Julia Lindner
Estadão
Horas antes de decidir reconhecer a derrota na eleição, o presidente Jair Bolsonaro acertou o seu futuro político com o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, no Palácio da Alvorada. Bolsonaro deve continuar na política, em oposição a Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e se tornou um ativo para Valdemar tentar aumentar o número de representantes da legenda nos municípios. Os dois se encontraram duas vezes entre ontem e hoje.
Valdemar ofereceu a Bolsonaro um cargo no partido como forma de ele ter estrutura para continuar atuante na política depois de deixar o Planalto.
CAMPANHAS MUNICIPAIS – Com isso, o presidente do PL espera que ele exerça sua influência na eleição de 2024, nas campanhas de prefeitos da sigla pelo país. O argumento é que, dessa forma, o presidente manteria o bolsonarismo vivo, além de deixar aberta a possibilidade de tentar concorrer de novo em 2026.
Alguns integrantes da legenda defendem que o presidente também pode fazer palestras pelo PL e buscar formas de “se manter na mídia”.
Antes do primeiro turno, Valdemar dava menos crédito a Bolsonaro e descartava ir para a oposição em caso de vitória de Lula. O resultado das eleições estaduais, no entanto, o surpreendeu. Graças a Bolsonaro, o PL fez a maior bancada na Câmara e no Senado. Além disso, embora Bolsonaro tenha saído derrotado na eleição presidencial, o partido do Centrão não quer ‘deixar de lado’ os 58 milhões de votos que ele recebeu.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Essa reportagem do Estadão requer tradução simultânea. Como o PL se tornou o partido mais rico do país, o presidente e dono da sigla, Valdemar Costa Neto, magnanimamente ofereceu um cargo burocrático a Bolsonaro, para justificar o pagamento de advogados que defenderão o presidente nos diversos processos a que está respondendo ou irá responder. Assim como Lula, Bolsonaro também é enriquecido ilicitamente e mostra ser tremendamente pão-duro, pois nem os advogados ele quer pagar. Lula faz a mesma coisa. Quem paga suas despesas com advogados é o PT, que lhe garante até um vitalício alto salário de “assessor” do partido, que deve ser suspenso quando ele tomar posse. Mas quem se interessa? (C.N.)