Roberto Nascimento
Os fatos que estão vindo à tona sobre a trama golpista não têm paralelo na História do Brasil. Nas reuniões em Brasília, planejavam assassinatos, prisões, gabinete de crise, atos institucionais, relações com a sociedade para explicar o motivo da intentona golpista e uma violência muitas vezes maior do que o Golpe de 1964.
O senador Hamilton Mourão (Republicanos-RS), em entrevista concedida ao O Globo, declara que a prisão do general Braga Netto atropelou o devido processo legal.
SEM COMENTÁRIOS – Ora, Mourão não deu nenhuma palavra sobre o atropelo do devido processo democrático por seus colegas generais Braga Netto, Augusto Heleno, Mário Fernandes, Estevam Theophilo, e dezenas de coronéis e oficiais inferiores, reunidos em quadrilha para continuarem mandando no Brasil.
O que tentaram desde o dia 12 de dezembro de 2022, quando os “kids pretos” lideraram um vandalismo sem precedentes na capital, tentando invadir a sede da Polícia Federal, saqueando postos de gasolina e roubando botijões de gás, com ônibus incendiado e quase arremessado da ponte sobre a Rodoviária de Brasília.
O objetivo era causar confusão generalizada, abrindo caminho para o decreto de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) e interromper a passagem de governo. Não foram eficientes, ninguém morreu, o ônibus incendiado ficou pendurado e felizmente não caiu.
NÃO É CRIME? – Portanto, cai por terra o argumento tosco do general e senador, Hamilton Mourão, quando afirmou, que participar de reuniões golpistas, não é crime. Ora, não constituem crime se não provocarem nenhuma violência, e não foi o caso.
Mourão passou quatro anos como vice-presidente, escanteado por Bolsonaro, que não confiava nele de jeito nenhum. Bolsonaro temia, um golpe de Mourão contra ele e também tinha ciúmes do general, que é tosco, golpista, mas bem preparado e articulado.
Bolsonaro, por sua vez, não sabe nada de coisa nenhuma, e covarde, manda os outros fazerem o seu jogo e depois diz que não sabia de nada e que seu auxiliar agiu por conta própria, como fez com o tenente-coronel Mauro Cid, jogando-o as feras, sendo essa falta de solidariedade o motivo principal da delação Cid. Afinal, ninguém quer morrer sozinho na praia.
LÍDERES DE BARRO – Um verdadeiro líder de fato não deixa a tropa no fogo cruzado, nem abandona seus feridos. Um líder nato assume todos os riscos das empreitadas que comanda. Mas não é isto que está ocorrendo, os líderes golpistas se escondem e deixam os subordinados pagarem por terem cumprido ordens.
Esse comportamento dos generais Braga Netto e Augusto Heleno, compartilhado por Bolsonaro, está pegando muito mal na caserna. Ninguém acredita mais neles.
Braga Neto, um general estrelado, se mostrou um militar fraco, boca suja e desleal, ao ordenar aos subordinados golpistas que infernizassem as famílias do comandante do Exército, Freire Gomes, e do Comandante da Aeronáutica, Baptista Junior. É uma mancha na História do Brasil, que nunca se apagará. Os golpistas ficarão marcados na testa, como traidores da pátria, aqueles que quase levaram o Brasil a uma guerra civil.