem a corrente pós-estruturalista trouxeram contribuições que proporcionaram compreender os currículos escolares em suas ações produtivas. Ou seja, passaram a salientar que os currículos produzem “coisas” e que os currículos representam muito mais do que uma simples e desinteressada organização de conhecimento (Silva, 1999, Corraza, 2001, Garcia s/d). Currículo passou a ser compreendido como política cultural, como política de representação e como prática discursiva. Esses estudos, assim, demonstraram que os currículos são importantes mecanismos de produção e fabricação de culturas, de comportamentos, de identidades, e de valores que interpelam os sujeitos a quem se dirigem.
Como política cultural, o currículo é entendido como um artefato disputado. Grupos, sujeitos e instituições que participam dessa disputa desejam materializar, nos currículos, certos aspectos da cultura considerados, por eles, mais importantes, mais corretos, e mais normais, que outros. Como política de representação, o currículo é luta por definir e representar certas concepções de conhecimento e de cultura que têm como intenção produzir sujeitos e condutas específicas. E, como prática discursiva, o currículo define papéis, autoriza e desautoriza determinadas representações do mundo, hierarquiza conhecimentos, valoriza certos sujeitos, temas, grupos sociais e suas formas de vida e exclui outros tantos. Portanto, o currículo é um espaço de lutas e de conflitos que se acionam em torno dos diferentes significados sobre o social e o político. Nesse espaço, grupos expressam, através dos saberes e dos discursos, sua visão de mundo, seu projeto social e sua verdade sobre as coisas, instituindo os objetos de que falam e os sujeitos que interpelam (Silva, 1999).
Essas categorias rompem com idéias conservadoras sobre o currículo, quais sejam, concepções de currículo como grade, lista ou repertório de conhecimentos fixos, naturais e desinteressados que devem ser transmitidos aos alunos. Também, essas categorias nos chamam à atenção para o fato de que não há neutralidade nem desinteresse na seleção e materialização de saberes e conhecimentos que são organizados na escola; tampouco o currículo é um conjunto de conhecimentos que, simplesmente, aparece nos textos curriculares. O currículo é, antes de tudo, uma fabricação social caracterizada por um processo social de concorrência entre diferentes interesses que objetivam produzir e fortalecer aqueles conhecimentos sociais e culturais que entendem serem os mais válidos, os mais importantes a serem oferecidos aos estudantes (Silva, 2003).
Um currículo turístico
Atualmente é possível observar que uma série de grupos disputa os currículos escolares com objetivo de materializar certas concepções de EA (empresas, ONGs, mídia, governos, etc.). São diversas propostas de recursos para projetos, materiais pedagógicos, atividades, experiências, prêmios, panfletos e manuais que são constantemente apresentados como propostas às escolas e a seus professores. Alguns destes materiais tornaram-se subsídios importantes para as práticas educativas dos professores.
Os professores ao entrarem em contato com esses discursos produziram um tipo de Educação Ambiental que caracterizei como “currículo turístico”. Um tipo de currículo que, segundo Santomé (1995), teria as seguintes características principais: a trivialização; a superficialidade e a banalidade dos temas; a tendência a ter um estilo que se aproxima de algo como suvenires.
Nesse tipo de currículo, as experiências escolares de EA acontecem esporadicamente: são trabalhos ocasionais, restritos a dias especiais e comemorativos nos quais, os alunos fazem exposições e gincanas em que, geralmente, competem e ganham prêmios por recolherem garrafas PET, embalagens, papel, vidros, apresentam painéis com definições de flora e fauna ou sobre poluição da água, do solo e outras. Fazem, ainda, os mutirões de recolhimento de lixo com o objetivo de mostrar problemas como aumento e o desleixo, em termos do destino final do lixo e, também, realizam visitas a áreas de preservação (geralmente munidos de uma parafernália de enlatados, chips, refrigerantes...), atividades que se parecem muito com uma atividade meramente recreativa, num local diferente da sala de aulas. Essas atividades não envolvem leituras de textos, explicações e discussões; a atividade é realizada diante da concepção da auto-reflexão, da auto-informação, do esclarecimento pela apreciação da realidade que ali se mostra.
Na impossibilidade de organizarem estas atividades, algumas escolas procuram entidades ambientalistas ou órgãos governamentais que tratem da questão ambiental e que promovam atividades de EA nas escolas. Os trabalhos que mais se destacam nestas ações são trabalhos como oficinas de sucatas (onde os alunos aprendem a fazer brinquedos, jogos, enfeites com papel e garrafas plásticas), teatros, danças (que se orientam, geralmente, por sons e letras que falam da natureza) e recolhimento de resíduos sólidos em alguns locais. Passados os dias comemorativos, a escola volta às suas tarefas cotidianas e, quando muito, continua com o processo de separação de resíduo sólido e a sua venda por parte das escolas.
Nestas atividades os conhecimentos ambientais são fragmentados, limitados, e as relações históricas e políticas da construção e produção dos problemas ambientais permanecem intocadas. Ao não se discutirem os conceitos, os valores e os sentidos das relações sociais, econômicas e políticas e as implicações destas com os temas ambientais, os professores, quando muito, conseguem orientar para certos procedimentos descontextualizados.
Um fato significativo destas ações desenvolvidas nas escolas é a separação e venda de lixo limpo. As escolas, diante de suas dificuldades, vêm sendo seduzidas por ofertas de seletividade de resíduos e se tem observado, em alguns momentos, que os recursos provenientes das vendas desses resíduos têm-se sobreposto ao ato educativo. Não se trata de educar sobre o lixo e sobre os problemas sociais e ambientais, de que o tema poderia tratar, mas de recolher muito lixo, trazer para a escola, vender e produzir recursos extras. Além disso, as escolas acabam fortalecendo o consumismo e, consequëntemente, mais geração de resíduos, algumas trocam os resíduos por nota ou prêmios. Desta forma, os alunos procuram e, as vezes, pressionam os pais para comprar certos produtos que, em outras situações, não seriam consumidos por suas famílias.
No entanto, isso não acontece por má vontade ou desinteresse dos professores. Algumas questões devem ser observadas uma de ordem interna a organização escolar e outra de ordem externa. Internamente, a EA ocupa posição desprestigiada nos currículos, existe uma forte tradição disciplinar e pouca oferta de formação de professores para tratar dos temas ambientais. Fora da escola, outros fatores também ajudam a fortalecer o currículo turístico. Entre eles, é possível citar as atividades desenvolvidas por secretarias de meio ambiente, ONGs e empresas que buscam, nas escolas, meios de fortalecerem suas iniciativas e interesses. Ao fazerem isso, colocam, para a escola, uma série de representações e sentidos sobre as questões ambientais e sobre a EA, as quais acabam atravessando os modos de pensar e agir dos professores e, por conseqüência, as atividades que eles produzem.
Nesta relação o que acaba acontecendo é que nas escolas, a EA acaba existindo graças à boa vontade e disposição de alguns professores e como objeto de áreas de conhecimento ou disciplinas que são consideradas mais próximas da natureza. Neste caso, e levando-se em consideração as escolas estudadas, os professores falam em EA com dois sentidos diferentes. De um lado, é relacionada com as disciplinas de Ciências, Geografia e áreas a fins, embora, em termos de conhecimentos científicos, os professores dessas escolas entendem que existe uma relação mais estreita da EA com os conteúdos definidos, principalmente, para a área de Ciências. De outro lado, a EA se resume especificamente a procedimentos e ações (projetos de seletividade de lixo, plantios de árvores...) pouco vinculadas a essas disciplinas ou áreas.
