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segunda-feira, maio 29, 2023

Lula enaltece Maduro, ataca EUA e diz que há preconceito contra regime da Venezuela

Publicado em 29 de maio de 2023 por Tribuna da Internet

Maduro diz que encontro com Lula "constitui fato histórico"

Lula proclama que o encontro foi um momento histórico

Paloma Rodrigues, Filipe Matoso e Mateus Rodrigues
TV Globo — Brasília

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva classificou como “momento histórico”, nesta segunda-feira (29), a reunião com o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, no Palácio do Planalto, que não visitava o Brasil desde 2015, quando esteve na posse do segundo mandato de Dilma Rousseff.

“É um prazer te receber aqui outra vez. É difícil conceber que tenham passado tantos anos sem que mantivessem diálogos com a autoridade de um país amazônico e vizinho, com quem compartilhamos uma extensa fronteira de 2.200 km”, declarou Lula.

SOLIDARIEDADE TOTAL – “Penso que esse novo tempo que estamos marcando agora não vai superar todos os obstáculos que você tem sofrido ao longo desses anos. Briguei muito com companheiros social-democratas europeus, com governos, com pessoas dos Estados Unidos. Achava a coisa mais absurda do mundo, para as pessoas que defendem democracia, negarem que você era presidente da Venezuela, tendo sido eleito pelo povo. E o cidadão que foi eleito para ser deputado ser reconhecido como presidente”, disse.

O “cidadão” citado por Lula é o autointitulado presidente da Venezuela Juan Guaidó, que era reconhecido como presidente por então presidente Jair Bolsonaro, pelos EUA na gestão Donald Trump e por outros líderes de direita no continente.

Oposicionistas ao governo Lula criticam essa posição de aproximação do Brasil com o governo venezuelano. Argumentam que a Venezuela é uma ditadura e que Maduro enfraqueceu as instituições democráticas do país.

DISCURSO DE LULA – “O preconceito continua, ainda. O preconceito contra a Venezuela é muito grande. Quantas críticas a gente sofreu aqui durante a campanha por ser amigo da Venezuela. Havia discursos e mais discursos, os adversários diziam ‘Se o Lula ganhar as eleições, o Brasil vai virar uma Venezuela, uma Argentina, uma Cuba’, quando o nosso sonho era que o Brasil fosse o Brasil mesmo, melhor”, disse Lula.

O presidente brasileiro afirmou, ainda, que a Venezuela precisa divulgar sua “narrativa” sobre a situação política e econômica do país para fazer frente às “narrativas” construídas por opositores no cenário internacional.

“Acho que cabe à Venezuela mostrar a sua narrativa, para que possa efetivamente fazer pessoas mudarem de opinião. […] É preciso que você construa a sua narrativa, e eu acho que por tudo que conversamos, a sua narrativa vai ser melhor do que a narrativa que eles têm contado contra você”, disse Lula, no microfone, em fala endereçada diretamente a Maduro.

PEDIR DESCULPAS – “É inexplicável um país ter 900 sanções porque outro país não gosta dele. Acho que está nas suas mãos, companheiro [Maduro], construir a sua narrativa e virar esse jogo para a Venezuela voltar a ser um povo soberano, onde somente seu povo, através de votação livre, diga quem vai governar o país. É só isso que precisa ser dito. E nossos adversários vão ter que pedir desculpas pelo estrago que ele fizeram na Venezuela”, declarou.

Lula disse saber das “dificuldades” na relação da Venezuela com o Brasil e com o resto do mundo – citou como exemplos a dívida externa e o combate ao narcotráfico –, mas afirmou que o governo buscará uma “integração plena” entre os dois países.

“Sabemos das dificuldades que nós temos, da quantidade de empresas que já estão na Venezuela e querem voltar para a Venezuela. Sabemos da dívida da Venezuela, e sabemos que tudo isso faz parte, e vai fazer parte de um acordo que a gente faça para que a nossa integração seja plena”, declarou.

UNIÃO CONTINENTAL – “Esse momento é importante por muitas razões, mas uma delas é porque a América do Sul tem que se convencer que temos que trabalhar como se fosse um bloco. Não dá para ninguém imaginar que, sozinho, um país da América do Sul vai resolver seus problemas que perduram mais de 500 anos”, completou Lula.

O presidente brasileiro afirmou, ainda que a cúpula de presidentes da América do Sul, a ser realizada nesta terça (30) em Brasília, deve debater o aprofundamento da integração do continente a exemplo do que acontece na União Europeia e na União Africana.

Disse também que não recebeu proposta oficial, mas é pessoalmente favorável à adesão da Venezuela ao Brics (grupo com Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) e pode levar o tema ao grupo, se houver solicitação formal.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – 
Não há a menor dúvida de que, desta vez, Lula exagerou e demonstrou estar em linha de colisão com os Estados Unidos e os países europeus. Maduro é um ditador vulgar, que segue os passos de Chavez, que seguia os passos de Fidel na implantação de uma ditadura execrável, em que não é permitido fazer oposição… Na diplomacia, só há uma posição aceitável para o Brasil, que é a neutralidade. Qualquer outra posição é negativa para o país. (C.N.)  

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