sábado, julho 26, 2025

Casa Branca considera que o Brasil não se interessou em reduzir tarifas


A imagem mostra um homem com cabelo loiro e pele clara, sentado em um ambiente formal. Ele está usando um terno escuro e uma camisa branca. Ao fundo, há uma parede decorada com detalhes em dourado e uma mesa ou sofá claro. O homem parece estar em uma conversa ou prestando atenção em algo.Julia Chaib
(Folha)

Um integrante do governo dos Estados Unidos afirmou à Folha de S.Paulo que a Casa Branca avalia não ter percebido envolvimento relevante ou recebido ofertas significativas por parte do Brasil na negociação em torno das tarifas de 50% anunciadas por Donald Trump sobre produtos importados do país.

A percepção é formada a uma semana do prazo programado para as sobretaxas entrarem em vigor, em 1º de agosto. O governo dos EUA prepara um decreto para instituir a medida.

HÁ NEGOCIAÇÃO – Apesar da afirmação dessa autoridade americana, negociadores brasileiros vêm dizendo que o processo formal de tratativas está travado, à espera de um sinal verde justamente da Casa Branca. Eles afirmam ter feito ofertas aos EUA antes mesmo de Trump anunciar a elevação da tarifa de 10% para 50%.

O governo brasileiro, no entanto, não fez e afirma que não fará concessões relativas à parte política da carta em que o presidente americano justifica as tarifas. O presidente americano disse que vai aplicá-las, em parte, devido “a caça às bruxas” contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Por ora, os brasileiros dizem que o governo americano mantém silêncio sobre as ofertas que foram feita. A equipe do ministro Fernando Haddad (Fazenda) tentou contato com o o secretário do Tesouro, Scott Bessent, mas recebeu como resposta a informação de que o processo está na Casa Branca.

ALCKMIN EM CENA – O ministro Geraldo Alckmin (Indústria e Comércio) conversou com o secretário do Comércio, Howard Lutnick, no sábado (19). A conversa teria durado 50 minutos e Alckmin reforçou a disposição do governo de dialogar.

Como a Folha mostrou, a mensagem que teria sido passada ao ministro é a de que a decisão sobre a negociação também está com Trump.

Nesta sexta-feira (25), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou que Alckmin tenta diariamente negociar com os EUA, mas não tem sucesso. “Todo dia ele liga para alguém e ninguém quer conversar com ele”, afirmou.

HOUVE UMA CARTA – Integrantes do governo brasileiro também dizem ter enviado ainda em maio uma proposta de negociação por meio de carta às autoridades americanas, quando as tarifas ainda estavam consolidadas em 10%.

No documento, constavam os pedidos para isenção ou redução do tributo sobre certos produtos, mas também concessões por parte do Brasil. Na semana passada, o governo enviou nova carta cobrando um retorno após uma primeira carta enviada no dia 16 de maio -antes do anúncio da medida mais dura de Trump.

O documento, assinado por Alckmin e pelo ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, também manifesta indignação e cobra resposta dos EUA acerca da sobretaxa anunciada pelo país.

FAZENDO ACORDOS – Trump anunciou nesta semana acordos com alguns países, entre eles Japão e Indonésia.

No caso brasileiro, a negociação tem um desafio diferente dos demais porque na carta enviada a Lula, Trump também alegou que há “centenas de ordens” do Judiciário brasileiro que censuram a “liberdade de expressão”. O STF (Supremo Tribunal Federal) é categórico ao dizer que não haverá recuo no julgamento do ex-presidente.

E Lula classificou o gesto como tentativa de interferência e ataque à soberania do Brasil. 

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – A reportagem esqueceu de mencionar que, um dia sim e outro também, Lula  esculhambava Trump e defendia a soberania, com palavras de ordem e tudo o mais. Só faltou declaração de guerra. (C.N.)


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