Essa afinidade entre EA e ciências é também característica das políticas públicas educacionais, os próprios Temas Transversais reafirmam essa concepção quando admitem que as disciplinas que mais se “identificam como o tema ambiental seriam as ciências naturais, geografia e história; às demais disciplinas, cabe a condição de contribuintes eventuais ao desenvolvimento da EA na escola”. (Dutra, 2005). Em vários momentos, nos textos deste guia curricular, a disciplina de Ciências é colocada como um campo fértil de entendimento dos temas ambientais.
Como as definições acerca dos saberes específicos de EA ainda não vêm sendo muito discutidas e problematizadas nos espaços escolares, prevalece à força da tradição curricular que se caracteriza por uma concepção biologicista e cientificista da natureza que vem se pautando, por exemplo, na classificação, hierarquização e observação das espécies da flora e da fauna e do corpo humano.
Esses fatores conjugados fortalecem cada vez mais o desenvolvimento do currículo turístico, um tipo de currículo que é mobilizado no espaço escolar de diferentes maneiras. Os discursos e as práticas que produz são ofertados aos alunos, pais e comunidade escolar em geral. Portanto, são processo de fabricação de significados e representações que apresentam um único caminho a seguir; ao fazer isso, impede outros.
Creio que a luta para dar conta da transformação deste tipo de currículo (tanto na escola como na universidade) envolve entendê-lo como um arranjo, como uma produção humana que se configurou a partir de certos pensamentos, de certas necessidades sociais. Assim, se o currículo é uma produção, precisamos entender que ele pode ser novamente produzido e transformado. No entanto, essa transformação exige, no mínimo, a transformação dos modos como se compreendem os currículos. Envolve tratar o currículo como envolto em relações de poder (Foucault, 2004), como um artefato de produção de significados e representações culturais, como um artefato discursivo de produção de identidades, e como instituidor de condutas e comportamentos específicos. Transformar um currículo escolar seja ele na universidade ou nas escolas, exige, entre outras coisas, questionar qual política cultural queremos implantar, quais vozes que queremos privilegiar, sempre admitindo que o currículo é lugar de produção e de fabricação de discursos representações e significados (Garcia, mimeo, s/d). Isto porque o currículo cria e produz identidades, significados e modos de agir que interpelam uma série de sujeitos. Portanto, discutir, repensar, questionar, desestabilizar o currículo turístico e a EA que desenvolve é politicamente e culturalmente questão urgente e necessária.
Concluindo, gostaria de reiterar, neste texto, o que venho afirmando constantemente:
Meu desejo é que este texto possa ser considerado como um bom motivo para reflexão sobre o poder docente, sobre os currículos e, principalmente, sobre a EA, que mesmo estando nas escolas em condição menos nobre do que outros temas considerados mais importantes, vem produzindo significados e representações, as quais marcam e atravessam os modos de pensar e agir de alunos e da comunidade escolar. Espero que essa problematização seja produtiva no sentido de que possa, no mínimo, ser um bom pretexto para desencadear boas perguntas e outros olhares sobre o que acontece nas escolas (DUTRA, 2005:130).
Não existem receitas, mas a discussão é necessária. Se quisermos realmente uma EA com condições efetivas de transformação de uma realidade atual há que se fazer escolhas e as escolhas, acredito, exigem reflexões, discussões e trocas.
__________
[1] Este texto é parte adaptada de minha dissertação de mestrado com o título “Professores e educação ambiental: uma relação produtiva”.
http://www.espacoacademico.com.br -
O VELHO ESTILO MALVADEZA
Por: Leandro Fortes (Carta Capital)
Acusado de usar um amigo como testa-de-ferro, ACM parte para a ofensa
O reinado carlista na Bahia, quase sempre sob controle, vive momentos de grande alvoroço às vésperas do período eleitoral. À decisão do PSDB local de não se aliar ao PFL dominado pelo senador Antonio Carlos Magalhães juntou-se mais uma saraivada de denúncias que envolvem o clã de ACM. No olho do furacão está o publicitário preferido do senador, Fernando Barros, dono da Propeg e das principais contas publicitárias do governo da Bahia e dos fiéis seguidores do carlismo. Acusado pelo deputado estadual Emiliano José, do PT, de usar Barros como testa-de-ferro em negócios escusos, ACM reagiu com a virulência de costume: chamou o adversário de "canalha" e, é claro, botou a mãe no meio. Iniciou-se, então, uma troca de insultos, via fax, com papéis timbrados da Assembléia Legislativa da Bahia e do Senado Federal.
Farpas.No diálogo de alto nível que se seguiu à denúncia, sobrou até para a mãe do deputado EmilianoEmiliano também levantou, junto à Secretaria de Fazenda da Bahia, que Antonio Carlos Magalhães Júnior, filho e suplente de ACM no Senado, era sócio de pelo menos duas empresas ligadas a Fernando Barros. ACM Júnior, aliás, segundo cadastro da mesma secretaria, aparece como sendo ou tendo sido sócio de 54 empresas no estado. Apesar da documentação apresentada pelo deputado petista, o senador Antonio Carlos, de Brasília, vociferou por meio de um fax. Negou ter sociedade com Fernando Barros, assim como o filho, Júnior. E mandou ver: “Inclusive, se o sr. encontrar alguma cota, passo-as para a senhora sua mãe, a fim de que lhe sirva como herança no seu triste fim de vida”. A resposta de Emiliano veio no mesmo tom. “Não me ameace porque, se não tive medo de quando Vossa Excelência era um rastejante bajulador que se escondia por trás da ditadura militar, quanto mais agora, que não é mais que um ex-coronel fracassado, que saiu pela porta dos fundos para não ser cassado”, escreveu o deputado petista. “Não cite minha mãe em sua boca suja, nem minta sobre a presença do nome de seu filho Antonio Carlos Peixoto Magalhães Júnior.” O que primeiro despertou a ira de ACM foi um pronunciamento de Emiliano, na quarta-feira 26, no plenário da Assembléia, contando a história de uma suposta negociata. De posse de diversos documentos, o parlamentar relatou que, em 1999, uma empresa de Fernando Barros tornou-se dona de uma área de 230 mil metros quadrados no litoral da Bahia, na região da Base Naval de Aratu, próximo a Salvador. A empresa dele envolvida no negócio, conhecida como Grupo TPC (Terminal Portuário Cotegipe), tomou posse do lugar, após incorporar uma outra companhia, a Creso Amorim, esta, sim, vencedora da licitação anterior da área. Os terrenos envolvidos estão situados em pontos geográficos de nomes emblemáticos: “Ponta do Fernandinho” e “Ponta do Criminoso”. No ano seguinte, em outubro de 2000, a TPC começou a negociar com a empresa Moinhos Dias Branco uma sociedade para implantação e exploração do terminal portuário. Para tal, prometeu vender o terreno concessionado à Creso Amorim. A promessa de venda feria o contrato de concessão firmado com a Marinha, mas isso não foi levado em conta. Para tal, chegou-se a uma solução mirabolante: o estado da Bahia resolveu comprar a área da TPC por intermédio da Superintendência de Desenvolvimento Industrial e Comercial (Sudic). Trata-se de uma negociação estranha com terras públicas da União. A compra foi feita em três fases, a partir de 14 de agosto de 2000, e resultou na transferência, sem qualquer licitação ou concorrência pública, de áreas adquiridas pelo governo baiano para a iniciativa privada. A primeira fase englobou uma área de 81.885,34 metros quadrados, adquirida pelo estado da Bahia por 663 mil reais. Em 7 de maio de 2001, a Sudic revendeu o mesmo terreno para a Moinhos Dias Branco – em sociedade com a TPC de Fernando Barros – por 22,6 mil reais. Apenas nessa operação, os cofres baianos tiveram um prejuízo estimado de 640,3 mil reais.
