segunda-feira, janeiro 28, 2019

Comunicado da Vale sobre a tragédia de Brumadinho é o antijornalismo absoluto


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Diretoria da Vale acha que vai se safar com “matérias pagas”
Pedro do Coutto
A Vale, responsável pelas tragédias de Mariana e Brumadinho, especialmente quanto a esta última, praticou o antijornalismo nas páginas da Folha de São Paulo e de O Globo. Bastou ler o texto da matéria paga para que chegássemos à conclusão de que o comunicado veiculado é uma página de intenções não se referindo a qualquer ação concreta.
Sei que as matérias publicitárias comercializadas proporcionam 20% de comissão aos responsáveis de sua veiculação. Além disso existe o custo de produção pelo layout das páginas, disposição do comunicado publicitário, além do uso das cores das mensagens. Se a publicidade gera, como é de praxe, 20 de comissão, está claro que os responsáveis vão preferir o meio do comercial.
FATO ANTIGO – Me recordo de um episódio ocorrido entre o Correio da Manhã e a Central do Brasil. No início de 1958 houve um acidente causado pelo engavetamento de trens nas proximidades da Mangueira. Morreram 120 pessoas, o presidente Juscelino Kubitschek foi ao local.
O diretor da Central, Alberto Whatoly, disse ao presidente: “Não se preocupe, porque os vagões não transportam mais de 200 pessoas”. JK reagiu dizendo: “O senhor está demitido”. A reportagem do Correio da Manhã, chefiada por Alípio Monteiro deslocou-se para o local buscando levantar as causas da tragédia e as providências da direção da Ferrovia. Havia na Central um setor de comunicação. A responsável por esse setor era a Sra. Cora Lopes. Ela disse: “A Central vai publicar um anúncio esclarecendo tudo”. O Correio da Manhã reagiu contrariamente. E a reportagem disse a ela que não queria matéria paga e sim informações jornalísticas concretas.
UM EDITORIAL – No final da tarde, o editorialista Otto Maria Carpeaux escreveu com a maestria de sempre o editorial com o seguinte título: “Um Jornal Reage à Matéria Paga”. Foi numa outra época.
Hoje as agências firmam contratos com empresas estatais ou públicas através dos quais produzem anúncios como o comunicado da Vale nas edições de ontem. O espaço foi preenchido com generalidades, um deles dizendo que uma das prioridades colocadas em prática agora é manter o apoio ao resgate de vidas humanas.
Não existe nada de concreto no espaço comprado nos dois jornais. Em vez de a empresa falar diretamente com os repórteres dos jornais e emissoras de televisão, preferiu a comercialização de uma página, na qual, de concreto não existe nada.

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