Gustavo Uribe
Fábio Fabrini
Julio Wiziack
Folha
Fábio Fabrini
Julio Wiziack
Folha
Auxiliares de Jair Bolsonaro aumentaram a pressão interna no Planalto pela saída de Fabio Wajngarten da chefia da Secom (Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República), mas o presidente resiste em demiti-lo. A abertura pela Polícia Federal de um inquérito para investigá-lo intensificou a cobrança interna para que Wajngarten se afaste do cargo.
A avaliação de integrantes do núcleo militar e do grupo ideológico ouvidos pela Folha é de que a permanência do assessor presidencial se tornou insustentável. Na avaliação deles, a manutenção de Wajngarten no cargo só aumenta o desgaste que o episódio já causou na imagem do governo. No entanto, Bolsonaro, de acordo com seus aliados, não considera afastar o chefe da Secom durante a tramitação da investigação da PF.
NADA “CRIMINOSO” – Bolsonaro afirmou a jornalistas, na saída da residência oficial do Palácio da Alvorada, nesta quarta-feira, dia 5, que não viu nada “criminoso” na atitude do secretário. Ele foi questionado por jornalistas se a abertura do inquérito cria constrangimento para a permanência de Wajngarten no governo.
“Dá a entender que ele é um criminoso. Não é criminoso, eu não vi nada que atente contra ele”, respondeu o presidente. “Wajngarten continua mais firme do que nunca”, completou.
INQUÉRITO – A PF atendeu a um pedido do Ministério Público Federal, feito na semana passada, e abriu inquérito para investigar Wajngarten pelos crimes de corrupção passiva, peculato (desvio de recursos por agente público) e advocacia administrativa (patrocínio de interesses privados na administração pública). A solicitação do MPF foi feita a partir de representações apresentadas com base em reportagens da Folha.
No dia 15 de janeiro, a Folha mostrou que Wajngarten é sócio de uma empresa, a FW Comunicação, que recebe dinheiro de emissoras de TV, entre elas Record e Band, e de agências contratadas pela própria Secom, ministérios e estatais do governo Jair Bolsonaro. Ele nega irregularidades e conflitos de interesse.
OMISSÃO – Nesta terça-feira, dia 4, o jornal revelou ainda que, ao assumir o cargo, o secretário omitiu da Comissão de Ética Pública da Presidência da República informações sobre as atividades da FW e os negócios mantidos por ela. Na gestão de Wajngarten, seus clientes passaram a receber porcentuais maiores da verba de propaganda da Secom.
A frente de apuração da PF é a primeira de caráter criminal a ser aberta. Em geral, o prazo inicial de inquéritos é de 30 dias. Segundo relatos feitos à Folha, o Planalto identificou que, nos últimos dias, a crise não tem repercutido bem entre apoiadores do presidente nas redes sociais. Esse é um movimento que costuma preocupar Bolsonaro.
MUDANÇAS – A troca do comando da Secom tem sido encampada por perfis identificados com a direita, que aproveitam o episódio para pregar uma mudança ampla na postura da comunicação institucional. A defesa é pela adoção de um tom incisivo contra os críticos do governo. O discurso é que Wajngarten deveria defender o presidente com a mesma energia com que responde às acusações feitas contra ele.
No governo, há quem veja nas postagens as digitais do grupo ligado ao vereador e filho do presidente, Carlos Bolsonaro (PSC-RJ). Apesar do aumento do desgaste, a aposta dos dois núcleos palacianos é de que, apesar de a saída de Wajngarten ser uma questão de tempo, não ocorrerá em curto prazo. Esse atraso na saída do secretário se deve ao fato de que o presidente deve aguardar a conclusão do inquérito da PF e a do processo administrativo no TCU (Tribunal de Contas da União).
AFRONTA – A corte de fiscalização abriu processo por suposto direcionamento político de verbas de propaganda para TVs consideradas próximas do governo, principalmente Record, SBT e Band —o que afrontaria princípios constitucionais, entre eles o da impessoalidade na administração pública.
Mesmo com os desdobramentos no TCU, no MPF e na PF, no Planalto já são defendidos nomes para substituir Wajngarten, como o do jornalista e youtuber Alexandre Garcia (ex-TV Globo) e do general Otávio Rêgo Barros, porta-voz da Presidência, que há dias não faz um briefing diário.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – A repercussão da crise entre apoiadores de Bolsonaro nas redes sociais, de fato, pode ter, nas entrelinhas, os sussurros de Carlos. Para quem não lembra, no fim do ano passado, o “02” compartilhou no Twitter uma crítica escancarada sobre a atuação da Comunicação do Planalto, sob o comando de Wajngarten, classificando-a como uma “bela porcaria”. Com apoiadores, filhos e membros de equipe que se revezam no tropeços, Bolsonaro não precisa nem de oposição para atrapalhar suas ações. (Marcelo Copelli)
NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – A repercussão da crise entre apoiadores de Bolsonaro nas redes sociais, de fato, pode ter, nas entrelinhas, os sussurros de Carlos. Para quem não lembra, no fim do ano passado, o “02” compartilhou no Twitter uma crítica escancarada sobre a atuação da Comunicação do Planalto, sob o comando de Wajngarten, classificando-a como uma “bela porcaria”. Com apoiadores, filhos e membros de equipe que se revezam no tropeços, Bolsonaro não precisa nem de oposição para atrapalhar suas ações. (Marcelo Copelli)