Digitais.O deputado Emiliano José exibiu documentos que apontam vínculos da família de ACM com empresas de Fernando BarrosOutras duas transações, firmadas nos dias 5 e 15 de abril de 2002, resultaram numa transferência de terras para a dupla TPC - Moinhos Dias Branco de 395 mil metros quadrados – ou seja, 165 mil metros quadrados ou 72% acima da área inicialmente concedida para o terminal portuário. Um tipo peculiar de negociação de terras públicas que não passou incólume aos olhos da Gerência de Patrimônio da União, onde um processo foi aberto para se argüir a nulidade da alienação do terreno, ocorrida em área de domínio pleno da Marinha. O grupo de Fernando Barros também passou a atuar na exploração do terminal portuário vizinho ao de Aratu, conhecido como Porto de Ponta da Laje. O terminal foi um empreendimento construído, por 24 milhões de reais, pelo governo da Bahia para garantir a presença da multinacional Ford no estado. É por lá que a montadora exporta os veículos produzidos na fábrica de Camaçari, a 45 quilômetros de Salvador. Lá, a TPC opera como provedora logística da Ford. Nos últimos cinco anos, o Grupo TPC ramificou-se em uma grande quantidade de empresas. Entre elas: C. Port Porto Cotegipe, Terminal Portuário Cotegipe, TPC Operador Logístico, Pronto Logística, Pronto Express, Pronto Express Logística, Porto Cotegipe Logística, Cosmo Express e Modal Serviços Retroportuários, todas sócias entre si. Esse expediente pode ser usado para dificultar o rastreamento contábil e fiscal de grupos empresariais. Mas é justamente na análise dessas companhias que se acha uma ligação ainda mais explícita entre Fernando Barros e o clã dos Magalhães. Até 2003, um dos filhos do senador ACM, o professor Antonio Carlos Magalhães Júnior (pai do deputado ACM Neto, do PFL), era sócio de duas das empresas englobadas pelo Grupo TPC: a Cosmo Express e a Pronto Express. Compradas por Fernando Barros, as empresas deixaram, imediatamente, de ter o nome de ACM Júnior no quadro societário. Suplente do pai no Senado Federal, Júnior chegou a ser titular do mandato quando, em 2001, ACM renunciou para não ser cassado por envolvimento na quebra ilegal de sigilo do painel eletrônico da Casa. A última investida do Grupo TPC foi também em 2003, quando tentou levar para o Terminal Portuário de Cotegipe todo o escoamento de grãos, sobretudo soja, produzidos na Bahia. O grupo de Fernando Barros tentou derrotar, na Justiça, a empresa multinacional Bunge Alimentos, vencedora da concorrência pública realizada pela Companhia de Docas da Bahia (Codeba). Pelos termos do contrato, a Bunge ganhou o direito de exportar os grãos baianos pelo Porto de Aratu. A TPC perdeu, mas o senador César Borges (PFL-BA), governador do estado na época de todas as transações do Grupo TPC, garante que tudo não passa de “tramóia do PT”. O discurso de Borges é afinado com o de ACM, de resto, chefe político dele, do atual governador da Bahia, Paulo Souto, e de todo o PFL baiano. No segundo fax enviado ao deputado Emiliano José, além de nova referência à mãe do parlamentar, Antonio Carlos foi direto ao cerne da questão. Destilou fel ao referir-se à Bunge, segundo ele, “multinacional que deseja o monopólio da produção de grãos, a fim de prejudicar os verdadeiros produtores baianos”. Segundo o senador, o PT baiano teria se valido do contrato com a Bunge para se locupletar. O troco de Emiliano, chamado outra vez de “canalha”, veio de bate-pronto. “Canalhice é a sua triste história política que envergonha a Bahia”, escreveu o deputado. “Lambe-botas dos militares, enriqueceu à custa de recursos públicos”, disparou. O grupo carlista tem outro desafio, além do de responder às acusações de irregularidade na administração pública estadual. Capitaneado pelo deputado Jutahy Magalhães Júnior, o PSDB baiano decidiu se aliar ao PDT, partido do prefeito João Henrique, filho do candidato da sigla ao governo, o ex-governador e ex-aliado de ACM, João Durval. Paulo Souto declarou que, caso seja hostilizado pelos tucanos da Bahia, poderá, isoladamente, não apoiar a candidatura de Geraldo Alckmin à Presidência. Mas, como tudo no PFL baiano, a reação de Souto vai depender mesmo da vontade do senador Antonio Carlos. Além disso, outro fato recente serviu para aumentar o embaraço do clã dos Magalhães. O Correio da Bahia, jornal da família de ACM usado, sem camuflagem, para detonar desafetos políticos e pessoais do senador, foi condenado a pagar 3 mil salários mínimos (mais de 1 milhão de reais) ao presidente do Tribunal Regional Eleitoral baiano, desembargador Carlos Alberto Cintra. Acusado de “dono do Judiciário prostituído” por ACM, Cintra tornou-se alvo do senador ao interromper, há duas eleições, a influência do pefelista dentro do Tribunal de Justiça da Bahia. No último pleito, o desembargador Benício Figueiredo foi eleito com o apoio de Carlos Alberto Cintra, após vencer, com larga diferença, o desembargador Eduardo Jorge Magalhães, irmão de ACM. Na sentença que condenou o Correio da Bahia, o juiz Clésio Carrilho Rosa assinalou: “Por motivos estranhos, ocultos e alheios aos autos, o periódico (Correio da Bahia) demonstra pretender atacar, abertamente, a figura, a imagem e a honra de integrantes do Poder Judiciário baiano”.
Acusado de usar um amigo como testa-de-ferro, ACM parte para a ofensa
O reinado carlista na Bahia, quase sempre sob controle, vive momentos de grande alvoroço às vésperas do período eleitoral. À decisão do PSDB local de não se aliar ao PFL dominado pelo senador Antonio Carlos Magalhães juntou-se mais uma saraivada de denúncias que envolvem o clã de ACM. No olho do furacão está o publicitário preferido do senador, Fernando Barros, dono da Propeg e das principais contas publicitárias do governo da Bahia e dos fiéis seguidores do carlismo. Acusado pelo deputado estadual Emiliano José, do PT, de usar Barros como testa-de-ferro em negócios escusos, ACM reagiu com a virulência de costume: chamou o adversário de "canalha" e, é claro, botou a mãe no meio. Iniciou-se, então, uma troca de insultos, via fax, com papéis timbrados da Assembléia Legislativa da Bahia e do Senado Federal.
