Fábio Fabrini e Italo NogueiraFolha
A Polícia Federal faz nesta terça-feira (26) buscas no Palácio das Laranjeiras, residência oficial em que mora o governador Wilson Witzel (PSC), do Rio de Janeiro. A operação, autorizada pelo STJ (Superior Tribunal de Justiça), mira um suposto esquema de desvios de recursos públicos destinados ao combate ao coronavírus.
Segundo investigadores, a PF também busca provas no Palácio da Guanabara, onde o chefe do Executivo fluminense despacha, em sua antiga casa, usada antes de se eleger, e em um escritório da mulher dele.
OPERAÇÃO PLACEBO – A operação, batizada de Placebo, busca provas de um possível esquema de corrupção envolvendo uma organização social contratada para a instalação de hospitais de campanha e “servidores da cúpula da gestão do sistema de saúde do Estado do Rio de Janeiro”, diz a PF.
Witzel é desafeto do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), que recentemente mudou a cúpula da Polícia Federal, gesto que motivou a saída do governo do então ministro da Justiça, Sergio Moro.
A ação desta terça-feira foi deflagrada um dia após ser nomeado o novo superintendente da corporação no Rio, Tácio Muzzi. A representação da PF no estado está no centro de uma investigação autorizada pelo STF (Supremo Tribunal Federal) que apura se o presidente buscava interferir politicamente em investigações da corporação.
SUBSECRETÁRIO PRESO – A investigação apura fraudes na contratação da organização social Iabas para a montagem de hospitais de campanha. O inquérito contra Witzel foi aberto a partir de um depoimento de Gabriell Neves, ex-subsecretário de Saúde preso sob suspeita de fraudes na compra de respiradores.
Neves mencionou o nome do governador ao Ministério Público do Rio de Janeiro. Estão sendo cumpridos 12 mandados de busca e apreensão no Rio de Janeiro e São Paulo.
A operação se baseia em apurações iniciadas no Rio de Janeiro pela Polícia Civil, pelo Ministério Público Estadual e pelo Ministério Público Federal. Os dados obtidos foram compartilhados com a Procuradoria Geral da República, que conduz a investigação perante o Superior Tribunal de Justiça.