Publicado em 9 de dezembro de 2024 por Tribuna da Internet
Bela Megale
O Globo
Integrantes do governo avaliam que a relação entre Lula e os militares voltou a retroceder. Alguns ministros chegam a dizer que revivem hoje um ambiente similar ao dos ataques golpistas de 8 de janeiro, quando o clima entre o governo e a caserna azedou fortemente.
Tanto para auxiliares de Lula quanto para membros da cúpula militar, a inclusão das Forças Armadas no pacote de corte de gastos do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, é o principal foco de tensão.
RETALIAÇÃO – Boa parte dos militares considera que a medida seria uma espécie de retaliação devido às revelações da Polícia Federal sobre o envolvimento de fardados no plano de golpe de Estado, que previa até o assassinato de Lula, Geraldo Alckmin e o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.
Essa hipótese é fortemente rechaçada por integrantes da equipe econômica do governo, que apontam que, assim como em outras áreas, a aposentadoria dos militares precisa passar por reajustes.
A medida que afeta as Forças ocorre por meio do estabelecimento de uma idade mínima de 55 anos para que possam ir para a reserva, com um período de transição até 2032.
VÍDEO DA MARINHA – A mudança na previdência gerou reações, como um vídeo feito pela Marinha questionando “privilégios” e com mensagem para Haddad, conforme informou a coluna.
O presidente Lula soube do material e não gostou do que viu.
Mas a fervura na relação também tem outros fatores. Desde que a PF prendeu quatro militares, em 19 de novembro, envolvidos num plano de assassinar o presidente, o caldo, de fato, voltou a entornar.
EXONERAÇÃO – Outro ponto foi o episódio com o coronel da reserva Anderson Freire Barboza, diretor de um curso na Escola Superior de Guerra (ESG).
Ele disse que as eleições de 2022 “foram roubadas sob a liderança de Alexandre de Moraes” e chamou Lula de “ladrão”, num grupo de WhatsApp com cerca de cem pessoas. Pouco depois, foi exonerado pelo Ministério da Defesa.
Por fim, veio o indiciamento feito pela PF de 25 militares, sendo sete generais, colocado Jair Bolsonaro como peça central no plano de ruptura institucional.