Karina Baracho
Do dia primeiro até as 9 horas de ontem, a estação do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) contabilizou 216,1 milímetros de chuva em apenas quatro dias. O volume é maior do que o esperado para todo mês de julho que era de 184,9. No mesmo período, a Defesa Civil de Salvador (Codesal) recebeu 290 solicitações de emergência. Os bairros mais atingidos pela chuva, segundo as ligações feitas pelo 199, foram Sussurana, Castelo Branco, Liberdade, Pau da Lima, São Caetano e São Marcos.
Alagamentos de área, ameaça de desabamento de imóvel, ameaça de deslizamento e a ocorrência de deslizamentos de terra, foram as maiores solicitações da Codesal neste início de mês, período em que a chuva deu pouca trégua aos soteropolitanos. Quem precisou sair de casa não pôde esquecer o guarda-chuva e o agasalho. Quem se aventurou a andar pela orla teve que lutar com os fortes ventos. Nem os surfistas se atreveram a entrar no mar agitado.
Sombrinhas jogadas nas ruas e avenidas mostravam a força e ousadia dos ventos. A água empossada também causava transtornos a quem caminhava pela cidade e não tinha opção a não ser colocar o pé literalmente na água. Apesar de não ter sido um temporal forte, a água caiu constantemente durante todo o final de semana, o que causou um acumulado significativo. Deixando em alerta a equipe da Codesal.
“Graças a Deus a situação foi pior no final de semana”, diz a estudante Maria Fernanda Guerreiro, 21 anos. “Na sexta foi feriado, não tivemos aula e a maioria da população não precisou trabalhar, pois a chuva não parou um segundo. Hoje (ontem) pela manhã o tempo continua fechado e as nuvens carregadas”, acrescenta a estudante apontando para o céu.
O enfermeiro Marcos Macedo, 32 anos, acreditava que o tempo não ia voltar a mudar de tal forma. “Sabia que ia continuar instável, pelo menos é o que dizia a previsão do tempo, mas pensei que tanta chuva só ia acontecer no próximo ano, realmente me surpreendi”. De acordo com ele, a chuva pegou muita gente de surpresa. “Nem estava saindo mais de casa com guarda-chuva, pois a chuva era pouca e intercalava entre períodos de sol”, acrescenta.
No início da manhã de anteontem, a terra deslizou no bairro de Jardim Cajazeira e obstruiu uma rua. Um engenheiro da Codesal foi até o local para avaliar os estragos e os imóveis das proximidades. A Superintendência de Conservação e Obras Públicas (Sucop), também foi acionada e cortou algumas árvores que corriam o risco de cair e causa mais estragos.
População pode colaborar – O subsecretário de Defesa Civil, Osny Bomfim, chama a atenção para algumas medidas que podem ser tomadas pela população a fim de evitar acidentes, como em relação ao descarte do lixo. “O lixo jogado de forma inadequada dificulta o escoamento da água, podendo causar alagamentos de área e potencializar o deslizamento de terra, por isso deve ser descartado de maneira correta”, lembra Bomfim, acrescentando que é comum encontrar materiais inservíveis em encostas.
O subsecretário chama atenção também para algumas situações: Se uma pessoa observar o aparecimento de fendas e depressões no terreno, além de rachaduras nas paredes de imóveis, inclinação de tronco de árvores, de postes e o surgimento de minas d’água, deve avisar imediatamente a Codesal, pois pode ocorrer um deslizamento de terra.
Deve-se evitar também plantar árvores de grande porte nas encostas, assim como aquelas que acumulam água em suas raízes, como as bananeiras. Verificar ainda como estão sendo realizadas as construções dos imóveis. “É de fundamental importância que tenham o acompanhamento de um engenheiro. A autoconstrução é condenada, pela falta, em muitos casos, de estrutura de qualidade”, lembra Bomfim.
É importante que, ao verificar uma área de risco, a pessoa entre em contato com a Codesal, através do 199 ou vá pessoalmente à sede do órgão, localizado na Avenida Mário Leal Ferreira (Av. Bonocô), s/n. Técnicos e engenheiros vão ao local realizar a vistoria e verificar a real situação.
Fonte: Tribuna da Bahia