Valterci Santos / Agência de Notícias Gazeta do Povo
Eliminação da Copa do Mundo decreta fim da segunda "Era Dunga"
Técnico diz que foi o maior culpado pela eliminação brasileira. Após o jogo, treinador gaúcho confirma o seu desligamento da seleção
02/07/2010 | 18:47 | Carlos Eduardo Vicelli, Marcio Reinecken e Robson De Lazzari, enviados especiaisJogador de sucesso e campeão mundial em 1994, o ex-treinador da equipe nacional terá de conviver com o mesmo volume de críticas que carregou após o fracasso na Copa de 1990, na Itália. Na época, a primeira “Era Dunga” ficou marcada pelo futebol feio e pela derrota. Como atleta deu a volta por cima, mas como técnico tem um caminho incerto pela frente.
- Saiba mais
- 'Ficamos todos tristes', disse ministro que assistiu jogo com Lula
- Emocionado, Julio Cesar reconhece erro em primeiro gol holandês
- Dunga diz que ciclo na seleção brasileira encerrou
- Técnico da Holanda diz que resultado poderia ter sido mais elástico
- Imprensa internacional critica Brasil e ressalta atuação de Sneijder
- Dunga ouve gritos de "burro" na volta ao hotel da seleção brasileira
- Kaká admite ter jogado no sacrifício e diz que futuro na seleção é incerto
- Ronaldo critica no twitter: "Felipe Melo não deve passar as férias no Brasil"
- Convidados debatem eliminação do Brasil da Copa do Mundo
- Eliminada da Copa, seleção brasileira retorna ao Brasil neste sábado
- Choro toma conta do vestiário da seleção brasileira em Porto Elizabeth
Futuro que não diz mais respeito aos seguidores da camisa amarela. Apesar do apoio maciço da população mesmo com as escolhas e polêmicas, o comandante agora surge como principal vilão da derrota.
“Todos temos culpa. Mas eu sou o comandante da seleção brasileira e tenho uma culpa maior”, reconhece. “Todo mundo sabe que vim para a seleção para ficar apenas quatro anos”, despede-se.
A responsabilidade maior pela eliminação compete mesmo a ele. Afinal, foi do técnico a opção pelos jogadores comprometidos e ajuizados ao invés dos talentosos. Ao olhar para o banco de reservas, não via quase nenhuma opção para tentar mudar o jogo após a virada dos holandeses.
Com Grafites, Júlios Baptistas e Josués ao seu lado, deve ter se lembrado que poderia ter Gansos, Neymares e Ronaldinhos para imaginar uma reação. Como não tinha, ficou atônito à beira do gramado vendo sua formação ruir com um jogador a menos (Felipe Melo havia sido expulso).
“Com a menos em campo fica difícil. Não iria adiantar uma substituição faltando cinco ou dez minutos. O jogador leva um tempo para entrar na dinâmica do jogo”, afirmou, na sua entrevista coletiva que durou apenas oito minutos no estádio Nelson Mandela Bay.
Comprometimento e orgulho de servir à seleção podem não ser o suficiente para ganhar uma Copa do Mundo. Mas para Dunga, já é algo que o satisfaz. Tanto que desde o dia que começou a preparação no CT do Caju (21 de maio), a comissão técnica usou tais adjetivos como o principal pilar do trabalho. E ontem continuou usando.
“Se vocês (jornalistas) vissem como está o vestiário, poderiam entender melhor. Sinto orgulho por ter estado à frente desse grupo. Ter resgatado essa vontade de jogar pelo Brasil”, avalia.
Se essa foi sua vitória, realmente sai por cima. Nos 43 dias em que a seleção ficou reunida, ninguém reclamou, não houve contestação e o unido grupo estava na mão.
Estava tudo tão sob controle que a única desobediência, causada por Robinho – deu uma entrevista exclusiva no único dia de folga da equipe na África, em 8 de junho – já causou cobrança e desculpas do atacante a todo o elenco.
Encastelada dentro do hotel pela filosofia do técnico, a seleção brasileira caiu junto com as ideias de seu chefe. Mesmo tendo mudado tudo que considerava errado na gestão anterior, parou nas mesmas quartas de final de 2006. Ou seja, fracassou em uma derrota que vai ficar marcada como a derrota de Dunga.
Confira, em imagens, como foi o jogo: