Os ataques são uma tentativa desesperada dos latifundiários locais de conter as retomadas de terra na região, que avançam a despeito dos crimes dos latifundiários.
Em um ato de guerra declarado, uma mãe e duas crianças foram carbonizadas vivas em mais um ataque macabro feito por pistoleiros à retomada tekoha Avae’te em Dourados (MS) na madrugada de hoje (31/03). De acordo com informações da Assembleia Geral do povo Kaiowá e Guarani (Aty Guasu), o latifundiário por trás do assassinato é Allan Christian Kruger.
Ainda de acordo com as denúncias, esse ataque criminoso faz parte de uma campanha da família latifundiária Kruger, com o apoio dos políticos locais, contra o povo Guarani-Kaiowá em luta. Nas últimas semanas, uma reportagem de AND reportou de perto um ataque promovido por uma legião de pistoleiros fortemente armados contra o povo Guarani-Kaiowá.
A reportagem mostrou como latifundiários e pistoleiros chegaram em caminhonetes, expulsaram os Guarani-Kaiowá de parte de suas terras, cavaram trincheiras em torno do território reduzido e instalaram uma tenda próximo, como uma prisão a céu aberto com um ponto avançado de vigia dos pistoleiros e latifundiários.
O correspondente local de AND também escutou denúncias dos Guarani-Kaiowá de como a Polícia Militar (PM) trabalha ao lado dos pistoleiros e a serviço dos latifundiários: em um dia em que 20 indígenas tentaram pular a trincheira, os pistoleiros imediatamente chamaram a PM, que chegou na região rapidamente e atacou os guerreiros Guarani-Kaiowá com balas de borracha, de chumbo e jatos de spray de pimenta.

O grupo que atacou os Guarani-Kaiowá em Avae’te atuou de maneira planejada e organizada, seguindo métodos usados por grupos paramilitares do latifúndio que têm se organizado por todo o Brasil para combater indígenas e camponeses em luta.
No caso do MS, a invasão de uma aldeia para incendiar casas dos habitantes com moradores dentro é um modo medieval de declarar guerra. Esses ataques ocorrem em meio ao cenário local do MS, em que os Guarani-Kaiowá têm avançado em suas retomadas, e no cenário nacional de crescimento dos conflitos agrários, marcados pela violência dos latifundiários, principalmente de extrema-direita, contra os pobres do campo, e o crescimento da autodefesa camponesa e indígena contra grandes fazendeiros.
A equipe de redação de AND seguirá acompanhando o caso.
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