Farpas.No diálogo de alto nível que se seguiu à denúncia, sobrou até para a mãe do deputado EmilianoEmiliano também levantou, junto à Secretaria de Fazenda da Bahia, que Antonio Carlos Magalhães Júnior, filho e suplente de ACM no Senado, era sócio de pelo menos duas empresas ligadas a Fernando Barros. ACM Júnior, aliás, segundo cadastro da mesma secretaria, aparece como sendo ou tendo sido sócio de 54 empresas no estado. Apesar da documentação apresentada pelo deputado petista, o senador Antonio Carlos, de Brasília, vociferou por meio de um fax. Negou ter sociedade com Fernando Barros, assim como o filho, Júnior. E mandou ver: “Inclusive, se o sr. encontrar alguma cota, passo-as para a senhora sua mãe, a fim de que lhe sirva como herança no seu triste fim de vida”. A resposta de Emiliano veio no mesmo tom. “Não me ameace porque, se não tive medo de quando Vossa Excelência era um rastejante bajulador que se escondia por trás da ditadura militar, quanto mais agora, que não é mais que um ex-coronel fracassado, que saiu pela porta dos fundos para não ser cassado”, escreveu o deputado petista. “Não cite minha mãe em sua boca suja, nem minta sobre a presença do nome de seu filho Antonio Carlos Peixoto Magalhães Júnior.” O que primeiro despertou a ira de ACM foi um pronunciamento de Emiliano, na quarta-feira 26, no plenário da Assembléia, contando a história de uma suposta negociata. De posse de diversos documentos, o parlamentar relatou que, em 1999, uma empresa de Fernando Barros tornou-se dona de uma área de 230 mil metros quadrados no litoral da Bahia, na região da Base Naval de Aratu, próximo a Salvador. A empresa dele envolvida no negócio, conhecida como Grupo TPC (Terminal Portuário Cotegipe), tomou posse do lugar, após incorporar uma outra companhia, a Creso Amorim, esta, sim, vencedora da licitação anterior da área. Os terrenos envolvidos estão situados em pontos geográficos de nomes emblemáticos: “Ponta do Fernandinho” e “Ponta do Criminoso”. No ano seguinte, em outubro de 2000, a TPC começou a negociar com a empresa Moinhos Dias Branco uma sociedade para implantação e exploração do terminal portuário. Para tal, prometeu vender o terreno concessionado à Creso Amorim. A promessa de venda feria o contrato de concessão firmado com a Marinha, mas isso não foi levado em conta. Para tal, chegou-se a uma solução mirabolante: o estado da Bahia resolveu comprar a área da TPC por intermédio da Superintendência de Desenvolvimento Industrial e Comercial (Sudic). Trata-se de uma negociação estranha com terras públicas da União. A compra foi feita em três fases, a partir de 14 de agosto de 2000, e resultou na transferência, sem qualquer licitação ou concorrência pública, de áreas adquiridas pelo governo baiano para a iniciativa privada. A primeira fase englobou uma área de 81.885,34 metros quadrados, adquirida pelo estado da Bahia por 663 mil reais. Em 7 de maio de 2001, a Sudic revendeu o mesmo terreno para a Moinhos Dias Branco – em sociedade com a TPC de Fernando Barros – por 22,6 mil reais. Apenas nessa operação, os cofres baianos tiveram um prejuízo estimado de 640,3 mil reais.
Digitais.O deputado Emiliano José exibiu documentos que apontam vínculos da família de ACM com empresas de Fernando BarrosOutras duas transações, firmadas nos dias 5 e 15 de abril de 2002, resultaram numa transferência de terras para a dupla TPC - Moinhos Dias Branco de 395 mil metros quadrados – ou seja, 165 mil metros quadrados ou 72% acima da área inicialmente concedida para o terminal portuário. Um tipo peculiar de negociação de terras públicas que não passou incólume aos olhos da Gerência de Patrimônio da União, onde um processo foi aberto para se argüir a nulidade da alienação do terreno, ocorrida em área de domínio pleno da Marinha. O grupo de Fernando Barros também passou a atuar na exploração do terminal portuário vizinho ao de Aratu, conhecido como Porto de Ponta da Laje. O terminal foi um empreendimento construído, por 24 milhões de reais, pelo governo da Bahia para garantir a presença da multinacional Ford no estado. É por lá que a montadora exporta os veículos produzidos na fábrica de Camaçari, a 45 quilômetros de Salvador. Lá, a TPC opera como provedora logística da Ford. Nos últimos cinco anos, o Grupo TPC ramificou-se em uma grande quantidade de empresas. Entre elas: C. Port Porto Cotegipe, Terminal Portuário Cotegipe, TPC Operador Logístico, Pronto Logística, Pronto Express, Pronto Express Logística, Porto Cotegipe Logística, Cosmo Express e Modal Serviços Retroportuários, todas sócias entre si. Esse expediente pode ser usado para dificultar o rastreamento contábil e fiscal de grupos empresariais. Mas é justamente na análise dessas companhias que se acha uma ligação ainda mais explícita entre Fernando Barros e o clã dos Magalhães. Até 2003, um dos filhos do senador ACM, o professor Antonio Carlos Magalhães Júnior (pai do deputado ACM Neto, do PFL), era sócio de duas das empresas englobadas pelo Grupo TPC: a Cosmo Express e a Pronto Express. Compradas por Fernando Barros, as empresas deixaram, imediatamente, de ter o nome de ACM Júnior no quadro societário. Suplente do pai no Senado Federal, Júnior chegou a ser titular do mandato quando, em 2001, ACM renunciou para não ser cassado por envolvimento na quebra ilegal de sigilo do painel eletrônico da Casa. A última investida do Grupo TPC foi também em 2003, quando tentou levar para o Terminal Portuário de Cotegipe todo o escoamento de grãos, sobretudo soja, produzidos na Bahia. O grupo de Fernando Barros tentou derrotar, na Justiça, a empresa multinacional Bunge Alimentos, vencedora da concorrência pública realizada pela Companhia de Docas da Bahia (Codeba). Pelos termos do contrato, a Bunge ganhou o direito de exportar os grãos baianos pelo Porto de Aratu. A TPC perdeu, mas o senador César Borges (PFL-BA), governador do estado na época de todas as transações do Grupo TPC, garante que tudo não passa de “tramóia do PT”. O discurso de Borges é afinado com o de ACM, de resto, chefe político dele, do atual governador da Bahia, Paulo Souto, e de todo o PFL baiano. No segundo fax enviado ao deputado Emiliano José, além de nova referência à mãe do parlamentar, Antonio Carlos foi direto ao cerne da questão. Destilou fel ao referir-se à Bunge, segundo ele, “multinacional que deseja o monopólio da produção de grãos, a fim de prejudicar os verdadeiros produtores baianos”. Segundo o senador, o PT baiano teria se valido do contrato com a Bunge para se locupletar. O troco de Emiliano, chamado outra vez de “canalha”, veio de bate-pronto. “Canalhice é a sua triste história política que envergonha a Bahia”, escreveu o deputado. “Lambe-botas dos militares, enriqueceu à custa de recursos públicos”, disparou. O grupo carlista tem outro desafio, além do de responder às acusações de irregularidade na administração pública estadual. Capitaneado pelo deputado Jutahy Magalhães Júnior, o PSDB baiano decidiu se aliar ao PDT, partido do prefeito João Henrique, filho do candidato da sigla ao governo, o ex-governador e ex-aliado de ACM, João Durval. Paulo Souto declarou que, caso seja hostilizado pelos tucanos da Bahia, poderá, isoladamente, não apoiar a candidatura de Geraldo Alckmin à Presidência. Mas, como tudo no PFL baiano, a reação de Souto vai depender mesmo da vontade do senador Antonio Carlos. Além disso, outro fato recente serviu para aumentar o embaraço do clã dos Magalhães. O Correio da Bahia, jornal da família de ACM usado, sem camuflagem, para detonar desafetos políticos e pessoais do senador, foi condenado a pagar 3 mil salários mínimos (mais de 1 milhão de reais) ao presidente do Tribunal Regional Eleitoral baiano, desembargador Carlos Alberto Cintra. Acusado de “dono do Judiciário prostituído” por ACM, Cintra tornou-se alvo do senador ao interromper, há duas eleições, a influência do pefelista dentro do Tribunal de Justiça da Bahia. No último pleito, o desembargador Benício Figueiredo foi eleito com o apoio de Carlos Alberto Cintra, após vencer, com larga diferença, o desembargador Eduardo Jorge Magalhães, irmão de ACM. Na sentença que condenou o Correio da Bahia, o juiz Clésio Carrilho Rosa assinalou: “Por motivos estranhos, ocultos e alheios aos autos, o periódico (Correio da Bahia) demonstra pretender atacar, abertamente, a figura, a imagem e a honra de integrantes do Poder Judiciário baiano”.
