Publicado em 27 de fevereiro de 2025 por Tribuna da Internet
Pedro S. Teixeira
Folha
A plataforma de vídeos Rumble, que trava batalha judicial contra o ministro Alexandre de Moraes, funciona graças a um investimento de US$ 775 milhões (R$ 4,5 bilhões) do bilionário Paolo Ardoino, o CEO da Tether, uma das criptomoedas de maior circulação no mundo.
Em conversa com o CEO da rede social , Chris Pavlovski, durante evento realizado em San Salvador (capital de El Salvador) no mês passado, Ardoino afirmou que entendia o “custo de defender a liberdade de expressão nos dias de hoje”. Pavlovski define sua empresa como “uma infraestrutura independente imune à cultura do cancelamento”.
PREJUÍZOS E PROCESSOS – A rede social divulga, na sua página de relação com investidores, além dos habituais resultados contábeis marcados por seguidos prejuízos, anúncios de processos judiciais.
Um dos exemplos é a ação judicial que a plataforma abriu, ao lado da Truth Social de Donald Trump, contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. O pedido de liminar da empresa para anular as decisões do magistrado brasileiro foi negado pela Justiça da Flórida nesta terça-feira (25).
Segundo Ardoino, o investimento feito por meio dos fundos da Tether teve como motivação os valores compartilhados pelas empresas, como o direito fundamental à liberdade de expressão. “O trabalho da plataforma é fundamental, em tempos nos quais parte do status quo da política e da imprensa tradicional se posiciona a favor da censura”.
COBRIR ROMBOS – Do total investido, US$ 250 milhões (R$ 1,4 bilhão) seriam revertidos, de saída, para compensar buracos no orçamento da empresa. Os gastos incluem, além dos investimentos em infraestrutura, multas em aberto com a Justiça brasileira e honorários de advogados, em outros dois frontes na Califórnia e no Texas.
O Rumble também tenta, em conjunto com o X (ex-Twitter) de Elon Musk, reverter na Justiça do Texas um boicote de grandes anunciantes. A empresa afirma que é punida financeiramente sem motivos justos por sua posição política.
A Federação Global de Anunciantes (WFA, na sigla em inglês) afirma que as empresas têm o direito de escolher não anunciar no Rumble, que “se orgulha da sua moderação de conteúdo furada e de medidas de segurança frouxas.”
RECEITA EM QUEDA – No último registro contábil da companhia, divulgado em 12 de novembro, a empresa anunciou que o valor recebido dos anunciantes por cada usuário diminuiu de US$ 0,37 para US$ 0,33. Em comparação, a Meta arrecada mais de dez vezes mais com cada usuário (US$ 4,14), segundo balanço do conglomerado.
Como tem nos anunciantes a principal fonte de receita, o Rumble anunciou que seu prejuízo cresceu de US$ 29,2 milhões (R$ 169 milhões) no terceiro trimestre de 2023 para US$ 31,5 milhões (R$ 182 milhões) no mesmo período em 2024.
LEI CALIFORNIANA – Além disso, a empresa briga na Justiça com o governo da Califórnia para derrubar uma legislação estadual de moderação de desinformação política.
A lei exige que plataformas online produzam relatórios sobre publicações relacionadas a eleições, funcionários públicos e candidatos a cargos que sejam consideradas “materialmente enganosas” e, em seguida, removam ou rotulem o conteúdo.
O Rumble, por outro lado, fica sediado na Flórida, onde existe uma lei de moderação de conteúdo para dificultar a remoção de postagens. Lá, a empresa pode excluir publicações apenas se explicar o motivo para as autoridades locais.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Nota-se que também nos EUA ninguém se entende sobre regulação das redes sociais. Realmente, é um tema complicado que ainda vai render muita discussão. (C.N.)