Carlos Chagas
Faz algum tempo o Brasil livrou-se do complexo de inferioridade, aquele de vira-lata, de que falava Nelson Rodrigues. Pois não é que certas entidades internacionais permanecem com o sentimento oposto, de imperialismo arrogante?
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Passou por Brasília, esta semana, um tal Mr. Dominique Strauss-Kahn, diretor-gerente do Fundo Monetário Internacional. Ao contrário de anos atrás, a instituição é nossa devedora. Emprestamos algumas centenas de milhões de dólares ao falido FMI, que por sinal ainda não nos pagou.
Deveria pagar primeiro, antes de vir aqui dar lições, como fez o gringo diante da presidente Dilma Rousseff. Sabem o que sugeriu esse misto de francês, austríaco e mongol? Que o Brasil desacelere o crescimento, não cresça mais a 7.5%, como em 2010, que promova logo a reforma tributária e a reforma da Previdência Social e que continue aumentando juros e cortando outros 50 bilhões de gastos públicos.
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Essa receita que já nos levou para as profundezas, no passado, é a mesma sustentada pelos especuladores e malandros do neoliberalismo. Vem sendo defendida por banqueiros e seus porta-vozes da mídia. Infelizmente, em parte é seguida pelo governo. Confirma-se agora, pelas palavras do abominável visitante, a mesma vigarice.
Juscelino Kubitschek uma vez botou o FMI para fora. O último general-presidente, João Figueiredo, fez quase isso, mas eles insistiram e dominaram nossa economia, no período de Fernando Henrique. O Lula conseguiu dar a volta por cima e agora os urubus tentam de novo. Cabe à presidente Dilma Rousseff demonstrar que não somos mais carniça. Foi educada até demais quando recebeu Mr. Strauss-Kahn.
Os jornais mostram sorrisos desnecessários entre eles, ainda que não informem sobre qualquer reação aos seus conselhos. Na realidade o FMI, marionete dos Estados Unidos, teme a formação de uma nova China nos seus calcanhares. Não podemos crescer porque o nosso crescimento bate de frente com os interesses deles. �
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A FORÇA DO PETRÓLEO
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Perguntas feitas no Senado, quinta-feira, durante sessão da Comissão de Relações Exteriores que sabatinou os novos embaixadores na África do Sul e na Bélgica: se a Líbia não tivesse petróleo, o presidente Barack Obama admitiria o uso da força para acabar com a crise naquele país? Desde quando razões humanitárias justificam o envio de porta-aviões para o litoral do norte da África?
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BOTAS CONTRA COBRAS
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Perto de 200 jornalistas vindos dos Estados Unidos acompanharão o presidente Barack Obama em sua visita ao Brasil, se ele vier mesmo. Mais da metade atenderá à recomendação do Departamento de Estado para trazer água mineral e botas em suas bagagens. Pelo jeito os folhetos com instruções foram tirados do arquivo referente à vinda do presidente Eisenhower, em 1959, onde se alertava para os perigos da água brasileira, mesmo a mineral, além da quantidade de cobras existentes na ainda não inaugurada nova capital do Brasil e até no Rio de Janeiro.
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Um gaiato, ao tomar conhecimento dessas precauções, sugeriu que o Itamaraty entrasse em negociações com o Instituto Butantã para empréstimo de uma centena de cascavéis que poderiam ser espalhadas nos hotéis onde os coleguinhas deverão hospedar-se…�
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ATÉ O DIA 15
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Desde quinta-feira, dia 3, até o dia 15, terça-feira, não se encontrarão deputados e senadores no palácio do Congresso. Apesar de as enciclopédias informarem que o Carnaval dura três dias, para os nossos parlamentares a folga estende-se por doze. Mas é bom parar com essa perseguição aos representantes do povo.
Nos tribunais superiores, em Brasília, acontece a mesma coisa. E se formos passear na Esplanada dos Ministérios, conclusão quase igual poderá ser verificada. Essa seria a temporada ideal para os comunistas desencadearem uma nova intentona, se ainda existissem comunistas entre nós…�
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ELA PODE SURPREENDER
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Dilma Rousseff viajou sexta-feira, com a família, para a base aérea da Barreira do Inferno, onde pretende descansar no Carnaval. A volta a Brasília está prevista para terça-feira. A presidente terá levado livros, espera-se que não relatórios de governo. Apesar disso, uma certa ansiedade é partilhada por seus auxiliares: e se ela resolver antecipar o retorno? Se não estiver apreciando o período de descanso e se decidir voltar hoje mesmo, domingo? Marcará para amanhã uma reunião do ministério ou do grupo de ministros palacianos? Paranóias à parte, mas coisa parecida já aconteceu com o general Ernesto Geisel e com Itamar Franco…
Fonte: Tribuna da Imprensa
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