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quarta-feira, fevereiro 05, 2020

Apoiadores pressionam pela saída de Fabio Wajngarten da chefia da Secom, mas Bolsonaro resiste


Permanência do assessor presidencial se tornou insustentável
Gustavo Uribe
Fábio Fabrini
Julio Wiziack
Folha
Auxiliares de Jair Bolsonaro aumentaram a pressão interna no Planalto pela saída de Fabio Wajngarten da chefia da Secom (Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República), mas o presidente resiste em demiti-lo. A abertura pela Polícia Federal de um inquérito para investigá-lo intensificou a cobrança interna para que Wajngarten se afaste do cargo.
A avaliação de integrantes do núcleo militar e do grupo ideológico ouvidos pela Folha é de que a permanência do assessor presidencial se tornou insustentável. Na avaliação deles, a manutenção de Wajngarten no cargo só aumenta o desgaste que o episódio já causou na imagem do governo. No entanto, Bolsonaro, de acordo com seus aliados, não considera afastar o chefe da Secom durante a tramitação da investigação da PF.
NADA “CRIMINOSO” – Bolsonaro afirmou a jornalistas, na saída da residência oficial do Palácio da Alvorada, nesta quarta-feira, dia 5, que não viu nada “criminoso” na atitude do secretário. Ele foi questionado por jornalistas se a abertura do inquérito cria constrangimento para a permanência de Wajngarten no governo.
“Dá a entender que ele é um criminoso. Não é criminoso, eu não vi nada que atente contra ele”, respondeu o presidente. “Wajngarten continua mais firme do que nunca”, completou.
INQUÉRITO – A PF atendeu a um pedido do Ministério Público Federal, feito na semana passada, e abriu inquérito para investigar Wajngarten pelos crimes de corrupção passiva, peculato (desvio de recursos por agente público) e advocacia administrativa (patrocínio de interesses privados na administração pública). A solicitação do MPF foi feita a partir de representações apresentadas com base em reportagens da Folha.
No dia 15 de janeiro, a Folha mostrou que Wajngarten é sócio de uma empresa, a FW Comunicação, que recebe dinheiro de emissoras de TV, entre elas Record e Band, e de agências contratadas pela própria Secom, ministérios e estatais do governo Jair Bolsonaro. Ele nega irregularidades e conflitos de interesse.
OMISSÃO – Nesta terça-feira, dia 4, o jornal revelou ainda que, ao assumir o cargo, o secretário omitiu da Comissão de Ética Pública da Presidência da República informações sobre as atividades da FW e os negócios mantidos por ela. Na gestão de Wajngarten, seus clientes passaram a receber porcentuais maiores da verba de propaganda da Secom.
A frente de apuração da PF é a primeira de caráter criminal a ser aberta. Em geral, o prazo inicial de inquéritos é de 30 dias. Segundo relatos feitos à Folha, o Planalto identificou que, nos últimos dias, a crise não tem repercutido bem entre apoiadores do presidente nas redes sociais. Esse é um movimento que costuma preocupar Bolsonaro.
MUDANÇAS – A troca do comando da Secom tem sido encampada por perfis identificados com a direita, que aproveitam o episódio para pregar uma mudança ampla na postura da comunicação institucional. A defesa é pela adoção de um tom incisivo contra os críticos do governo. O discurso é que Wajngarten deveria defender o presidente com a mesma energia com que responde às acusações feitas contra ele.
No governo, há quem veja nas postagens as digitais do grupo ligado ao vereador e filho do presidente, Carlos Bolsonaro (PSC-RJ). Apesar do aumento do desgaste, a aposta dos dois núcleos palacianos é de que, apesar de a saída de Wajngarten ser uma questão de tempo, não ocorrerá em curto prazo. Esse atraso na saída do secretário se deve ao fato de que o presidente deve aguardar a conclusão do inquérito da PF e a do processo administrativo no TCU (Tribunal de Contas da União).
AFRONTA – A corte de fiscalização abriu processo por suposto direcionamento político de verbas de propaganda para TVs consideradas próximas do governo, principalmente Record, SBT e Band —o que afrontaria princípios constitucionais, entre eles o da impessoalidade na administração pública.
Mesmo com os desdobramentos no TCU, no MPF e na PF, no Planalto já são defendidos nomes para substituir Wajngarten, como o do jornalista e youtuber Alexandre Garcia (ex-TV Globo) e do general Otávio Rêgo Barros, porta-voz da Presidência, que há dias não faz um briefing diário.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
 – A repercussão da crise entre apoiadores de Bolsonaro nas redes sociais, de fato, pode ter, nas entrelinhas, os sussurros de Carlos. Para quem não lembra, no fim do ano passado, o “02” compartilhou no Twitter uma crítica escancarada sobre a atuação da Comunicação do Planalto, sob o comando de Wajngarten, classificando-a como uma “bela porcaria”. Com apoiadores, filhos e membros de equipe que se revezam no tropeços, Bolsonaro não precisa nem de oposição para atrapalhar suas ações. (Marcelo Copelli)

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