O sistema político está podre
Por: Nelson Breve (Carta Maior)
A corrupção tem muita semelhança com as doenças contagiosas. Pode estar presente em qualquer lugar. Seus agentes estão sempre rondando organismos saudáveis e impregnando ambientes desprotegidos. Ela testa as resistências, procura vulnerabilidades e, quando a guarda baixa, captura sua vítima sem piedade. O desejo e a ambição proporcionam o clima ideal para sua propagação. Sexo, poder e dinheiro são sua base de alimentação.O sistema de representação político-partidária do Brasil está podre. Não adianta trocar as frutas, porque o foco de contaminação está no cesto. Historicamente, as campanhas eleitorais são financiadas por quem tem interesse em negócios que os governos municipais, estaduais ou federal podem prejudicar ou favorecer. Portanto, quem manda no Erário, nas licitações, nas regulamentações, nas decisões estratégicas e na fiscalização da sociedade tem mais facilidade para arrecadar recursos de campanha e arregimentar apoios.As contrapartidas desses apoios podem ser legítimas ou ilegítimas. Legais ou ilegais. Morais ou imorais. Éticas ou antiéticas. Explicáveis ou inexplicáveis. Mas é sempre bom ter em mente que não existe almoço grátis. Alguém está fazendo um investimento a fundo perdido na expectativa de ter o retorno em algum momento futuro – ou recompensando algum favor obtido no passado. E os ciclos eleitorais fazem todos perderem de vista o ponto de partida: o apoio financeiro na campanha é para agradecer alguma ajuda ou adiantamento por algum favor a ser prestado?A partir daí, são construídas redes de solidariedade, que se transformam em forças de apoio, que montam grupos operacionais, que organizam estruturas, com vistas a disputar e acumular mais e mais poder. Dentro de uma organização partidária, no Estado ou na sociedade. Isso é assim desde o início da civilização. Em alguns períodos prevalece a força física, em outros a intelectual, em outros a potência bélica, em outros a potência de difusão e em outros o poder econômico.Quando se olha para o quadro de doadores de campanha, verifica-se que as empreiteiras de obras públicas (grandes, médias e pequenas) são as principais doadoras junto com os bancos. O que elas querem? Ganhar licitações de obras novas ou receber pela construção de antigas, tendo o maior lucro possível para disputar obras mais rentáveis. O que os bancos querem? Não ser surpreendidos com decisões que diminuam seu patrimônio e lucrar o máximo com a intermediação financeira.O que querem os fornecedores de programas de informática, serviços terceirizados, equipamentos diversos, combustíveis, automóveis, papel, café e sabe-se lá mais o quê? Querem vender para o Estado, que quase sempre é um ótimo cliente, tendo o maior lucro possível. O que querem as empresas capitalizadas por fundos de pensão de estatais? Continuidade ou aumento do apoio financeiro para investimentos ou exibição de robustez, que resulte na expansão dos negócios, gerando mais lucros.A partir da redemocratização do país, com o passar do tempo, as campanhas eleitorais foram ficando cada vez mais caras. Pesquisas, analistas, marqueteiros, logística, material gráfico, comunicação, brindes, bandeiras, camisetas, combustível, transporte, alimentação, cabos-eleitorais, propaganda etc. E o sistema de voto uninominal (quando o voto no candidato organiza a ordem de eleitos) nas eleições para deputados e vereadores, complica mais a situação, pois coloca os candidatos de um mesmo partido ou coligação disputando uns contra os outros, em uma campanha antropofágica.O ciclo que aproxima poder e corrupção não tem fim. Recursos públicos e privados abastecem as tesourarias dos grupos políticos, que, estando no poder, ajudam seus patrocinadores a abrir passagem no caminho de acesso aos recursos públicos e privados. Ajustando o ciclo, pode-se dizer que os grupos políticos recorrem aos recursos dos financiadores de campanha para permanecer ou alcançar o poder, o que lhes permite abrir passagem para que os patrocinadores sejam recompensados com o acesso aos recursos públicos e privados.Para exercer o poder no Estado Republicano é preciso compor maiorias legislativas. Desde que foi restabelecida a democracia no país, nenhum agrupamento político conseguiu formar maioria parlamentar sem o auxilio de coalizões. Hoje, nenhum partido consegue eleger mais do que 20% dos representantes do povo no Congresso Nacional.A formação das maiorias exige a partilha do poder entre grupos distintos. Às vezes, antagônicos. Em governos anteriores tal partilha tinha como base as estruturas de ministérios, com suas respectivas empresas estatais e fundos de pensão. Loteava-se o governo em áreas, e cada partido ou agrupamento político operava seus esquemas de financiamento no interior dos respectivos feudos.A operação dos esquemas passa pelo preenchimento dos cargos locais, que atuam no varejo dos municípios e estados. Estabelecendo a ligação de clientelismo com prefeitos, vereadores, deputados estaduais, organizações sociais e o empresariado local. E passa, também, pelo preenchimento de cargos estratégicos da administração federal, que atuam no atacado. Comando de órgãos repassadores de recursos, diretorias financeiras de estatais, áreas responsáveis por contratações de grande porte e áreas de fiscalização.A relação de clientelismo no atacado transforma grandes fornecedores em potenciais financiadores das estruturas partidárias nacionais – dirigentes e bancadas no Congresso. A coleta e o repasse são feitos por tesoureiros invisíveis, que, muitas vezes, estão enraizados na própria estrutura do Estado. E é difícil substituí-los, pois eles têm extrema mobilidade para obter apoios suprapartidários. Essa suposta configuração imaginária de nível nacional se reproduz na mesma proporção nos estados e municípios. A partir de um relatório apresentado por especialistas em administração pública ligados ao PT, logo após a vitória de Lula na eleição de 2002, a cúpula do novo governo decidiu romper com essa lógica. A ordem era manter os cargos estratégicos nas mãos de pessoas de confiança do partido e dividir com os aliados os menos relevantes. Era a partilha horizontal da administração, que pode ter sido o movimento que desencadeou o processo de desestruturação das máquinas arrecadadoras dos agrupamentos políticos que estavam na coalizão do governo anterior e decidiram permanecer após a troca de comando federal.Ao separar os grupos políticos de seus financiadores, o governo colocou em risco a formação da maioria parlamentar. O escândalo do mensalão pode ter sido o subterfúgio para compensar as perdas, que reduziriam a competitividade dos aliados de ocasião nas disputas eleitorais nos municípios, em 2004. A tentativa de substituição de um tesoureiro invisível, enraizado desde o governo anterior, que vinha escorado em dirigentes do PT, do PP, do PL, do PMDB e até em ilustres tucanos e pefelistas, pode ter sido a gota que transbordou o balde, revelando como as coisas funcionam há muito tempo na política e na administração pública. Esse sistema podre vai permanecer qualquer que seja o resultado da eleição deste ano. No mínimo, será restabelecida a partilha vertical, que é mais eficaz para acobertar os esquemas. O presidente eleito ou reeleito precisa ter em mente que só uma reforma política ampla e séria pode remover a nódoa que impregnou a sociedade com o cheio infecto da corrupção. Essa reforma começa, no mínimo, com o financiamento público exclusivo de campanhas e o voto em lista partidária fechada. Mas deve incluir, também, uma reforma do Estado para torná-lo mais transparente e permeável à participação democrática da sociedade organizada
