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terça-feira, junho 22, 2010

Brasileiro fuma menos, mas bebe mais e engorda

Daniel Derevecki/Gazeta do Povo

Daniel Derevecki/Gazeta do Povo / Mesa de bar, em Curitiba:  exagero na bebida é cada vez mais comum entre os jovens de 18 a 24 anos Mesa de bar, em Curitiba: exagero na bebida é cada vez mais comum entre os jovens de 18 a 24 anos
Saúde


Pesquisa do Ministério da Saúde revela um aumento no número de obesos e de pessoas que exageram no consumo de bebida alcoólica

Publicado em 22/06/2010 | Cecilia Valenza, com agências

Os brasileiros estão mais gordos e bebendo mais, mas fumam cada vez menos. É o que revela uma pesquisa feita em todas as capitais do país pelo Vigitel (Vigilância de Fatores de Risco e Proporção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico) sobre excesso de peso, tabagismo e consumo de álcool. Foram entrevistadas 54 mil pessoas por telefone.

Segundo o estudo, metade da população brasileira está acima do peso. De 2006 para 2009, a quantidade de brasileiros com excesso de peso passou de 42,7% para 46,6%, e os considerados obesos, de 11,4% para 13,9%. Em relação ao consumo excessivo de bebida alcoólica, 16,2% da população afirmava exagerar na bebida em 2006 , enquanto que no ano passado esse número subiu para 18,9%. A boa notícia é que, nos últimos três anos, o número de brasileiros fumantes teve uma pequena queda, passando de 16,2% para 15,5%.

Jovens e homens são os que mais abusam do álcool

Em três anos, o consumo excessivo de álcool cresceu entre os brasileiros, passando de 16,2% em 2006 para 18,9% no ano passado. O levantamento do Ministério da Saúde comprova que o descontrole na hora de beber é mais frequente na população masculina e entre os jovens.

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O consumo de tabaco no Brasil vem caindo há mais de duas décadas. Em 1989, 33% da população fumava, segundo a Pesquisa Nacional de Saúde e Nutrição, realizada pelo IBGE. “O Brasil é um dos países com maior êxito na campanha de combate ao tabagismo. Foi uma queda muito expressiva no número de fumantes em um tempo muito curto”, enfatiza a coordenadora de Vigilância de Agravos e Doenças Não Trans­missíveis do Ministério da Saúde, Deborah Malta. A redução pode ser explicada por uma série de ações lideradas pelo governo para reduzir a atratividade do cigarro, entre elas: a proibição de publicidade do tabaco, o aumento de impostos sobre o produto e a inclusão de advertências mais explícitas sobre os efeitos danosos do fumo nas carteiras de cigarro.

A Região Sul ainda é a maior consumidora de tabaco, ficando acima da média nacional. Porto Alegre é a campeã em número de fumantes (22,5%), seguida por Florianópolis (20,2%) e Curitiba (19,3%). Segundo a pneumologista do programa de tratamento ao tabagismo da Secretaria de Saúde de Curitiba Luci Bendhack, questões geográficas, sociais e econômicas explicam o maior consumo no Sul. “O poder aquisitivo da população é maior. Além disso, o clima frio e a fumicultura também favorecem o consumo”, diz.

Pela primeira vez, o Vigitel in­ves­­tigou a frequência de fumantes passivos na população. O levantamento aponta que 13,3% dos brasileiros não fumantes moram com pelo menos uma pessoa que tem por hábito fumar dentro de casa. Já 12,8% das pessoas que não fumam convivem com ao menos um colega fumante no local de trabalho. Segundo dados do Instituto Nacional do Câncer, pelo menos 2,6 mil não fumantes morrem no Brasil anualmente devido a doenças ocasionadas pelo tabagismo passivo.

Excesso de peso

Para Deborah Malta, o crescimento expressivo no número de pessoas com sobrepeso e obesas, em um curto período, é uma tendência mundial. “O Brasil não está isolado nessas estimativas. É mais um reflexo da queda no consumo de alimentos saudáveis e a substituição deles por produtos industrializados e refeições pré-prontas”, comenta.

Além do excesso de peso, uma alimentação pouco balanceada aliada ao sedentarismo pode contribuir com o aparecimento de doenças crônicas. De acordo com a Vigitel 2009, 24,4% da população brasileira foi diagnosticada com hipertensão arterial e 5,8% afirma sofrer de diabete. O consumo excessivo de sal e gordura é apontado como fator de risco para a pressão alta, enquanto a incidência de diabete pode estar relacionada à ingestão de grande quantidade de açúcar, massas e alimentos calóricos. Aspectos econômicos também influenciam nos índices de obesidade. “Deixamos de ser um país de desnutridos, mas as pessoas que antes passavam fome hoje se alimentam muito mal, comem basicamente carboidratos e gordura, que é mais barato”, sa­­lienta o ex-presidente da Associa­ção Brasileira de Estudos da Obesidade (Abeso) e professor de Endocrinologia da Universidade Federal do Paraná, Henrique Suplicy.

Fonte: Gazeta do Povo

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