Carlos Chagas
O Ibope favorecia Serra, agora aponta Dilma na frente. O Datafolha marcava empate, depois cravou Serra. A Sensus passou de um para a outra, voltou e parou no meio. É o samba do crioulo doido? Nem tanto. A conclusão surge clara: as pesquisas são inconfiáveis pela simples razão de consultarem no máximo três mil pessoas num eleitorado de 180 milhões. Por mais sofisticadas que sejam as metodologias, não dá para aferir sequer as tendências, quanto mais o resultado das urnas de outubro. Talvez mais tarde, provavelmente só no dia da eleição.
Melhor fariam os candidatos, como também os eleitores, se passassem ao largo das pesquisas, considerando-as mera atividade comercial de empresas interessadas no faturamento ou na publicidade para seus veículos de comunicação. Pautar-se pelos números contraditórios será, para os candidatos, um exercício diário de auto-flagelação.
É bobagem mudar discursos, alterar o visual e corrigir agendas em função do que divulgam os institutos. Os comandos de campanha precisariam, mesmo, definir roteiros e diretrizes sem levar em consideração as pesquisas conflitantes, confiando mais nos programas, nas promessas, no passado e no perfil de cada pretendente ao palácio do Planalto. A lição vale também para a mídia, que não pode, sob pena de desmoralizar-se, ficar oscilando, dia sim, dia não abrindo maiores espaços e concedendo mais tempo ora para Dilma, ora para Serra.
Apenas uma ilusão?
O Supremo Tribunal Federal concedeu três liminares para candidatos enquadrados na lei da ficha limpa, autorizando-os a registrar-se mesmo tendo sido condenados no passado. Estariam impedidos mas não estão mais, pelo menos se no exame do mérito das ações, a mais alta corte nacional de justiça confirmar a medida inicial.
Trata-se da derrocada da nova lei, já chamada de lei Viúva Porcina, aquela que foi sem ter sido. A continuar o processo como vai, logo montes de fichas suja estarão sendo beneficiados. O problema não é saber se o Supremo desautoriza o Tribunal Superior Eleitoral, porque na Justiça essas coisas acontecem. Mais importante é verificar a débâcle das esperanças nacionais a respeito da aplicação da lei moralizadora. Se não vai valer, ou se valerá muito pouco para as eleições de outubro, quem garante não estará revogada até o próximo pleito? A bandidagem prepara as comemorações…
Fonte: Tribuna da Imprensa