Adriana Ferrazdo Agora
O prefeito Gilberto Kassab (DEM) afirmou ontem que São Paulo não regulamentará o serviço de mototáxi, pelo menos durante sua gestão. O democrata avisou que vetará qualquer projeto de lei que possa ser aprovado na Câmara Municipal sobre o tema.
Motoqueiros aprovam via exclusiva
"Quando a lei infelizmente foi aprovada, fomos ao governo federal. Fizemos um apelo de veto ao presidente Lula. Agora, continuamos com uma posição muito clara: de não encaminhar um projeto da parte da prefeitura para que seja modificada a lei que proíbe mototáxi", disse.
Robson Ventura/Folha Imagem
Motoqueiros se arriscam no meio dos carros em SP
A possibilidade de transportar passageiros sobre motos está descartada na capital desde 1988. Para que o serviço pudesse ser oferecido, seria preciso derrubar a legislação atual e criar uma nova. Kassab, que hoje é contra o mototáxi, já chegou a sugerir regras à atividade. As ideias foram passadas ao vereador Ricardo Teixeira (PSDB), único que defende o serviço na Câmara, em meados de julho.
Na época, Kassab sinalizou que Teixeira deveria elaborar um texto que determinasse a colocação de chips nas motos e a delimitação de uma área específica para a circulação desses veículos na cidade.
O secretário municipal dos Transportes, Alexandre de Moraes, que hoje posiciona-se contra o serviço, também afirmou, mês passado, que a capital teria de regulamentar o serviço após a aprovação da lei pelo governo federal.
A mudança de postura da prefeitura, de acordo com os vereadores, tem diversas explicações. A primeira diz respeito à saúde pública. "Mais de 50% dos atendimentos de emergência feitos no Hospital das Clínicas têm relação com acidentes de motos. A atividade aumentaria o número de mortes", afirmou o vereador Claudio Fonseca (PPS). Para o presidente da Câmara, Antonio Carlos Rodrigues (PR), a cidade não está preparada. "As nossas avenidas não são apropriadas para este tipo de transporte", diz Rodrigues.
Representantes da oposição também são contra. Para o líder do PT, João Antônio, o serviço é inadequado. "A discussão na Casa é válida, mas qualquer proposta deve ser feita pelo Executivo, que tem competência em matérias administrativas", disse. A última explicação do recuo é financeira. A liberação do mototáxi poderia causar uma migração do transporte público para o particular--e fazer a tarifa do ônibus, congelada por Kassab na campanha, aumentar.
O movimento favorável à atividade é liderado somente por Teixeira que, diante da pressão, deve retirar o projeto. Ele nega. "Quero criar um debate. Dar à prefeitura a ferramenta que permita o serviço em algumas regiões da cidade. A ideia é de um transporte complementar, para pessoas que fazem parte da viagem a pé. Aí, a pessoa só vai morrer se cair da moto."
Fonte: Agora
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