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segunda-feira, janeiro 25, 2021

Aos 87 anos, morre no Rio Eduardo Chuhay, um dos líderes do trabalhismo no Brasil


Chuahy ajudou Brizola a fundar seu novo partido, o PDT

Sergio Caldieri

O ex-deputado Eduardo Chuahy, faleceu vitima de um infarto nesta madrugada de domingo, em São Conrado, no Rio de Janeiro. Chuahy nasceu em 13 de julho de 1933, em São Paulo, filho de um libanês do ramo de tecelagem, estudou economia e seguiu a carreira militar onde sempre esteve ao lado dos nacionalistas.

Na campanha da legalidade lutou ao lado de Leonel Brizola quando assumiu o comando de um quartel no interior do Rio Grande do Sul. Com João Goulart assumindo o governo em 1961, logo após a renúncia de Jânio Quadros, Chuahy foi convidado para participar do gabinete militar como ajudante de ordens, ao lado de Juarez Motta. Foi um dos primeiros a ser cassados pelos golpistas de 1964.

EDITORA VOZES – Com a cassação, impedido de trabalhar, Chuahy foi um grande incentivador da área cultural quando fez parte da diretoria da Editora Vozes, de Petrópolis, onde editou vários livros, entre eles, ‘1964: A conquista do Estado’, do uruguaio René Dreiffus, ‘A originalidade das Revoluções’, do seu grande amigo Edmundo Moniz, e várias obras do general Nelson Werneck Sodré.

Na Editora Vozes, que completará 120 anos, no próximo dia 3 de março, Eduardo Chuahy tornou-se muito amigo do frei progressista Ludovico Gomes de Castro, que atuou como Diretor-Geral entre 1964 a 1986 e passou a investir nas publicações destinadas aos universitários com teses e dissertações. 

PERDA DO PTB – O dirigente do PDT, advogado Trajano Ribeiro lembrou que Leonel Brizola. durante a reforma partidária, delegou ao Chuahy o registro e a reorganização do Partido Trabalhista Brasileiro. Mas Brizola acabou perdendo a sigla para a ex-deputada Ivete Vargas, numa manobra maquiavélica do general Golbery do Couto e Silva.

O bruxo do SNI tinha muito interesse na fundação do Partido dos Trabalhadores, para dividir os trabalhistas e impedir o sonho da candidatura Leonel Brizola à Presidência da República.

Chuahy então fez parte da equipe que cuidou da organização do PDT.

FILME JANGO – Chuahy foi o maior incentivador do filme ‘Jango’, do cineasta Silvio Tendler. Tudo começou quando o jornalista Raul Ryff, assessor de imprensa de João Goulart, convidou o cineasta Silvio Tendler para um jantar na casa do Eduardo Chuahy.

Ryff queria mostrar um filme do Jango sendo recebido por Mao Tsé Tung, na porta do Palácio Vermelho. E conversou com Tendler sobre a possibilidade de fazer um filme sobre Jango.

Chuahy se entusiasmou e começou a arrecadar fundos e fazer contato para os depoimentos dos entrevistados. Segundo Silvio Tendler, Chuahy foi um gigante na produção do histórico filme “Jango”.

VÁRIOS LIVROS – Chuhay escreveu vários livros da área econômica: ‘A construção e destruição do setor elétrico brasileiro’, ‘ Populismo: A quem serve a confusão conceitual?’, ‘Educação o sonho acabou?’ ‘Amazônia azul’.

Disse Norma Sousa Bittencourt, viúva do Chuahy: “Tenho muito orgulho de ter participado como esposa da trajetória de vida de Eduardo Chuahy. Homem honesto, trabalhador, transparente e sempre prevaleceu em todos os cargos que ocupou. Votou a favor da cassação do presidente Collor de Mello. Atuou sempre em defesa do povo. Ele governou um ano e meio durante a gestão do Leonel Brizola, que foi pouco noticiado. Ele sabia muito bem dividir paralelamente sua vida política e pessoal. Sempre foi um pai maravilhoso para as nossas filhas, assim como um marido presente e carinhoso”. 

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