Publicado em 26 de abril de 2022 por Tribuna da Internet
Valdo Cruz
G1 Brasília
Depois do julgamento do deputado Daniel Silveira, pelo menos três ministros do STF já admitem que a pena imposta ao parlamentar bolsonarista, de oito anos e nove meses de prisão em regime fechado, pode ter sido muito pesada.
Eles não recuam na decisão de condenar o deputado, mas avaliam que a pena poderia ter sido menor, como a defendida pelo ministro André Mendonça, de dois anos e quatro meses em regime aberto.
HAVIA CONSENSO – Em conversa com interlocutores, esses ministros disseram que havia um consenso, antes do julgamento, que era necessário fechar com o relator, ministro Alexandre de Moraes, que propôs em seu voto a pena de oito anos e nove meses de prisão, para mostrar unidade do STF no caso.
Após as reações, esses magistrados avaliaram que a pena pode ter sido muito “pesada” e contribuiu para as críticas ao Supremo.
Dentro do Congresso, parlamentares que costumam defender o Supremo Tribunal Federal também criticaram reservadamente a pena de prisão imposta a Daniel Silveira, gerando, segundo eles, um clima dentro da Câmara dos Deputados contra a cassação do mandato do parlamentar bolsonarista, que foi determinada no julgamento da semana passada.
OUTRAS PENAS – Além da prisão, Silveira foi condenado a pagar multa, ter o mandato cassado, com perda dos direitos políticos, o que o tornaria inelegível nas eleições deste ano. O placar do julgamento foi de dez votos a um. No caso da cassação, há um questionamento se ela precisa ser votada no plenário da Câmara dos Deputados.
Alguns ministros, apesar de agora avaliar que a pena foi pesada, fazem questão de destacar que a condenação foi correta, diante dos ataques e ameaças recorrentes feitas pelo parlamentar ao STF.
Ou seja, mesmo com a reação presidencial que editou decreto perdoando a pena do seu aliado, os magistrados seguem avaliando que o parlamentar tomou atitudes que justificam legalmente a condenação.
PRÓXIMOS PASSOS – Agora, o Supremo vai analisar no plenário as ações impetradas por partidos da oposição questionando a constitucionalidade do decreto presidencial que concedeu a graça do perdão ao parlamentar bolsonarista.
Relatora das ações, a ministra Rosa Weber deu prazo de dez dias para o presidente Bolsonaro explicar as razões da edição do decreto.
Além disso, Moraes deu seguimento ao processo, determinando o prazo de 48 horas para que a defesa de Silveira anexe aos autos o decreto presidencial.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Na quarta-feira passada, quando ainda estava se desenrolando o julgamento de Daniel Silveira, publicamos o seguinte comentário aqui na Tribuna da Internet:
“Condenar à prisão, cassar o mandato e aplicar uma pesada multa, tudo isso parece um bocado de exagero e mostra uma visível tendência ditatorial do Supremo. Nesse ponto, o neoministro André Mendonça demonstrou bom senso, ao defender uma pena menor. Já o ministro Nunes Marques exagerou na bajulação a Bolsonaro, ao defender a absolvição do deputado, porque tudo na vida precisa ter limites e a imunidade parlamentar não pode servir de escudo para esse tipo de maluquice. Os poderes da República precisam se respeitar”. (C.N.)