A corrupção tem muita semelhança com as doenças contagiosas. Pode estar presente em qualquer lugar. Seus agentes estão sempre rondando organismos saudáveis e impregnando ambientes desprotegidos. Ela testa as resistências, procura vulnerabilidades e, quando a guarda baixa, captura sua vítima sem piedade. O desejo e a ambição proporcionam o clima ideal para sua propagação. Sexo, poder e dinheiro são sua base de alimentação.O sistema de representação político-partidária do Brasil está podre. Não adianta trocar as frutas, porque o foco de contaminação está no cesto. Historicamente, as campanhas eleitorais são financiadas por quem tem interesse em negócios que os governos municipais, estaduais ou federal podem prejudicar ou favorecer. Portanto, quem manda no Erário, nas licitações, nas regulamentações, nas decisões estratégicas e na fiscalização da sociedade tem mais facilidade para arrecadar recursos de campanha e arregimentar apoios.As contrapartidas desses apoios podem ser legítimas ou ilegítimas. Legais ou ilegais. Morais ou imorais. Éticas ou antiéticas. Explicáveis ou inexplicáveis. Mas é sempre bom ter em mente que não existe almoço grátis. Alguém está fazendo um investimento a fundo perdido na expectativa de ter o retorno em algum momento futuro – ou recompensando algum favor obtido no passado. E os ciclos eleitorais fazem todos perderem de vista o ponto de partida: o apoio financeiro na campanha é para agradecer alguma ajuda ou adiantamento por algum favor a ser prestado?A partir daí, são construídas redes de solidariedade, que se transformam em forças de apoio, que montam grupos operacionais, que organizam estruturas, com vistas a disputar e acumular mais e mais poder. Dentro de uma organização partidária, no Estado ou na sociedade. Isso é assim desde o início da civilização. Em alguns períodos prevalece a força física, em outros a intelectual, em outros a potência bélica, em outros a potência de difusão e em outros o poder econômico.Quando se olha para o quadro de doadores de campanha, verifica-se que as empreiteiras de obras públicas (grandes, médias e pequenas) são as principais doadoras junto com os bancos. O que elas querem? Ganhar licitações de obras novas ou receber pela construção de antigas, tendo o maior lucro possível para disputar obras mais rentáveis. O que os bancos querem? Não ser surpreendidos com decisões que diminuam seu patrimônio e lucrar o máximo com a intermediação financeira.O que querem os fornecedores de programas de informática, serviços terceirizados, equipamentos diversos, combustíveis, automóveis, papel, café e sabe-se lá mais o quê? Querem vender para o Estado, que quase sempre é um ótimo cliente, tendo o maior lucro possível. O que querem as empresas capitalizadas por fundos de pensão de estatais? Continuidade ou aumento do apoio financeiro para investimentos ou exibição de robustez, que resulte na expansão dos negócios, gerando mais lucros.A partir da redemocratização do país, com o passar do tempo, as campanhas eleitorais foram ficando cada vez mais caras. Pesquisas, analistas, marqueteiros, logística, material gráfico, comunicação, brindes, bandeiras, camisetas, combustível, transporte, alimentação, cabos-eleitorais, propaganda etc. E o sistema de voto uninominal (quando o voto no candidato organiza a ordem de eleitos) nas eleições para deputados e vereadores, complica mais a situação, pois coloca os candidatos de um mesmo partido ou coligação disputando uns contra os outros, em uma campanha antropofágica.O ciclo que aproxima poder e corrupção não tem fim. Recursos públicos e privados abastecem as tesourarias dos grupos políticos, que, estando no poder, ajudam seus patrocinadores a abrir passagem no caminho de acesso aos recursos públicos e privados. Ajustando o ciclo, pode-se dizer que os grupos políticos recorrem aos recursos dos financiadores de campanha para permanecer ou alcançar o poder, o que lhes permite abrir passagem para que os patrocinadores sejam recompensados com o acesso aos recursos públicos e privados.Para exercer o poder no Estado Republicano é preciso compor maiorias legislativas. Desde que foi restabelecida a democracia no país, nenhum agrupamento político conseguiu formar maioria parlamentar sem o auxilio de coalizões. Hoje, nenhum partido consegue eleger mais do que 20% dos representantes do povo no Congresso Nacional.A formação das maiorias exige a partilha do poder entre grupos distintos. Às vezes, antagônicos. Em governos anteriores tal partilha tinha como base as estruturas de ministérios, com suas respectivas empresas estatais e fundos de pensão. Loteava-se o governo em áreas, e cada partido ou agrupamento político operava seus esquemas de financiamento no interior dos respectivos feudos.A operação dos esquemas passa pelo preenchimento dos cargos locais, que atuam no varejo dos municípios e estados. Estabelecendo a ligação de clientelismo com prefeitos, vereadores, deputados estaduais, organizações sociais e o empresariado local. E passa, também, pelo preenchimento de cargos estratégicos da administração federal, que atuam no atacado. Comando de órgãos repassadores de recursos, diretorias financeiras de estatais, áreas responsáveis por contratações de grande porte e áreas de fiscalização.A relação de clientelismo no atacado transforma grandes fornecedores em potenciais financiadores das estruturas partidárias nacionais – dirigentes e bancadas no Congresso. A coleta e o repasse são feitos por tesoureiros invisíveis, que, muitas vezes, estão enraizados na própria estrutura do Estado. E é difícil substituí-los, pois eles têm extrema mobilidade para obter apoios suprapartidários. Essa suposta configuração imaginária de nível nacional se reproduz na mesma proporção nos estados e municípios. A partir de um relatório apresentado por especialistas em administração pública ligados ao PT, logo após a vitória de Lula na eleição de 2002, a cúpula do novo governo decidiu romper com essa lógica. A ordem era manter os cargos estratégicos nas mãos de pessoas de confiança do partido e dividir com os aliados os menos relevantes. Era a partilha horizontal da administração, que pode ter sido o movimento que desencadeou o processo de desestruturação das máquinas arrecadadoras dos agrupamentos políticos que estavam na coalizão do governo anterior e decidiram permanecer após a troca de comando federal.Ao separar os grupos políticos de seus financiadores, o governo colocou em risco a formação da maioria parlamentar. O escândalo do mensalão pode ter sido o subterfúgio para compensar as perdas, que reduziriam a competitividade dos aliados de ocasião nas disputas eleitorais nos municípios, em 2004. A tentativa de substituição de um tesoureiro invisível, enraizado desde o governo anterior, que vinha escorado em dirigentes do PT, do PP, do PL, do PMDB e até em ilustres tucanos e pefelistas, pode ter sido a gota que transbordou o balde, revelando como as coisas funcionam há muito tempo na política e na administração pública. Esse sistema podre vai permanecer qualquer que seja o resultado da eleição deste ano. No mínimo, será restabelecida a partilha vertical, que é mais eficaz para acobertar os esquemas. O presidente eleito ou reeleito precisa ter em mente que só uma reforma política ampla e séria pode remover a nódoa que impregnou a sociedade com o cheio infecto da corrupção. Essa reforma começa, no mínimo, com o financiamento público exclusivo de campanhas e o voto em lista partidária fechada. Mas deve incluir, também, uma reforma do Estado para torná-lo mais transparente e permeável à participação democrática da sociedade organizada
Empresa do artista Ara Ketu é condenada a pagar R$ 250 mil de indenização
Akaketu Produções Artísticas, empresa proprietária do Bloco Ara Ketu, foi condenada a pagar indenização no valor de R$ 250 mil por danos morais e materiais a um folião agredido durante o evento Beach Folia, realizado em 2002, em Lauro de Freitas, a 30 kms.de Salvador (BA). A decisão é da juíza Maria de Fátima Silva Carvalho, da 16ª Vara Cível de Salvador. A reportagem do site A Tarde On Line informou que entrou em contato com a diretoria do bloco, que ainda não havia sido informada sobre o assunto, mas adiantou que vai recorrer da decisão. O folião entrou com ação contra a empresa, alegando ter sido agredido por seguranças do bloco durante a festa. Foi colhida prova oral. A juíza entendeu que houve dano moral e material, já que o folião passou por situação vexatória diante de terceiros, teve a moral violada, além de sofrer agressão física. A vítima precisou de tratamento médico e odontológico, além de ter ficado impossibilitada de exercer atividades habituais e trabalhar por mais de 90 dias, por causa das agressões. O autor da ação alegou que foi agredido pelos seguranças ao tentar atravessar o bloco para chegar ao outro lado da rua. As agressões causaram fratura da mandíbula e outras lesões graves, corrigidas através de cirurgia. As agressões teriam sido ordenadas por um conselheiro do bloco.
