Publicado em 25 de março de 2024 por Tribuna da Internet
Jeniffer Gularte
O Globo
A cúpula das Forças Armadas e integrantes do governo avaliam que a nova prisão do tenente-coronel Mauro Cid reforça as responsabilizações individuais na investigação sobre a trama golpista, afastando a instituição como agente da ruptura.
Há também entre militares a leitura de que a tendência é que esta detenção dure por um período menor na comparação com a anterior, quando ele deixou a cadeia em setembro do ano passado, após quase quatro meses.
NOVA PRISÃO – O ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro foi preso na sexta-feira por determinação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). O magistrado entendeu que Cid descumpriu medidas cautelares impostas a ele como condição para ficar em liberdade e agiu para obstruir a Justiça, atrapalhando investigações sobre as quais se comprometeu a colaborar.
Para militares do Alto Comando e integrantes do primeiro escalão do governo, a prisão reforça a responsabilização individual de Mauro Cid, afastando o “CNPJ” das Forças Armadas das suspeitas sobre ruptura institucional. Eles têm ressaltado que as investigações avançam para deixar claro que as ações partiram de indivíduos, e não da instituição.
Outra avaliação é que tanto a prisão quanto os depoimentos dos ex-comandantes do Exército e da Aeronáutica, nos quais confirmam o envolvimento de Bolsonaro na trama golpista, ajudaram a imagem das Forças.
JANTAR COM LULA – No mesmo dia em que Mauro Cid voltou à prisão, o comandante da Marinha, Marcos Sampaio Olsen, recebeu o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a primeira-dama, Janja da Silva, em sua casa para um jantar. O ministro da Defesa, José Mucio Monteiro, também estava presente junto com almirantes.
No jantar, que segundo presentes teve clima informal e descontraído, foi tratado sobre o lançamento do Submarino Tonelero, que ocorrerá na próxima quarta-feira em Itaguaí, no Rio de Janeiro. Janja será madrinha de batismo do novo submarino, uma tradição da Força.
Como mostrou O GLOBO, o comandante do Exército, Tomás Paiva, já decidiu vetar a promoção de Mauro Cid à patente de coronel — ele poderia entrar na próxima lista, por tempo de serviço. Cid, no entanto, deve manter seu cargo e salário bruto atual, de R$ 27 mil. A remuneração só será suspensa se o tenente-coronel for condenado na Justiça.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – O problema das Forças Armadas é o aprofundamento das investigações. Se cavarem muito fundo, vão perceber que a cúpula militar apoiava o golpe, caso ficasse provada a fraude na urna eletrônica. Como a manipulação eleitoral não foi comprovada, os comandantes do Exército e da Aeronáutica puxaram o freio de mão, enquanto o comandante da Marinha continuou a apoiar o golpe. Esse jantar oferecido a Lula pelo atual comandante da Marinha na sexta-feira deve ser visto como um pedido de desculpas. (C.N.)