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quinta-feira, maio 27, 2010

Corrupção desvia 2,3% do PIB brasileiro

Hélio Rocha

A palavra “corrupção” talvez seja o vocábulo mais difícil conhecido pelos brasileiros, independente de escolaridade ou nível sócioeconômico. De tanto ver as manchetes dos jornais recheadas com notícias sobre esse tipo de crime – que afeta diretamente toda a população – os brasileiros passaram a conviver de maneira natural com o problema. Para combater a prática, setores importantes da sociedade vêm unindo forças em campanhas que visam coibir o mau uso do dinheiro público, que representa 2,3 % de todo o Produto Interno Bruto (PIB) nacional, de acordo com estudos realizados pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).

A Fiesp realizou, ontem, na capital paulista, um seminário especialmente voltado para o combate à corrupção e outros crimes sociais, como delitos eleitorais, peculato, emprego indevido de verbas e tráfico de influência. As discussões foram conduzidas por especialistas da área jurídica, que trataram das irregularidades praticadas contra a Administração Pública e, consequentemente, contra toda a sociedade. O famoso “crime do colarinho branco” afeta principalmente cidadãos de classes menos favorecidas, que sofrem diariamente com deficiências nos setores da saúde, trabalho, Previdência Social, dentre outros, por causa do desvio endêmico de verbas públicas.

No final do encontro, os expositores apresentaram um estudo realizado pelo Departamento de Competitividade e Tecnologia da Fiesp (Decomtec): “Corrupção: custos econômicos e propostas de combate”, que revelou dados alarmantes, além de sugerir uma agenda anticorrupção para o Brasil. Segundo estatísticas de 2008, o custo médio anual da corrupção representa entre 1,38 % e 2,3 % de todo o PIB nacional, verbas estratosféricas que oscilam entre R$ 41,5 bilhões e R$ 69,1 bilhões.

O estudo aponta ainda que o recurso desviado seria suficiente para estender o número de crianças matriculadas na rede pública do Ensino Fundamental, dos atuais 34,5 milhões, para 51 milhões de alunos, um aumento de quase 50 %. Na área de saúde, o dinheiro significaria um crescimento de 89 % na oferta de leitos de internação nos hospitais do SUS.

“Em clima pré-eleitoral, é fundamental para a casa da indústria fomentar e discutir o combate à malversação do dinheiro público, à corrupção, e promover o resgate dos valores éticos, morais e sociais”, afirmou Eliana Belfort, diretora do Comitê de Responsabilidade Social (Cores) da Fiesp e uma das organizadoras do evento.

OAB e mpe atentos às denúncias

De acordo com Nei Viana Costa Pinto, secretário-geral da Ordem dos Advogados do Brasil na Bahia (OAB-BA), a entidade está atenta para as denúncias de corrupção em todos os poderes constituídos. Viana informa que a OAB vem cobrando providências do Ministério Público, ouvidorias e corregedorias no sentido de acompanhar as investigações sobre indícios de desvio de verbas públicas.

“A corrupção é uma ofensa à dignidade dos cidadãos que pagam seus impostos com sacrifício, mas sofrem com a falta de serviços públicos básicos que deveriam ser ofertados pelo poder público. A postura da OAB é combater ferrenhamente esse tipo de crime para garantir o direito das pessoas”, afirmou Viana.

O Conselho Nacional dos Procuradores-Gerais do Ministério Público (CNPG) lançou uma campanha nacional para coibir o desvio de verbas públicas: “O que é que você tem a ver com a corrupção?”. O projeto envolve os ministérios públicos de todos os estados no sentido de acabar com práticas corruptas arraigadas na sociedade brasileira.

Fonte: Tribuna da Bahia

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