Fonte: Site Espaço Vital
Fonte: Site Espaço Vital
Jeremoabo
Por: Correio de Sergipe (o7.05.2005)
Jeremoabo
O presidente do PMN, Nelson Araújo, ficou impressionado com o tamanho de uma fila na cidade de Jeremoabo (BA). Havia pessoas pobres, mas a maioria sorridente e bem vestida.
Nelson parou e perguntou a uma jovem loira a razão da fila: “é o Bolsa Família”, respondeu. Nelson acha que o governo federal tem que rever a quem o programa está atendendo.
Jeremoabo
O presidente do PMN, Nelson Araújo, ficou impressionado com o tamanho de uma fila na cidade de Jeremoabo (BA). Havia pessoas pobres, mas a maioria sorridente e bem vestida.
Nelson parou e perguntou a uma jovem loira a razão da fila: “é o Bolsa Família”, respondeu. Nelson acha que o governo federal tem que rever a quem o programa está atendendo.
Cafu se iguala a Dunga e Taffarel como recordista de jogos em Copas
Por: Folha Online
O lateral-direito Cafu, 36, se igualou neste domingo, na vitória contra a Austrália por 2 a 0, em Munique, pelo Grupo F da Copa do Mundo, aos ex-jogadores Dunga e Taffarel como recordista de partidas pela seleção brasileira em Mundiais --todos com 18.Único jogador a participar de três finais de Copas (1994, 1998 e 2002), Cafu disputou seu primeiro jogo pela competição contra os EUA, nas oitavas-de-final do Mundial-1994, quando entrou no lugar do meia Zinho.Em 1994, o lateral também participou da partida contra a Holanda, nas quartas-de-final, e da final, contra a Itália. Em 1998, quando o Brasil foi vice-campeão, Cafu participou de seis dos sete jogos --não atuou na semifinais contra a Holanda.O grande momento do lateral foi em 2002, quando foi o capitão do time de Luiz Felipe Scolari na conquista do pentacampeonato. Ele esteve em campo nas sete partidas da seleção no Mundial da Coréia do Sul e Japão.
O lateral-direito Cafu, 36, se igualou neste domingo, na vitória contra a Austrália por 2 a 0, em Munique, pelo Grupo F da Copa do Mundo, aos ex-jogadores Dunga e Taffarel como recordista de partidas pela seleção brasileira em Mundiais --todos com 18.Único jogador a participar de três finais de Copas (1994, 1998 e 2002), Cafu disputou seu primeiro jogo pela competição contra os EUA, nas oitavas-de-final do Mundial-1994, quando entrou no lugar do meia Zinho.Em 1994, o lateral também participou da partida contra a Holanda, nas quartas-de-final, e da final, contra a Itália. Em 1998, quando o Brasil foi vice-campeão, Cafu participou de seis dos sete jogos --não atuou na semifinais contra a Holanda.O grande momento do lateral foi em 2002, quando foi o capitão do time de Luiz Felipe Scolari na conquista do pentacampeonato. Ele esteve em campo nas sete partidas da seleção no Mundial da Coréia do Sul e Japão.
Brasil volta a jogar mal, mas vence e se classifica na Copa do Mundo
Por: EDUARDO VIEIRA DA COSTAEditor de Esporte da Folha Online, em Munique
O Brasil novamente venceu sem convencer na Alemanha. Após 90 minutos de um futebol pouco inspirado, a seleção fez 2 a 0 na Austrália, com gols de Adriano e Fred, e, mesmo sem a criatividade imaginada antes do início do Mundial, garantiu por antecipação sua passagem à segunda etapa do torneio.Tendo atingido seis pontos na classificação do Grupo F, o Brasil pode ser alcançado apenas pela própria Austrália na última rodada da primeira fase e por isso já está garantido entre os 16 melhores times do Mundial. Para confirmar o primeiro lugar da chave, precisa de um empate contra o Japão, na próxima quinta-feira.No jogo de hoje, o Brasil começou ameaçando ter uma atuação melhor do que na estréia, quando Kaká fez boa jogada com Ronaldo e quase abriu o placar aos 3min. Porém, depois disso, o time se perdeu em campo e não conseguiu criar boas jogadas durante todo o restante do primeiro tempo.Enquanto isso, a Austrália, com um eficiente sistema defensivo, anulava os principais jogadores brasileiros, mas não tinha sucesso nas tentativas de chegar ao gol de Dida por meio de chutes de fora da área.Na volta à segunda etapa, aos 4min, o Brasil conseguiu fazer o seu gol. Ronaldo recebeu pela esquerda do ataque e passou para Adriano, que ajeitou e chutou de esquerda, sem chances para o goleiro australiano.Depois disso, porém, voltou a jogar mal, sem criar qualquer problema à defesa australiana e chegando a ser vaiado pela torcida. Enquanto isso, quem criava chances para o empate era a Austrália, beneficiada por falhas no setor defensivo brasileiro.Até o final da partida, o que se viu foi uma Austrália partindo para o ataque, mas esbarrando na falta de opções ofensivas. No final do jogo, porém, foi o Brasil que ampliou o placar. Num contra-ataque aos 45min, Fred, que acabara de entrar, tocou para Robinho na direita e partiu para dentro da área. Após Robinho acertar a trave, a bola sobrou para o mesmo Fred, que apenas completou para o gol, fechando o placar.O jogoO Brasil partiu para o ataque no início e, aos 3min, numa boa troca de passes entre Kaká e Ronaldo, o meia do Milan chutou forte com o pé direito, de fora da área, e a bola passou perto da trave direita do goleiro Schwarzer.Aos 10min, depois de uma falta violenta em Ronaldo pela direita, Roberto Carlos disparou forte, mas a bola foi longe do gol australiano. Apesar do maior tempo com a posse de bola, o Brasil não conseguia se impor e a Austrália, marcando bem, equilibrava a partida e chutava mais ao gol.O Brasil repetia a fraca atuação da estréia, contra a Croácia. Os jogadores eram mal-sucedidos na tarefa de se livrarem da marcação adversária e não criavam perigo ao goleiro Schwarzer.Num lance emblemático do desempenho brasileiro na primeira etapa, Ronaldinho passou para Kaká e este tocou, pelo alto, para Ronaldo. O atacante preparou o chute e nem sequer conseguiu acertar a bola, facilitando o trabalho da defesa australiana. Antes do final dos primeiros 45 minutos, ainda houve tempo para Bresciano assustar Dida, num tiro de fora da área.Logo no começo do segundo tempo, aos 4min, o Brasil conseguiu abrir o placar. Ronaldo recebeu pela esquerda do ataque e tocou para Adriano. O atacante ajeitou e mandou rasteiro, no canto esquerdo, sem chances para Schwarzer. Na