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domingo, setembro 26, 2010

57 milhões vivem em alto desenvolvimento

Domingo, 26/09/2010

Divulgação

Divulgação / Araraquara, no interior de São Paulo, a primeira do ranking nacional: continuidade em políticas públicas Araraquara, no interior de São Paulo, a primeira do ranking nacional: continuidade em políticas públicas
Cenário nacional


Educação, saúde e renda balizam boa taxa de crescimento dos municípios brasileiros entre 2000 e 2007

Publicado em 26/09/2010 | Themys Cabral

O Brasil deu um salto de desenvolvimento entre 2000 e 2007. É o que mostra o Índice Firjan de Desenvolvimento Social (IFDM), elaborado pela Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan). De acordo com o indicador, em 2000, apenas 0,9% da população vivia em municípios com alto índice de desenvolvimento – 99,8% no estado de São Paulo. Em 2007, esse porcentual já era de 31,4%, o equivalente a 57 milhões de pessoas. Entre 2000 e 2007, 91,2% dos municípios brasileiros apresentaram melhoria em seu índice.

Mesmo assim, em 2007, 22% da população, ou seja 40 milhões, ainda não tinham serviços de qualidade na educação, saúde e nem acesso a um mercado formal de trabalho estruturado, pois viviam em municípios de baixo índice de desenvolvimento (0,3%) ou de desenvolvimento regular (21,4%). Destes, 85% estavam no Norte e Nordeste. A maior parte da população, em 2007, concentrava-se em municípios de desenvolvimento moderado (47,2%).

Sergio Pierri

Sergio Pierri / O pior Índice Firjan do país fica em Marajá do Sena, no Maranhão: desigualdades regionais persistem Ampliar imagem

O pior Índice Firjan do país fica em Marajá do Sena, no Maranhão: desigualdades regionais persistem

O IFDM Brasil passou de 0,5954, em 2000, para 0,7478, em 2007, confirmando a tendência de desenvolvimento moderado apresentado em 2005 e 2006. Entre 2006 e 2007, o IFDM Brasil teve alta de 1,4%. O indicador é baseado em três áreas: saúde, educação, renda/trabalho. Em 2007, educação apareceu como área de desenvolvimento de maior influência no desempenho geral, enquanto saúde manteve a trajetória de ascensão vagarosa. Emprego/renda registrou acomodação.

O índice da Firjan revela que o desenvolvimento no Brasil avança, interioriza-se e a desigualdade diminui. “Aumentou também o processo de concentração de municípios entre 0,6 e 0,8 pontos, migrados de faixas inferiores, o que mostra tendência de redução de desigualdade entre os níveis de desenvolvimento das cidades”, aponta o estudo.

Para o chefe da divisão de estudos econômicos da Firjan, Guilherme Mercês, o desenvolvimento brasileiro acontece de forma sustentável, gradual e consistente. “Um crescimento brusco de um ano para outro não é, normalmente, sustentável. Nós observamos que a maior parte dos municípios brasileiros ficou com variação positiva de até 10% entre um ano e outro”, explica.

De acordo com o macroeconomista e professor do curso de Economia da Universidade Positivo Wilhelm Meiners, a evolução do Brasil está relacionada a recuperação da renda média, com a elevação do salário mínimo, a geração de empregos e a estabilidade econômica. Segundo o especialista, o Bolsa Família tem vinculação, mas não é tão significativa como os outros aspectos. “Um salário de R$ 500 faz muito mais diferença do que uma bolsa de R$ 50”, diz. “O Bolsa Família é importante no Nordeste, mas é captado no indicador mais pela renda do que pelo emprego.”

Desigualdade

Mesmo menor, a desigualdade ainda é uma grande barreira a ser vencida no Brasil. Os estados do Sul e Sudeste concentram 93% dos 500 municípios mais desenvolvidos. Logo em seguida vem o Centro-Oeste com 4,8%. Os estados do Norte e Nordeste possuem juntos apenas 2,2% dos 500 municípios mais desenvolvidos do país. Entre os 500 piores, a concentração maior é entre os estados do Norte e Nordeste com 99,2% dos municípios. O Nordeste, porém, diminuiu a sua participação nesse grupo entre 2006 e 2007, de 80,4% para 73,6%. Ao mesmo tempo, o Norte aumentou de 15,8% para 22,6%.

Um exemplo dessa desigualdade que ainda reina no país é a diferença de condições de vida da população de Araraquara, no interior de São Paulo, e Marajá do Sena, no Maranhão, respectivamente, primeira e última colocadas no ranking nacional. Segundo o prefeito de Araraquara, Marcelo Barbieri, o bom desempenho do município de 200 mil habitantes (IFDM 0,9349) está ligado à continuidade. “A história da cidade é de bons administradores que dão continuidade às políticas. É uma questão cultural local há mais de trinta anos. Esses administradores não são necessariamente do mesmo partido, mas sabem que quem quebrar essa cultura pode se dar mal”, afirma.

Segundo Barbieri, a cidade municipalizou a saúde a partir da década de 90 e está implantando um programa nos moldes do Mãe Curitibana, para atendimento à gestante. Em relação à educação, apesar de estar acima da média nacional, a ordem é melhorar. Já na área de emprego e renda, o prefeito diz que a estratégia é atrair grandes empresas.

Na outra ponta do desenvolvimento, Marajá do Sena, com 7 mil habitantes e IFDM de 0,3394, está isolado do restante do Brasil. O contato no site da prefeitura é de um telefone público que nem sempre funciona. De acordo com os moradores de um dos povoados do município, eles vivem sem energia elétrica, sem acesso à educação e saúde de qualidade. Na escola, os alunos da 6.ª a 8.ª série têm aulas na mesma sala. Na 3.ª e 4.ª série, a situação se repete. Os dados que colocam Marajá do Sena na rabeira do ranking referem-se a 2007, mas, mesmo três anos depois, a cidade parece não ter conseguido dar a volta por cima. Em 2009, por exemplo, o município ficou completamente alagado e o prefeito chegou a cogitar mudar a cidade de lugar.

Fonte: Gazeta do Povo

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