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segunda-feira, dezembro 09, 2024

Síria: O fim de um Regime e o futuro incerto do País

 Síria: O fim de um Regime e o futuro incerto do País


O Oriente Médio é uma região do mundo que frequentemente comvive com conflitos intensos. Dessa forma, quase todos os meses surgem notícias de guerras e disputas políticas, ideológicas e religiosas neste local. Neste domingo, dia 08 de dezembro de 2024, a atenção mundial voltou novamente para essa área, dessa vez sobre a Síria.


O país atravessa um momento histórico para seu povo, pois o presidente Bashar al-Assad saiu do poder, após mais de uma década de conflitos e destruição. Assim, o que até então parecia improvável, agora é real: o regime de Assad, que resistiu por anos a ataques internos e internacionais, finalmente renunciou. 


O surgimento do conflito


Desde 2010, manifestações populares começaram a se organizar para derrubar o governo e exigir reformas democráticas no país. Naquela época houve um fato importante que virou estopim para uma Guerra Civil interna. Em março de 2011, jovens ativistas foram presos em Daraa por conta de pinturas em grafites pedindo liberdade.


Assad, que assumiu o poder após a morte de seu pai, Hafez al-Assad, em 2000, reagiu violentamente. Com essa repressão brutal contra os manifestantes, diversos grupos se colocaram contra o regime, incluindo forças rebeldes, organizações jihadistas e kurdos, cada um com seus próprios interesses. 


Logo, o mundo inteiro passou a conhecer o que estava acontecendo na Síria. Foi essa intervenção externa que permitiu o conflito se estender por muito tempo. O país se tornou um dos pontos cruciais de uma espécie de nova ‘Guerra Fria’. A Rússia, aliada de Assad, e os Estados Unidos, que apoiaram grupos rebeldes, desenvolveram ações para fortalecer seus interesses.


A queda de Assad


Bashar al-Assad anunciou sua renúncia neste início de semana. O processo de decadência já começou desde 2011, quando o regime enfrentou sanções econômicas e ataques militares coordenados por coalizões internacionais. Dentro desse contexto, num cenário caótico ao povo sírio, houve o enfraquecimento das forças leais ao regime, que não sustentaram o presidente no poder.


De acordo com a analista política Liliane Bouer, em uma entrevista recente à imprensa brasileira, essa renúncia de Assad acontece por causa da perda de legitimidade. “A Síria, que antes era um bastião de influência da Rússia no Oriente Médio, viu-se dividida e sem uma base de apoio sólida”, lembra ela.


Os rebeldes e a nova governança


Um fato curioso para a derrubada do regime foi a união de grupos da oposição, antes dispersos e desorganizados, que conseguiram, nas últimas semanas, realizar intensas negociações para cuminação da tomada de poder. Por exemplo, o Exército Livre da Síria e outras facções moderadas, receberam apoio dos Estados Unidos, Turquia, entre outros agentes externos, que forneciam armamento e treinamento.


Diante disso, esses grupos têm o desafio de governar um país devastado pela guerra. Segundo o internacionalista Fernando Lins, a Síria não pode ser dividida entre facções, o que prejudicaria ainda mais o povo que já sofre há anos. “Isso aprofundará ainda mais os conflitos sectários. O ideal seria a formação de um governo de transição que represente todas as minoria", completa ele.


A Religião e a Política no Oriente Médio


Política e religião não se colocam em divórcio no Oriente Médio. Síria, por exemplo, o regime de Assad tinha em seu alto escalão uma minoria alauíta, vertente do islamismo xiita. Por isso, a questão religiosa desempenhou um papel central no conflito, com grupos religiosos buscando o controle político e social.


Para quem pensa que com a saída de Assad, o contexto religioso na Síria se tranquiliza, pode se enganar. O novo governo terá de lidar com a coexistência de diferentes grupos religiosos e étnicos. Com isso, o desafio é, além de reconstruir o país, evitar um colapso social e político, como o que ocorreu nos vizinhos Iraque e Líbia após a queda de Saddam Hussein e Muammar Gaddafi, respectivamente.


O papel das Potências Internacionais


A Rússia, que apoiou Assad, poderá seguir com apoio militar na Síria, mas agora negociando com as novas autoridades. Já os Estados Unidos e seus aliados querem que o novo governo não seja dominado por facções extremistas ou “estado falido", como em outros locais do Oriente Médio.


Assim, especialistas dizem que as reações internacionais irão ocorrer à medida que o processo de transição se desenrolar. "Se houver um processo de reconstrução liderado por uma coalizão multilateral, as potências internacionais terão mais facilidade em apoiar a Síria", disse a diplomata Maria Clara Pereira, em uma recente análise.


A situação dos Brasileiros na Síria


A comunidade brasileira na Síria é composta, principalmente, por descendentes de sírios e libaneses. A segurança e a repatriação dessas pessoas viraram temas de debate. De acordo com informações da Agência Brasil, o Ministério das Relações Exteriores do Brasil emitiu nota, na tarde do sábado (7), orientando os brasileiros que moram neste país a procurar a Embaixada em Damasco: "O Itamaraty insta a todos nacionais que se encontrem no país a que busquem sair da Síria". 


O futuro: Uma solução Jurídica?


A questão da Síria é complexa. Portanto, a resolução do conflito dependerá de um processo político negociado com diferentes grupos, internos e externos. Além disso, deve-se destacar que a solução jurídica para o país pode chegar ao tribunal internacional, que pode investigar crimes de guerra cometidos durante o conflito. Neste âmbito também poderá estabelecer responsabilidades para a reconstrução do país.


Segundo o advogado Dr. João Valença, da VLV Advogados, o Direito Internacional deve entrar em cena. “Á proteção aos direitos humanos, será fundamental para a reconstrução e estabilização da Síria. Tudo que tem ocorrido nestes últimos anos precisa ter investigação e justiça. Além disso, os atores internacionais têm a responsabilidade de garantir que a transição política não resulte em mais violência", finaliza ele.


Conclusão


Em suma, a Síria enfrenta um conflito violento há décadas e a saída do presidente pode ser um caminho de mudança no país. Todavia, a paz e estabilidade ao povo sírio ainda pode passar por diversos desafios. Questões internas e externas complexas devem exigir um processo político cuidadoso. O respeito aos direitos humanos e à diversidade religiosa e étnica do país precisam ser levados em conta, em qualquer decisão futura.


Portanto, o futuro da Síria envolve a vontade da maioria de seus cidadãos e dos interesses das potências internacionais. Apesar do colapso total, se o país iniciar uma reconstrução sólida, poderá oferecer uma lição valiosa ao mundo sobre a importância da resolução pacífica, mesmo em contexto de devastação.


João de Jesus, radialista e assessor de imprensa, além de jornalista, recém graduado pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia.


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