comemoração, Adriano e seus companheiros dedicaram o tento ao filho recém-nascido do atleta da Inter de Milão, Adriano Jr.Depois disso, no entanto, a seleção brasileira voltou a jogar mal e permitiu ao adversário algumas chances. Aos 11min, após um cruzamento despretensioso, Dida saiu muito mal do gol e a bola sobrou livre para Kewell, que chutou para fora.Apenas aos 25min, em uma jogada individual de Kaká, o Brasil voltou a ameaçar. O meia partiu do meio-de-campo, driblou um defensor e, já dentro da área, chutou cruzado, para defesa de Schwarzer.Aos 27min, Parreira fez as duas primeiras alterações no time, colocando Gilberto Silva e Robinho nos lugares de Emerson e Ronaldo, respectivamente. O time melhorou e, aos 32min, Robinho quase fez o segundo, em duas oportunidades seguidas, a primeira em uma jogada com Adriano e a segunda após cobrança de escanteio realizada na seqüência.Aos 34min, Dida impediu o empate, defendendo bem um chute de Bresciano, pela direita da grande área. Três minutos depois, Kaká acertou o travessão australiano, completando escanteio batido por Ronaldinho.A Austrália voltou a criar chances, mas num contra-ataque aos 45min, Fred, que acabara de entrar no lugar de Adriano, tocou para Robinho na direita e partiu para dentro da área. Robinho chutou, a bola desviou no goleiro australiano e acertou a trave. Na sobra, Fred apenas completou, fazendo 2 a 0 e fechando o placar.
O Brasil novamente venceu sem convencer na Alemanha. Após 90 minutos de um futebol pouco inspirado, a seleção fez 2 a 0 na Austrália, com gols de Adriano e Fred, e, mesmo sem a criatividade imaginada antes do início do Mundial, garantiu por antecipação sua passagem à segunda etapa do torneio.Tendo atingido seis pontos na classificação do Grupo F, o Brasil pode ser alcançado apenas pela própria Austrália na última rodada da primeira fase e por isso já está garantido entre os 16 melhores times do Mundial. Para confirmar o primeiro lugar da chave, precisa de um empate contra o Japão, na próxima quinta-feira.No jogo de hoje, o Brasil começou ameaçando ter uma atuação melhor do que na estréia, quando Kaká fez boa jogada com Ronaldo e quase abriu o placar aos 3min. Porém, depois disso, o time se perdeu em campo e não conseguiu criar boas jogadas durante todo o restante do primeiro tempo.Enquanto isso, a Austrália, com um eficiente sistema defensivo, anulava os principais jogadores brasileiros, mas não tinha sucesso nas tentativas de chegar ao gol de Dida por meio de chutes de fora da área.Na volta à segunda etapa, aos 4min, o Brasil conseguiu fazer o seu gol. Ronaldo recebeu pela esquerda do ataque e passou para Adriano, que ajeitou e chutou de esquerda, sem chances para o goleiro australiano.Depois disso, porém, voltou a jogar mal, sem criar qualquer problema à defesa australiana e chegando a ser vaiado pela torcida. Enquanto isso, quem criava chances para o empate era a Austrália, beneficiada por falhas no setor defensivo brasileiro.Até o final da partida, o que se viu foi uma Austrália partindo para o ataque, mas esbarrando na falta de opções ofensivas. No final do jogo, porém, foi o Brasil que ampliou o placar. Num contra-ataque aos 45min, Fred, que acabara de entrar, tocou para Robinho na direita e partiu para dentro da área. Após Robinho acertar a trave, a bola sobrou para o mesmo Fred, que apenas completou para o gol, fechando o placar.O jogoO Brasil partiu para o ataque no início e, aos 3min, numa boa troca de passes entre Kaká e Ronaldo, o meia do Milan chutou forte com o pé direito, de fora da área, e a bola passou perto da trave direita do goleiro Schwarzer.Aos 10min, depois de uma falta violenta em Ronaldo pela direita, Roberto Carlos disparou forte, mas a bola foi longe do gol australiano. Apesar do maior tempo com a posse de bola, o Brasil não conseguia se impor e a Austrália, marcando bem, equilibrava a partida e chutava mais ao gol.O Brasil repetia a fraca atuação da estréia, contra a Croácia. Os jogadores eram mal-sucedidos na tarefa de se livrarem da marcação adversária e não criavam perigo ao goleiro Schwarzer.Num lance emblemático do desempenho brasileiro na primeira etapa, Ronaldinho passou para Kaká e este tocou, pelo alto, para Ronaldo. O atacante preparou o chute e nem sequer conseguiu acertar a bola, facilitando o trabalho da defesa australiana. Antes do final dos primeiros 45 minutos, ainda houve tempo para Bresciano assustar Dida, num tiro de fora da área.Logo no começo do segundo tempo, aos 4min, o Brasil conseguiu abrir o placar. Ronaldo recebeu pela esquerda do ataque e tocou para Adriano. O atacante ajeitou e mandou rasteiro, no canto esquerdo, sem chances para Schwarzer. Na comemoração, Adriano e seus companheiros dedicaram o tento ao filho recém-nascido do atleta da Inter de Milão, Adriano Jr.Depois disso, no entanto, a seleção brasileira voltou a jogar mal e permitiu ao adversário algumas chances. Aos 11min, após um cruzamento despretensioso, Dida saiu muito mal do gol e a bola sobrou livre para Kewell, que chutou para fora.Apenas aos 25min, em uma jogada individual de Kaká, o Brasil voltou a ameaçar. O meia partiu do meio-de-campo, driblou um defensor e, já dentro da área, chutou cruzado, para defesa de Schwarzer.Aos 27min, Parreira fez as duas primeiras alterações no time, colocando Gilberto Silva e Robinho nos lugares de Emerson e Ronaldo, respectivamente. O time melhorou e, aos 32min, Robinho quase fez o segundo, em duas oportunidades seguidas, a primeira em uma jogada com Adriano e a segunda após cobrança de escanteio realizada na seqüência.Aos 34min, Dida impediu o empate, defendendo bem um chute de Bresciano, pela direita da grande área. Três minutos depois, Kaká acertou o travessão australiano, completando escanteio batido por Ronaldinho.A Austrália voltou a criar chances, mas num contra-ataque aos 45min, Fred, que acabara de entrar no lugar de Adriano, tocou para Robinho na direita e partiu para dentro da área. Robinho chutou, a bola desviou no goleiro australiano e acertou a trave. Na sobra, Fred apenas completou, fazendo 2 a 0 e fechando o placar.
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